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Quinta noite de distúrbios tem mais de 700 presos na França

2 de julho de 2023

Paris, Marselha e Lyon foram palcos dos maiores protestos após morte de adolescente por policial. Prefeito de cidade nos arredores de Paris diz que sua mulher e um de seus filhos foram feridos em ataque à sua casa.

Policial de choque correndo atrás de pessoas em calçada, em foto noturnaPolicial de choque correndo atrás de pessoas em calçada, em foto noturnaPolicial de choque correndo atrás de pessoas em calçada, em foto noturna
Tumultos, saques e danos materiais foram registrados especialmente em Paris, Marselha e Lyon.Foto: Nacho Doce/REUTERS

Pelo menos 718 pessoas foram detidas e 45 polícias ficaram feridos na quinta noite consecutiva de distúrbios na França após a morte de um adolescente baleado na terça-feira pela polícia, informou o Ministério do Interior francês neste domingo (02/07).

Numa publicação na conta pessoal na rede social Twitter, o ministro do Interior francês, Gérard Darmanin, disse que, apesar dos incidentes, a madrugada de sábado para domingo foi mais calma que as anteriores, fato que ele atribuiu a uma maior presença das forças de segurança nas ruas.

A onda de protestos obrigou o presidente francês, Emmanuel Macron, a adiar uma visita de Estado à Alemanha agendada para começar neste domingo.

Nas primeiras horas do dia, o Ministério do Interior francês afirmou ter havido cerca de 420 detenções. Às 8h (hora local) a pasta atualizou os números, dando conta da detenção de 718 pessoas, quando no dia anterior, à mesma hora, tinham sido comunicadas 994. No entanto, ainda no sábado, pouco depois, esse número seria atualizado para 1.311.

Tumultos, saques e danos materiais foram registrados novamente, especialmente em Paris, Marselha e Lyon.

Foram registrados 871 incêndios em vias públicas e danos em 74 edifícios, números que representam menos de metade do dia anterior.

Ataque a casa de prefeito

Em L'Haÿ-les-Roses, nos arredores de Paris, manifestantes invadiram com um automóvel a casa do prefeito da cidade, Vincent Jeanbrun, na madrugada de sábado para domingo e depois atearam fogo no veículo. O político disse que sua esposa e um de seus dois filhos ficaram "feridos". Ele estava na prefeitura durante o ocorrido.

Por volta da 1h30 (horário local), enquanto Jeanbrun se encontrava na Câmara Municipal, "tal como há três noites", para fazer face à violência urbana, vândalos "atiraram um veículo blindado contra a sua casa antes de o incendiarem para incendiar a residência", onde a mulher e os dois filhos menores dormiam, declarou, num comunicado publicado no Twitter.

Segundo Jeanbrun, depois de alertado, foi ao tentar "proteger" a família e "escapar aos agressores" que a mulher e uma das crianças ficaram feridas. A polícia abriu um inquérito sobre a tentativa de assassínio, disse uma fonte judicial à agência AFP.

Segundo a fonte, os autores do crime incendiaram um veículo blindado bem como o carro da família do prefeito antes de serem dispersados pela polícia e pelos bombeiros, que "intervieram muito rapidamente".

"Hoje à noite foi atingido um novo nível de horror e de ignomínia [...] Embora a minha prioridade hoje seja cuidar da minha família, a minha determinação em proteger e servir a República é maior do que nunca", disse Jeanbrun.

Contingente de policiais mantido

O ministro do Interior francês anunciou no sábado que seria mantida a mobilização de 45 mil polícias e guardas nacionais para enfrentar uma potencial noite de protestos e tumultos pela morte de Nahel M., um jovem de 17 anos que foi morto com um tiro à queima-roupa por um policial durante uma blitz de trânsito na terça-feira passada.

O enterro do jovem ocorreu neste sábado em Nanterre, nos arredores de Paris, em uma cerimônia privada, a pedido da família, que desejava um dia de "discrição" e "recolhimento".

O policial responsável pela morte foi preso. Uma investigação por homicídio culposo foi aberta contra ele. 

md (EFE, AFP, Lusa)

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