Ucrânia admite situação difícil, mas afirma que tropas do país ainda mantém controle da cidade. Região é palco de intensos combates intensos.
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Depois de semanas de intensos combates, a Rússia anunciou nesta sexta-feira (13/01) a conquista de Soledar. O anúncio foi, porém, desmentido pela Ucrânia, que afirmou que a luta pela cidade de mineração de sal continua. Nos últimos dias, houve uma guerra de versões entre Kiev e Moscou e declarações contraditórias sobre o controle de Soledar.
O Ministério da Defesa russo disse que Soledar foi tomada na noite de quinta-feira e que a conquista era importante para a continuidade da ofensiva em Donetsk, pois permitirá a Moscou cortar as linhas de abastecimento para as forças ucranianas em Bakhmut.
No comunicado, o ministério creditava a alegada captura da cidade a tropas russas, sem mencionar o papel do grupo mercenário russo Wagner, cujo líder Yevgeny Prigozhin tinha anunciado há dois dias a tomada de Soledar. Na declaração, Prigozhin tinha alegado ainda que os combatentes estavam sendo travados exclusivamente pelos seus homens.
Ucrânia nega queda de Soledar
Pouco depois da declaração russa, a Ucrânia negou a queda da cidade. "Ainda há combates violentos em Soledar", disse Sergei Cherevaty, um porta-voz do exército ucraniano. Ele admitiu, no entanto, que embora Kiev mantivesse a situação em Soledar sob controle, as forças ucranianas estão "em condições difíceis".
A Ucrânia também afirmou quer Soledar se tornou um dos campos de batalha mais sangrentos de toda a guerra, que está prestes a completar um ano.
Agências de notícia não conseguiram confirmar independentemente as reinvindicações dos dois lados.
Se confirmada a queda, Soledar seria a primeira cidade tomada pela Rússia na região de extração de carvão do Donbass desde meados do ano passado, depois de meses de derrotas nos campos de batalha e de grandes retiradas na região de Kharkiv, no nordeste da Ucrânia, e de Kherson, no sul.
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Importância de Soledar
A localização de Soledar, cerca de 15 quilômetros a nordeste do centro administrativo do distrito, Bakhmut, torna a cidade de extrema importância do ponto de vista militar. Tanto Soledar quanto a cidade de Bakhmut vêm sendo alvo de ataques constantes desde que a Rússia invadiu a Ucrânia, em 24 de fevereiro de 2022.
Forças russas, sobretudo mercenários da milícia privada Wagner, tentam conquistar Bakhmut desde meados do ano passado. Seu progresso inicial foi lento, mas, agora em janeiro, o quadro mudou dramaticamente. A queda de Soledar poderá fazer com que a ameaça de um cerco a Bakhmut cresça significativamente.
Bakhmut, que foi conhecida pelo nome de Artemivsk (em homenagem ao líder bolchevique e amigo próximo de Josef Stalin, Camarada Artyom) entre 1938 e 2016, também é de importância estratégica crucial. A cidade fica à beira da estrada E40, na metade do caminho entre Kharkiv, a segunda maior cidade da Ucrânia, e Rostov do Don, na Rússia.
Conquistar Bakhmut abriria o caminho para as tropas russas avançarem em direção ao oeste, sobretudo para Kramatorsk, uma importante cidade industrial e administrativa na região de Donetsk e que ainda é controlada pelas forças ucranianas.
Minas de Soledar
Soledar também é mundialmente conhecida por suas minas de sal. A extração de sal de cozinha ocorre desde o final do século 19 na localidade, que fazia então parte do Império Russo. O povoado foi declarado cidade em 1965 e chamado de Karlo-Libnekhtovsk, em homenagem ao cofundador do Partido Comunista alemão, Karl Liebknecht. A cidade é conhecida pelo nome Soledar – que significa "a dádiva do sal", em russo – desde 1991.
