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"Quinto ano da guerra síria foi o pior"

Nik Martin (ek)11 de março de 2016

Conflito completa cinco anos, e grupo de 30 ONGs denuncia aumento drástico na violência nos últimos 12 meses. Relatório aponta que EUA e Rússia também tem responsabilidade no agravamento da crise humanitária no país.

Syrien Ruinen Homs
Foto: picture-alliance/dpa

Um grupo de 30 ONGs publicou nesta sexta-feira (11/03), dia em que a guerra civil da Síria completa cinco anos, um parecer sobre os últimos doze meses de conflito, descrevendo-os como o pior ano até então. O texto contabiliza pelo menos 50 mil mortos e quase um milhão de civis forçados a abandonar suas casas.

O relatório, assinado por organizações como Care International, Oxfam, ActionAid, Save the Children e vários grupos sírios, afirma que cerca de 200 mil casas foram parcialmente ou completamente destruídas no período, o que representa um aumento de 20% em relação a 2014.

Ainda segundo o parecer, intitulado "Fueling the Fire" (Pondo lenha na fogueira, em tradução livre), cerca de 1,5 milhão de pessoas passaram a precisar de ajuda humanitária, e 400 mil crianças deixaram de ir à escola por conta da violência no país.

Críticas a Rússia e EUA

Embora lembre que uma trégua parcial já é realidade em certas regiões da Síria desde 27 de fevereiro, o relatório atesta que algumas resoluções do Conselho de Segurança da ONU têm sido constantemente desrespeitadas por partes do conflito.

O texto também cita vários países-membros do Conselho de Segurança que, através de sua ação militar direta, têm "colocado lenha na fogueira" da guerra civil síria.

"O quinto ano do conflito da Síria foi o pior para as pessoas até então, uma vez que as partes em guerra continuaram a causar estragos, bloqueando cada vez mais a entrada de ajuda e sitiando ainda mais comunidades", escreveram os autores do parecer.

O documento de 33 páginas destaca ainda que a campanha aérea russa, que teve início em setembro, atingiu e danificou diretamente a infraestrutura civil, com relatos de milhares de civis entre as vítimas. Segundo o texto, o apoio de Moscou ao regime do presidente Bashar al-Assad incluiu a remessa de armas e munição aos militares sírios.

Da mesma forma, diz o texto, a coalizão internacional liderada pelos Estados Unidos causou mortes e diversos danos em regiões civis da Síria, por meio de seus bombardeios aéreos, além de ter sido culpada por fornecer armamento a uma série de grupos de oposição sírios.

França e Reino Unido, que mais tarde se juntariam à coalizão americana, também sofreram duras críticas, por ter gasto centenas de milhões de dólares na compra de armas, por exemplo.

"Acabem com o sofrimento"

O texto denuncia que, em 2015, as organizações de ajuda humanitária enfrentaram sérios problemas para prestar socorro às áreas sitiadas na Síria, citando um aumento de 44% nos ataques contra unidades de saúde no país.

"Em 2015, assistiu-se ao maior número de ataques a hospitais num único ano, com pelo menos 112 atentados contra estabelecimentos médicos", afirma Ahmad Tarakji, chefe da Sociedade Médica Sírio-Americana (Sams, na sigla em inglês).

O relatório desta sexta-feira diz que todas as partes – incluindo os membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU – têm responsabilidade direta pelas terríveis consequências desencadeadas pela guerra da Síria.

Os autores apelam para que essas partes "garantam o fim da violência e do sofrimento", além de "viabilizar uma paz sustentável e justa".

Desde a eclosão do conflito, em 11 de março de 2011, mais da metade dos 22,4 milhões de cidadãos sírios foram obrigados a deixar suas casas ou país.

Em agosto de 2015, as Nações Unidas estimaram que o número total de mortos em quase cinco anos de guerra civil já ultrapassava 250 mil pessoas.

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