Negócios olímpicos
14 de julho de 2010Em qualquer lugar do mundo que se prepara para receber grandes eventos esportivos, as firmas acenam com contratos lucrativos – firmas alemãs inclusive. Foi assim nos Jogos Olímpicos de Pequim e Vancouver e também na Copa do Mundo na África do Sul. Também em Sochi, na Rússia, empresas alemãs estão envolvidas com a preparação para os próximos Jogos Olímpicos de Inverno, em 2014.
A economia alemã foi rápida em perceber que a preparação para as Olimpíadas em Sochi tem potencial para bons negócios. Já no fim de 2007, a Comissão do Empresariado Alemão para o Leste, sediada em Berlim, fundou um grupo de trabalho específico sobre o evento.
"O objetivo do grupo de trabalho é dar respaldo político e econômico às atividades do empresariado alemão para os Jogos Olímpicos de Sochi em 2014", resumiu Eduard Kinsbruner, membro da comissão. Ele ressalta a atratividade dessa oferta de informação e consultoria, especialmente para pequenas e médias empresas. Normalmente, elas não têm condições de ter uma representação própria na Rússia.
"Os membros do grupo de trabalho, que está de braços abertos para o empresariado alemão como um todo, são normalmente representantes de empresas de porte médio. Mas há também algumas maiores, dos ramos de construção civil, planejamento e tecnologia. Até o momento, mais de 60 empresas já estão no grupo", informou Kinsbruner.
Há algumas semanas, Vladimir Putin recebeu Jacques Rogge, presidente do Comitê Olímpico Internacional, em Sochi, balneário no Mar Negro. O primeiro-ministro russo apresentou números interessantes: apenas 20% dos investimentos na região de Sochi estão ligados diretamente às obras olímpicas e à infraestrutura aí inclusa.
A maior parte, 80% do dinheiro concedido, vai para a modernização geral da região. "Vemos os Jogos Olímpicos como uma boa ocasião para desenvolver a infraestrutura do Sul da Rússia", disse Putin, que nunca deixou de enfatizar que os Jogos de Inverno eram uma prioridade.
Rede ferroviária
Ampliação de infraestrutura é uma das áreas de atuação da Siemens, por exemplo. A multinacional já assegurou em Sochi encomendas de mais de 700 milhões de euros. A cidade do Mar Negro precisa, por exemplo, de turbinas e geradores para a usina local, que pretende dobrar sua capacidade em quatro anos. Mas o maior negócio da Siemens será o fornecimento de trens regionais.
"O volume de pedidos soma 410 milhões de euros. Estão incluídos aí 38 trens inteiramente construídos na nossa fábrica de Krefeld, na Alemanha. Além deles, haverá mais 16 trens depois das Olimpíadas, que serão produzidos por um consórcio de firmas locais, com o qual ainda estamos conversando para definir como será a divisão do repasse entre as empresas locais e o conglomerado alemão", explicou Mathias Merta, que trabalha como gerente comercial da Siemens em São Petersburgo.
No fim das contas, o volume de encomendas pode subir para até 580 milhões de euros. Com o fornecimento desses trens de alta velocidade para a Rússia, a Siemens fundou o alicerce para outros negócios lucrativos – em Sochi, inclusive.
"Em parte, os trens serão postos em circulação em Moscou e provavelmente em outras cidades. Mas para os Jogos Olímpicos, uma frota circulará entre Sochi e Krasnaya Polyana, uma área de esqui nas montanhas do Cáucaso", prosseguiu Merta.
Arquitetura e engenharia
O desenvolvimento urbanístico da área de esqui Gornaya Karusel, um bairro de Krasnaya Polyana, e o projeto das duas pistas de salto de esqui no local também vêm da Alemanha – da empresa Kohlbecker Arquitetos e Engenheiros, de Gaggenau.
"Começamos a trabalhar na Rússia em 2006, quando Sochi ainda era cidade candidata. E em 2006, 2007 e 2008, fizemos negócios muito bons. Em 2009, sofremos uma baixa e, desde março ou abril passado, os negócios estão crescendo de novo", contou Matthias Kohlbecker, um dos diretores do grupo empresarial.
Ele espera ter uma grande oportunidade em Sochi, tanto na construção de hotéis quanto no estabelecimento de um parque temático, para o qual sua firma e uma parceira suíça elaboraram um projeto. Mas neste meio tempo, o engajamento da Kohlbecker na Rússia deixou de se restringir a Sochi. Os preparativos para as Olimpíadas foram apenas uma partida para a abertura de um novo mercado.
Autor: Andrey Gurkov (tm)
Revisão: Simone Lopes