Antes da invasão da Ucrânia pela Rússia em fevereiro passado, mais de 10 mil pessoas viviam em Soledar. Em Bakhmut, eram sete vezes mais. As duas cidades foram controladas por separatistas pró-Rússia no início de 2014, mas depois foram libertadas por forças ucranianas.
Antes da invasão russa, a empresa estatal Artemsil, com sede em Soledar, fornecia 90% do sal consumido na Ucrânia. A extração foi interrompida com a chegada das tropas russas, e a Ucrânia está sendo forçada a importar sal do exterior.
cn (Reuters, AP, lusa)
Os fatos que marcaram 2022
Ano foi marcado por acontecimentos como a guerra na Ucrânia, extremos climáticos, desdobramentos da pandemia de covid-19 e protestos de mulheres no Irã.
Foto: YASIN AKGUL/AFP/Getty Images
Uma nova guerra na Europa
A guerra de agressão russa contra a Ucrânia foi o tema dominante do ano: em 24 de fevereiro, as tropas de Vladimir Putin invadiram o país vizinho. E a Europa voltou a ter uma guerra. Segundo a ONU, até dezembro, ela custou ao menos 6.755 vidas entre a população civil ucraniana. Cerca de 8 milhões de ucranianos fugiram do país.
Foto: AFP
Vidas destruídas
Uma gestante ferida é retirada dos escombros da maternidade de Mariupol, na Ucrânia. A mulher e seu bebê morreram. O ataque russo à clínica é considerado um crime de guerra. O subúrbio de Bucha, em Kiev, também ganhou notoriedade: segundo fontes ucranianas, mais de 400 corpos foram encontrados lá depois que os russos se retiraram, quase todos civis. A Rússia nega o massacre.
Foto: Evgeniy Maloletka/AP/picture alliance
Levante contra os aiatolás
"Mulher, vida, liberdade" é o lema da luta do povo iraniano contra o regime repressivo dos mulás. Os protestos foram desencadeados pela morte de Jina Mahsa Amini, que morreu sob custódia da polícia em setembro. No funeral dela, muitas mulheres tiraram os lenços da cabeça, o que marcou o início da revolta nacional. No 40º dia após sua morte, milhares visitaram o túmulo de Amini, como se vê na foto.
Foto: UGC/AFP
Golpe contra os direitos da mulher
No final de junho, a Suprema Corte americana revogou os direitos de aborto nos Estados Unidos, tornando-o proibido em muitos estados. O resultado foram protestos maciços contra o veredicto. Na foto, mulheres com "chapéus" cor-de-rosa protestam diante da Suprema Corte. "Hoje, as mulheres têm menos direitos do que suas mães", criticou a democrata Nancy Pelosi.
Foto: ANDREW CABALLERO-REYNOLDS/AFP/Getty Images
Tapa do ano
Escândalo durante a entrega do Oscar: no palco, o ator Will Smith deu um tapa no comediante Chris Rock depois que ele fez uma piada sobre a cabeça raspada da esposa de Smith, Jada Pinkett. A atriz sofre de uma doença rara que causa queda de cabelo. Smith mais tarde se desculpou.
Foto: BRIAN SNYDER/REUTERS
Calor extremo seguido de inundações
Primeiro veio o calor, depois a água: a Índia e o Paquistão sofreram com uma onda de calor sem precedentes de quase 50 graus Celsius. Em agosto, a região foi atingida por inundações devastadoras, especialmente o Paquistão: um terço do país chegou a ficar submerso. As responsáveis são as mudanças climáticas provocadas pelo homem, que intensifica os eventos climáticos extremos.
Foto: AFP
Europa em chamas
2022 foi marcado pelas mudanças climáticas também na Europa, onde estiagens e secas persistentes causaram incêndios florestais devastadores, como no sudoeste da França. O verão na Europa foi o mais quente desde que são registrados dados meteorológicos e causou dezenas de milhares de mortes relacionadas ao calor. Grandes rios como o Reno e o Loire chegaram a secar completamente em alguns pontos.
