Rússia aprova projeto mais severo contra população LGBTQ
24 de novembro de 2022
Texto proíbe o que o governo considera como "propaganda" LGBTQ em livros, filmes, cinema e anúncios publicitários. Multa será de até 10 milhões de rublos (R$ 880 mil).
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Enquanto tropas russas lutam na Ucrânia e o Kremlin bombardeia infraestruturas civis de diversas cidades do país vizinho, parlamentares da Rússia aprovaram por unanimidade nesta quinta-feira (24/11) um projeto de lei que proíbe qualquer tipo de "propaganda" relacionada à causa e ao movimento LGBTQ.
A Rússia já aplica uma legislação estrita contra o que o governo chama de "propaganda" quanto a relações LGBTQ, focada na população menor de idade. O novo projeto de lei aumenta ainda mais as restrições ao incluir também a população adulta.
Ativistas afirmam que o texto reforça a repressão às relações sexuais "não tradicionais" na Rússia, afetando diversas formas de mídia, como livros, filmes, cinema, anúncios e até posts em redes sociais.
O projeto foi aprovado pela Duma, a câmara baixa do Parlamento, e proíbe também "a propaganda da pedofilia e da mudança de sexo".
"Qualquer propaganda de relações não tradicionais terá consequências", afirmou o presidente da Duma, Vyacheslav Volodin, em canais de mídias sociais, argumentando que o texto "protegerá nossos filhos e o futuro de nosso país da escuridão espalhada pelos Estados Unidos e pela Europa".
O projeto ainda precisa ser aprovado pela câmara alta e também pelo presidente da Rússia, Vladimir Putin, antes de se tornar lei – passos vistos meramente como formalidade, já que Putin tem promovido o país como uma antítese dos valores liberais e impulsionando uma agenda cada vez mais conservadora.
As "consequências" às quais Volodin se refere são baseadas em multas pesadas que podem chegar a até 10 milhões de rublos (R$ 880 mil) para quem violar as proibições.
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Ativistas devem sofrer mais pressão
Ativistas creem que a nova legislação proibirá efetivamente toda a promoção pública dos direitos LGBTQ na Rússia. "Nosso plano é proteger as pessoas dessa lei absurda. As pessoas LGBTQ não estão saindo [do país]. Elas precisam da nossa ajuda e do nosso apoio", afirmou Natalia Soloviova, presidente da organização russa Network LGBT, à agência de notícias AFP.
Além das multas, os ativistas acreditam que outras punições podem passar a ser aplicadas indiscriminadamente. Soloviova acredita que ela e outros integrantes do movimento LGBT russo sofrerão "mais pressão" e que ocorrerá "um aumento no número de sites bloqueados, [além de] censura generalizada na mídia, no cinema e em outras indústrias".
Dilya Gafurova, chefe do grupo de direitos LGBTQ Sphere Foundation, considera "perturbador que o Estado esteja dizendo que as pessoas LGBT+ são uma invenção ocidental", e alertou sobre os possíveis efeitos da "demonização de um grupo inteiro".
"Não há nada de errado conosco e nada que precise ser abafado", afirmou, acrescentando que é impossível "tirar nossa voz".
gb/bl (AFP)
Dia do Orgulho Gay de Berlim: United in Love
CSD retorna à capital alemã sem restrições da pandemia, após dois anos. Cerca de 500 mil LGBTQIs abordam temas políticos atuais, não esquecendo de se divertir e "aparecer" – muito!
Foto: Imago Images/A. Friedrichs
Berlim é de todas as cores
"Unidos/as no Amor – Contra ódio, guerra e discriminação" é o slogan do Dia do Orgulho Gay – ou CSD, Christopher Street Day, como é chamado na Alemanha. Neste 23 de julho de 2022, cerca de meio milhão de LGBTQIs e suas/seus aliadas/os se reúnem em Berlim em nome da aceitação social e da diversidade.
Foto: Imago Images/A. Friedrichs
Sob a bandeira da diversidade
Pela primeira vez num CSD, também a sede do Bundestag, o parlamento federal alemão, ostenta a bandeira do arco-íris. Como anunciou em videomensagem a presidente do órgão legislativo, a social-democrata Bärbel Bas, desse modo se ergue uma "bandeira pela tolerância e diversidade". E fica visível para todos que "gays, lésbicas, bi-, trans- e intersexuais são uma parte valiosa do nosso país".
Foto: Leon Kuegeler/photothek/IMAGO
Até que enfim: festa!
Após um ano sob severas restrições para reuniões em massa, em 2022 toda a cena queer e seus simpatizantes, os "queer allies", podem se reunir de forma, relaxados e irrestritos, na Parada do Orgulho Gay da capital alemã. Antes do começo do desfile, os participantes se concentram num clima de verão e sob um sol radiante.
Foto: Christoph Soeder/dpa/picture alliance
Tudo começou em Stonewall
O nome Christopher Street Day se refere à rua de Nova York onde, em 28 de junho de 1969, corajosos membros da comunidade queer foram às ruas para reagir contra os abusos policiais num bar onde se reuniam, o Stonewall Inn. Os indivíduos de cor eram as principais vítimas das batidas violentas e arbitrárias nos locais gays.
Foto: AP/picture alliance
1979: primeiro CSD de Berlim
Em grande parte do mundo a data é comemorada como Gay Pride, ou Dia do Orgulho Gay. Dez anos após a revolta de Stonewall, homossexuais de ambos os sexos desfilaram pela primeira vez em Berlim Ocidental, sob os lemas "Conte para o mundo que você é gay" e "Lésbicas, ergam-se, e mundo vai ver quem vocês são!". Em 1979 eram apenas 400 participantes; 40 anos mais tarde são mil vezes mais.
Foto: Str/REUTERS
Sob as asas da Vitória
Como de praxe, a Parada do Orgulho Gay atravessa vários sub-bairros – ou "kieze" – de Berlim, como a Leipziger Strasse, a praça Potsdamer Platz e o tradicional "Regenbogenkiez", o "Bairro do Arco-Íris", em Schöneberg. E de lá, para o Portão de Brandemburgo, passando pela rotunda Grosser Stern, com a Siegessäule, a Coluna da Vitória, ao centro.
Em 2022 cadastraram-se para participar do desfile 96 caminhões e 80 blocos a pé: segundo os organizadores, um recorde absoluto na história do Christopher Street Day. Abrindo a carreata, cinco veículos da Associação CSD chamam a atenção para as temáticas centrais do evento.
Foto: Emmanuele Contini/imago images
Megafone para temáticas políticas
Temas como crime e discurso de ódio, educação e esclarecimento, trabalho e diversidade, famílias arco-íris, espaços reservados trans, inter e outros, solidariedade internacional e a Copa do Mundo de Catar constam da agenda política do CSD de Berlim.
Foto: picture-alliance/dpa/A. Blum
Plumas, paetês, suor e imaginação
Mas nem tudo pode ser política e seriedade numa Parada do Orgulho Gay: afinal, para muitos, trata-se, acima de tudo, de um evento para se divertir e brilhar. Cada fantasia é mais exuberante excêntrica do que a outra, muitas vezes fabricadas em longo e meticuloso trabalho à mão. Mas vale a pena: a recompensa vem na hora de posar para as câmeras.
Foto: Christoph Soeder/dpa/picture alliance
Ameaça da varíola dos macacos
Embora em 2022 não haja mais restrições ditadas pela pandemia de covid-19, o tema saúde permanece presente. Os organizadores do CSD estão alarmados com o aumento dos casos de varíolas dos macacos, e advertem sobre o risco dos contatos corporais indiscriminados. Preservativos não oferecem proteção suficiente.