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Questões-chave do Festival de Cannes 2021

6 de julho de 2021

Com máscaras e testes obrigatórios e sem beijinhos no tapete vermelho, o evento cinematográfico está de volta. Além da pandemia, paridade de gênero e crise climática estão sob os holofotes.

Festival de Cannes 2021
Após ter sido cancelado no ano passado devido à pandemia, Festival de Cannes está de voltaFoto: Brynn Anderson/AP/picture alliance

Após ter tido sua edição presencial cancelada no ano passado devido à pandemia, o Festival de Cinema de Cannes está de volta para celebrar o melhor do cinema mundial.

"Fãs do festival chegaram à França há 10 dias para fazer a quarentena, jornalistas tomaram suas precauções. É tudo muito emocionante. O mundo do cinema está voltando", diz o diretor do festival, Thierry Fremaux.

Nos primeiros meses da pandemia, o Palais des Festivals, o principal local onde ocorre o festival no sul da França, foi equipado com leitos hospitalares; no início deste ano, serviu como um grande centro de vacinação, o "Vaccinodrome".

E agora, depois de ter sido adiado de maio para julho, na esperança de ser realizado em um momento de maior controle sobre a pandemia, o festival de cinema mais famoso do mundo entra em cena a partir desta terça-feira (06/07) e vai até 17 de julho.

Máscaras são obrigatórias em toda a área do festival, assim como testes periódicos para covid-19. E o diretor do evento já avisou que não irá cumprimentar os diretores e as estrelas com os tradicionais beijos nas bochechas.

Mas além da pandemia, problemas como representação feminina e proteção climática têm chamado a atenção.

Quatro diretoras mulheres concorrendo à Palma de Ouro

O número de filmes dirigidos por mulheres na competição principal – neste ano, apenas quatro dos 24 concorrentes – tem sido uma questão recorrente no Festival de Cinema de Cannes.

Em toda a história do festival, nunca houve mais do que quatro mulheres na competição pelo prêmio principal. E somente uma diretora já levou a Palma de Ouro: Jane Campion, com O Piano, em 1993.

Os protestos realizados por mulheres famosas na esteira do movimento #MeToo durante o festival em 2018 não tiveram um impacto perceptível na lista dos competidores, apesar de que agora há mais mulheres nos comitês de seleção.

Como apontou Sophie Monks Kaufman, codiretora do grupo ativista Times Up UK Critics, "estatisticamente, a representação feminina é pior neste ano do que em 2019, já que a lista de competidores cresceu de 21 para 24".

"Quatro mulheres na competição – sou o primeiro a achar que não é suficiente", disse Fremaux, o diretor do festival, à agência de notícias AFP, acrescentando que o festival se posicionou claramente contra cotas.

"Nenhum filme jamais será selecionado com base no gênero, raça ou religião do diretor", disse. "Mas se nós estamos em dúvida entre dois filmes e um deles é de uma mulher, iremos escolher esse. Fazemos o mesmo em relação à geografia. Cannes é um festival universalista."

O "melhor ano de todos" em termos de paridade de gênero?

De qualquer forma, o fato de que outras áreas do festival têm uma seleção mais balanceada, com ceca de 40 mulheres apresentando os seus filmes no programa, levou os organizadores a destacar que a seleção deste ano foi "a melhor de todas ao lado de 2019" em termos de representação de gênero.

Uma afirmação "constrangedora", disse Kaufman.

Três das diretoras que concorrem à Palma de Ouro são francesas: Mia Hansen-Love, com o filme Bergman Island, Catherine Corsini, com La Fracture (The Divide), e Julia Ducournau, com Titane.

A quarta mulher na competição é a diretora húngara Ildiko Enyedi, que venceu o Urso de Ouro de Berlim em 2017 com seu filme Corpo e Alma, que foi indicado ao Oscar. Ela está agora concorrendo ao prêmio principal de Cannes com The Story of My Wife, que tem a atriz francesa Lea Seydoux no papel principal.

A diretora húngara Ildiko Enyedi, que venceu o Urso de Ouro de Berlim em 2017, concorre agora à Palma de OuroFoto: picture-alliance/dpa/G. Fischer

Um júri diverso

Por outro lado, o júri que decidirá a Palma de Ouro representa os esforços do festival para ser mais diverso.

Ele é composto por cinco mulheres e três homens de sete nacionalidades diferentes, vindos de cinco continentes: o diretor e crítico brasileiro Kleber Mendonça Filho, o diretor franco-senegalês Mati Diop, a cantora e atriz francesa nascida no Canadá Mylene Farmer, a atriz e produtora americana Maggie Gyllenhaal, a diretora e roteirista austríaca Jessica Hausner, a atriz francesa Melanie Laurent, o ator francês de ascendência argelina Tahar Rahim e o ator sul-coreano Song Kang-ho.

O júri é presidido pelo diretor americano Spike Lee, o primeiro homem negro a exercer essa função.

Esforços simbólicos pelo planeta

Apesar de o foco no ano passado ter sido o controle da pandemia, a emergência climática segue como o problema mais urgente para a humanidade.

A indústria do cinema, baseada em um padrão de consumo extremo, tem um histórico ruim quando o tema é proteção ambiental.

Apesar disso, o Festival de Cannes adotou novas medidas neste ano para reduzir sua emissão de gás carbônico e produção de lixo.

Ao lado de um programa especial de filmes sobre proteção do clima, garrafas plásticas foram completamente eliminadas, veículos elétricos e híbridos compõem 60% da frota oficial do evento, e até o tamanho do tapete vermelho foi reduzido.

Medida simbólica para preservar o meio ambiente: tapete vermelho menor que o de costumeFoto: ERIC GAILLARD/REUTERS

Apesar das medidas simbólicas, os festivais de cinema são famosos por promover eventos que produzem toneladas de lixo, com estrelas voando de vários lugares do mundo para participar.

O ator Leonardo DiCaprio, que tem se dedicado a campanhas ambientalistas nos últimos anos, protagonizou um episódio com repercussão negativa em 2016, quando pegou um voo particular dos Estados Unidos até o festival para receber um prêmio sobre meio ambiente.

Com as restrições devido à pandemia para viagens ainda afetando diversos países, porém, muitos cineastas não terão nem a opção de voar para o festival neste ano.

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