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Rússia anuncia retirada de tropas de Kherson

9 de novembro de 2022

Ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu, teria acatado recomendações do general que comanda o exército de Moscou na Ucrânia. Presidente Zelenski suspeita de falsa retirada para ganhar vantagem.

Um soldado está em pé, no lado de fora de um tanque, que tem o canhão apontado na direção do fotógrafo. No veículo, é possível ver bandeiras da Ucrânia.
Contraofensiva do exército da Ucrânia na região de Kherson, no sul, começou em meados do anoFoto: Metin Aktas/AA/picture alliance

Os contra-ataques ucranianos frente ao exército russo na região de Kherson parecem ter sido mesmo bem-sucedidos. Nesta quarta-feira (09/11), o ministro da Defesa da Rússia, Sergei Shoigu, anunciou a retirada das suas tropas da margem ocidental do rio Dnipro, no sul da Ucrânia.

O anúncio marca um dos mais significativos recuos russos e também um momento potencialmente crucial na guerra, que completa nove meses no fim de novembro: a invasão da Rússia na Ucrânia começou no dia 24 de fevereiro.

"A vida e a saúde dos soldados da Federação Russa sempre foram uma prioridade", justificou Shoigu. O comandante das tropas russas na Ucrânia, general Sergei Surovikin, relatou recentes bombardeios pesados ucranianos tanto em Kherson quanto em localidades próximas.

Surovikin teria relatado ao Ministério da Defesa a impossibilidade de entregar mantimentos na cidade e em áreas vizinhas à margem ocidental do Dnipro, onde o exército russo se encontra. Por isso Shoigu teria concordado com a proposta de retirar as tropas e organizar as defesas na margem oriental. "Proceda com a retirada das tropas e tome todas as medidas para assegurar o transporte seguro de pessoal, armas e equipamentos para o outro lado do rio Dnipro", foi sua ordem.

Autoridades ucranianas, no entanto, não confirmaram a movimentação. O presidente Volodimir Zelenski, inclusive, sugeriu há alguns dias que os russos poderiam estar fingindo uma retirada de Kherson a fim de atrair as forças ucranianas para novas batalhas. Zelenski também chamou de "teatro" as tentativas de convencer um número estimado em mais de 100 mil civis ucranianos a se deslocarem para territórios controlados pela Rússia, por exemplo a margem oriental do rio Dnipro.

Kherson protagoniza contraofensivas

A cidade de Kherson foi tomada pelas tropas russas em 3 de março. Em 30 de setembro, a Rússia anexou o município e a região que tem o mesmo nome, além de outras três áreas: Zaporíjia, também no sul, e Donetsk e Lugansk, no leste. Três dias antes, Moscou havia alegado vitórias maciças em favor das anexações em "referendos" que foram rechaçados pela comunidade internacional.

Com uma população pré-guerra de 280 mil habitantes, Kherson foi a única capital regional tomada pelos russos desde o início da invasão. No entanto em agosto forças ucranianas iniciaram contraofensivas que provocaram violentos combates na região.

Pouco mais de duas semanas depois, em 12 de setembro, autoridades relataram que o exército ucraniano havia retomado mais de 20 localidades, com uma área total calculada em 3 mil quilômetros quadrados. Estima-se que mais de 70 mil civis tenham sido evacuados da província de Kherson em outubro, juntamente com membros de um governo pró-Moscou instalado na região.

Bombardeios de alvos civis têm sido constantesFoto: Metin Aktas/AA/picture alliance

Batalhas também em outras regiões

Entre terça e quarta-feira, registraram-se batalhas e bombardeios pesadosem diversos vilarejos e cidades ucranianas. Pelo menos nove civis morreram e outros 24 ficaram feridos em 24 horas, segundo informações do gabinete presidencial da Ucrânia, que acusou a Rússia de usar explosivos por meio de drones, mísseis, artilharia pesada e aeronaves para atacar oito regiões no sudeste. Forças ucranianas e russas teriam se enfrentado também na cidade de Snihurivka, a cerca de 50 quilômetros ao norte de Kherson.

O governo ucraniano informou que continuam os ataques russos generalizados contra sistemas de energia. Cidades próximas à usina nuclear de Zaporíjia, a maior da Europa, teriam sido atingidas. Mais de 20 prédios residenciais, um edifício industrial, um gasoduto e um cabo de energia foram danificados em Nikopol. Na região de Dnipropetrovsk, o governo local relatou massivos ataques noturnos com drones de fabricação iraniana que feriram quatro trabalhadores de uma empresa de energia.

"Os ataques à infraestrutura civil são crimes de guerra. O Kremlin está em guerra com os civis ucranianos, tentando deixar milhões sem água e luz, para congelarem no inverno", condenou o governador Valentyn Reznichenko.

gb/av (Reuters, AP, DPA)

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