Réplica de altar destruído pelo EI é revelada na Síria
23 de abril de 2019
Teto ornamentado do Templo de Bel, em Palmira, foi reconstruído graças a tecnologia 3D. Monumento de quase 2 mil anos de idade foi alvo do grupo extremista em 2015.
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O Museu Nacional de Damasco revelou nesta terça-feira (23/04) uma réplica, construída por arqueólogos italianos, de parte do altar de um templo destruído por militantes do "Estado Islâmico" (EI) na antiga cidade síria de Palmira.
Antes do início da guerra civil no país, em 2011, o Templo de Bel, de quase 2 mil anos de idade, era uma das joias do rico acervo de monumentos históricos da Síria, abrangendo inúmeras civilizações.
O "Estado Islâmico" conquistou Palmira em maio de 2015 e demoliu muitas de suas antigas estruturas e objetos, além de realizar saques para ajudar a financiar suas operações.
A estrutura ornamentada do altar de pedra do templo foi destruída em outubro de 2015, mas uma equipe italiana reconstruiu seu teto usando imagens em 3D e cantaria especializada.
"[A réplica] é idêntica à peça original em todos os seus detalhes e decorações, porque a técnica 3D é muito avançada", disse Mamoun Abdul Karim, ex-chefe do departamento de antiguidades do governo sírio. "Mas não substitui o objeto original", acrescentou.
O novo altar tem 4 metros de comprimento por 1,5 metro de largura. Ele foi construído com uma combinação de plástico e pedra polida, disse à agência Reuters Frances Pinnock, da Universidade Sapienza de Roma, chefe da equipe científica que trabalhou no processo de construção.
Pinnock disse ainda que os cientistas propuseram a construção de uma réplica como uma resposta emocional à destruição do teto, mas também para ver se era cientificamente possível construir o que foi perdido.
Abdul Karim pediu à comunidade internacional que, a fim de restaurar Palmira, faça o mesmo esforço que tem sido observado pela Catedral de Notre-Dame, em Paris, danificada em um incêndio na semana passada.
"É uma responsabilidade internacional", argumentou.
O Templo de Bel, datado de 32 d.C., era dedicado ao deus mesopotâmico Bel e correspondia o centro da vida religiosa em Palmira de então.
IP/rtr/ots
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Ruínas dessa antiga cidade são testemunhas de tempos de glória e uma importante herança cultural. Elas estão ameaçadas pela guerra civil na Síria e pela presença do "Estado Islâmico".
Foto: picture-alliance/dpa/Scholz
Ruínas de um passado glorioso
No meio do deserto da Síria ficam as ruínas da antiga cidade de Palmira, que em tempos passados floresceu graças ao comércio. Por centenas de anos, caravanas de comerciantes passaram pela cidade, seguindo a chamada Rota da Seda, que ia até a China. Quando os tempos áureos viraram história, as areias do deserto acabaram tomando conta a cidade.
Foto: Fotolia/bbbar
Templo de Bel
Esta construção foi erguida para um grande deus mesopotâmio. No primeiro século depois de Cristo, os habitantes de Palmira construíram um tempo em estilo romano para a divindade Bel. O custo da obra teria sido arcado pelos romanos, em agradecimento pela adesão da cidade ao Império Romano. As paredes do templo carregam marcas de balas, resultado da guerra civil na Síria.
Foto: picture-alliance/blickwinkel/F. Neukirchen
Caminho das preciosidades
Esta avenida marcada por colunas tem quase um quilômetro de extensão e foi construída no século 2. Na entrada está o Arco de Adriano, erguido em homenagem ao imperador romano. O estilo greco-romano estava na moda na época, com alguns arabescos orientais. Pela estrada eram transportados temperos, perfumes, pedras preciosas e outros tesouros.
Foto: Louai Beshara/AFP/Getty Images
Monumento em estilo romano
Este tetrápilo fica num cruzamento de ruas. São quatro nichos cobertos, cada um deles formado por quatro colunas de granito rosa, extraído das pedreiras da cidade egípcia de Assuã. Antigamente, os nichos abrigavam estátuas. Quase todas as colunas foram reconstituídas. Apenas uma é original.
Foto: Fotolia/waj
Deus do vento
O deus do vento se chamava Baal-Shamin. De fato, o templo dele foi menos deteriorado pelas tempestades de areia do que os templos fúnebres localizados no outro extremo da avenida das colunas. Acredita-se que o templo tenha sido construído pelos fenícios, que posteriormente ocuparam a região. Não se sabe ao certo, porém, quando exatamente ele foi construído.
Foto: picture-alliance/dpa/Scholz
Dramas orientais
Palmira tinha muitas características de uma cidade greco-romana: as colunas, as termas e também o anfiteatro. No palco dele, que era a fachada de um palácio, eram encenados dramas orientais. As peças, escritas em aramaico, se perderam. O teatro também era usado como palco de lutas de gladiadores e de animais.
Foto: picture-alliance/dpa/M. Marczok
Fórum da classe alta
Estas colunas da ágora, o espaço público central da cidade, ostentavam 200 estátuas que homenageavam as figuras mais poderosas da elite de Palmira. Na parte sudoeste da ágora estão as ruínas de uma construção que possivelmente serviu para as reuniões do conselho da cidade. Dele faziam parte as mais influentes famílias de comerciantes, aquelas que definiam os rumos de Palmira.
Foto: picture-alliance/Robert Harding World Imagery/C. Rennie
Túmulos luxuosos
Do lado de fora da cidade há vários mausoléus. Famílias importantes construíam torres altas, com espaço para os mortos de várias gerações. As últimas moradas de alguns representantes dessas famílias são sarcófagos ricamente ornamentados. Há ainda diversos sepulcros subterrâneos, adornados com afrescos. As sepulturas são um testemunho do cotidiano e das riquezas dos tempos áureos.
Foto: Imago/A. Schmidhuber
Ameaçada pela guerra
No século 3, Palmira se tornou uma base militar. A queda da rainha Zenóbia deu origem a uma reviravolta no poder. Os tempos áureos ficaram para trás, o brilho da cidade começou a ser apagado pela areia. Desde 2001, as ruínas sofrem as consequências da guerra civil na Síria. A nova ameaça são os jihadistas do "Estado Islâmico".