Foto: AP Photo/picture alliance
Lutar e não resignar
Desde meados do ano, organizações de proteção do clima como "Last Generation" e "Extinction Rebellion" têm provocado manchetes com ações drásticas. Ativistas protestam derramando molho de tomate em obras de arte em museus. E bloqueiam ruas e aeroportos para paralisar as operações - como aqui no Aeroporto Schiphol, de Amsterdã, no início de novembro.
Foto: REMKO DE WAAL/ANP/AFP
O nascimento das estrelas
Ele pode ver o passado até logo após o Big Bang, 13 bilhões de anos atrás, e observar a formação de galáxias: em meados do ano, o telescópio James Webb começou a enviar imagens espetaculares como esta, de montanhas e vales repletos de estrelas, que na verdade são a borda de uma jovem região de formação de estrelas na Nebulosa Carina. A Nasa batizou a imagem "Penhascos Cósmicos".
Foto: NASA, ESA, K. Sahu (STScI)
Fim de uma era
Em 8 de setembro, a rainha Elizabeth 2ª morreu no Castelo de Balmoral, na Escócia. A monarca de 96 anos ocupou o trono britânico por sete décadas, mais tempo do que qualquer um antes dela. Ela comemorou 70 anos no trono em fevereiro de 2022. A morte foi acompanhada de mensagens de pesar e simpatia de todo o mundo - aqui, a Ópera de Sydney é iluminada com um retrato de Elizabeth 2ª.
Foto: ROBERT WALLACE/AFP/Getty Images
Aparência enganosa
O sol é refletido no estádio Lusail em Doha, enquanto pesam acusações de trabalhadores estrangeiros que perderam a vida na construção dos estádios da Copa no Catar. Nunca antes um Mundial de Futebol foi tão controverso como o deste ano no emirado: onde não há eleições livres nem mídia independente, os homossexuais são perseguidos, os direitos das mulheres são restritos.
Foto: KARIM JAAFAR/AFP/Getty Images
Agonia no Afeganistão
Desde que o Talibã tomou o poder em agosto de 2021, a situação humanitária no Afeganistão se deteriorou extremamente: mais da metade da população não consegue mais se alimentar adequadamente. Como esta mulher mendigando na neve com o filho. As mulheres e meninas sofrem particularmente: são discriminadas em todas as áreas da vida e não podem mais frequentar escolas e universidades.
Foto: ALI KHARA/REUTERS
Desinfetante contra o vírus
A covid-19 prosseguiu, embora as restrições e medidas de proteção tenham sido reduzidas em muitos países. Menos na China, onde a população continuou sofrendo sob a rigorosa estratégia de covid zero de Pequim: blocos de apartamentos foram hermeticamente fechados, e pessoas infectadas, mesmo crianças, presas em acampamentos. Após protestos maciços, o governo flexibilizou as exigências em dezembro.
Foto: Pan Yulong/dpa/XinHua/picture alliance
Somos 8 bilhões no planeta
Em meados de novembro, a humanidade ultrapassou a marca dos 8 bilhões de pessoas. A maior parte da população mundial - quase 60% - vive na Ásia. Assim como esta mulher que balança alegremente o cabelo no festival indiano de cores "Holi". O crescimento populacional está diminuindo em todo o mundo: as mulheres estão tendo menos filhos, e a expectativa de vida também caiu devido à pandemia de covid.
Foto: Amit Dave/REUTERS
Messi realiza seu sonho
A polêmica Copa do Mundo no Catar teve um desfecho que não poderia ter um roteiro mais cinematográfico. A Argentina derrotou a França nos pênaltis e conquistou o tricampeonato mundial de futebol. A estrela indiscutível da decisão foi Lionel Messia, que aos 35 anos foi também o melhor jogador da Copa e grande responsável pelo título, ao conduzir a seleção argentina até a grande final.