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EsporteRússia

Rússia é banida de eventos esportivos mundiais por 2 anos

17 de dezembro de 2020

Corte suaviza pena anterior por manipulação de dados em investigação antidoping. Atletas russos poderão competir em Jogos Olímpicos como neutros, ainda que com as cores e o nome do país impresso nos uniformes.

Bandeira russa em frente aos anéis olímpicos
Atletas foram autorizados a usar uniformes com as cores da bandeira russaFoto: picture-alliance/dpa/AP Photo/File /J. Phillip

A Rússia não poderá usar seu nome, sua bandeira e seu hino nos Jogos Olímpicos de Tóquio em 2021 e nos Jogos Olímpicos de Inverno de 2022, em Pequim, nem em nenhum outro campeonato mundial pelos próximos dois anos, incluindo a Copa do Mundo de 2022, no Catar, decidiu nesta quinta-feira (17/12) o Tribunal Arbitral do Esporte (CAS, na sigla em inglês).

A corte, sediada na cidade suíça de Lausanne, reduziu à metade o banimento de quatro anos aos russos que havia sido decidido no ano passado pela Agência Mundial Antidoping (Wada, na sigla em inglês), em um processo que acusou a Rússia de manipular, por ordem do governo, bases de dados de um laboratório de testes em Moscou.

Uma vitória para a Rússia foi que os atletas e as equipes poderão competir nos eventos esportivos mundiais se eles não tiverem sido banidos ou suspensos por doping. Os times poderão manter em seus uniformes as cores da bandeira do país, vermelho, branco e azul, e o nome "Rússia" poderá ser grafado neles se as palavras "Atleta Neutro" ou "Equipe Neutra" tiverem igual destaque.

A corte também retirou o ônus da prova de demonstrar que não usam doping dos atletas russos e o repassou à Wada durante as checagens para os Jogos Olímpicos ou outros eventos esportivos.

Mesmo com essas concessões, os três juízes do CAS impuseram as penalidades mais severas à Rússia desde que acusações de doping e ocultação promovidos pelo governo russo surgiram, após os Jogos Olímpicos de Inverno na cidade russa de Sóchi, em 2014. No ano seguinte à competição, um relatório de uma comissão independente criada pela Wada alertou para o uso de doping em grande escala.

Vários atletas russos tiveram que ficar de fora dos últimos Jogos Olímpicos, e o país não pôde participar dos Jogos de Inverno de 2018 como punição pelos casos de doping promovidos e acobertados pelo governo nos Jogos de Inverno de 2014. Os atletas russos puderam competir individualmente, sem representar oficialmente a bandeira de seu país.

O processo concluído nesta quinta-feira baseou-se em acusações de que agências governamentais russas haviam alterado e deletado partes da base de dados de um laboratório de testagem antes de entregá-la aos investigadores da Wada no ano passado.

O presidente da Wada, Witold Banka, saudou a decisão da corte, apesar de o banimento ter sido reduzido para dois anos. "Os juízes claramente confirmaram as nossas conclusões, de que as autoridades russas, de forma ousada e ilegal, manipularam os dados do Laboratório Moscou para esconder um esquema institucionalizado de doping", disse Banka.

Multa para os russos

O processo no CAS opôs a Wada à agência antidoping russa (Rusada), que havia se recusado a aceitar o banimento por quatro anos. A Rusada também foi condenada a pagar à Wada 1,27 milhão de dólares para cobrir custos de investigação, 100 mil de dólares de multa e 452 mil dólares de custos legais.

A agência russa ainda pode apelar à Suprema Corte da Suíça, também em Lausanne. O CEO da Rusada, Mikhail Bukhanov, disse que "parece que nem todos os argumentos apresentados por nossos advogados foram ouvidos".

No extrato da decisão, os juízes afirmaram que a decisão de aplicar punições menos severas do que as pretendidas pela Wada "não deve ser lida como uma validação da conduta da Rusada ou das autoridades russas".

A sentença permite que autoridades governamentais russas, inclusive o presidente Vladimir Putin, participem de grandes eventos esportivos se convidadas pelo chefe de Estado do país anfitrião.

Agência dos EUA condena decisão

A agência antidoping dos Estados Unidos criticou a decisão do CAS, definindo-a como uma "tragédia" para a luta mundial contra trapaças nos esportes, e um resultado "fraco e repleto de brechas".

O chefe da agência americana, Travis Tygart, afirmou que o veredito significava uma perda significativa para a Wada e para atletas que não recorrem ao doping, já que os atletas russos poderiam continuar competindo usando uniformes com as cores da Rússia, com a palavra "Rússia" impressa, e que autoridades russas poderiam ir aos eventos se convidadas pelos países anfitriões.

BL/ap/afp