1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW
PolíticaReino Unido

Rússia comemora queda de Johnson, enquanto Ucrânia lamenta

7 de julho de 2022

Kremlin vê prova da "crise política e ideológica" das democracias liberais do Ocidente. Já o presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, exalta "liderança pessoal e carisma" de seu colega.

Boris Johnson caminha ao lado do presidente ucraniano Volodimir Zelenski em Kiev,
Johnson (dir.) esteve duas vezes com o presidente Zelenski em Kiev, após o início da invasão russa na UcrâniaFoto: Ukrainian Presidential Press Service/REUTERS

A renúncia de Boris Johnson da liderança do Partido Conservador e, consequentemente, do cargo de primeiro-ministro do Reino Unido, repercutiu também na Ucrânia e na Rússia, embora as reações dos dois países tenham sido muito diferentes.

A decisão de Johnson, que põe fim a uma crise sem precedentes que paralisou o governo britânico, abre caminho para a escolha de um sucessor na chefia de governo do país, em um processo que poderá levar meses. Em pronunciamento em frente à sede do governo em Downing Street, nesta quinta-feira (07/07), Johnson afirmou que "ninguém é indispensável", e se disse triste por "abrir mão do melhor trabalho do mundo".

O presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, telefonou em seguida a Johnson para expressar sua tristeza com a decisão do colega britânico, que visitou Kiev duas vezes após o início da invasão russa na Ucrânia.

"Todos nós recebemos a notícia com tristeza. Não somente eu, mas toda a sociedade ucraniana, que simpatiza muito com você", disse Zelenski a Johnson, segundo informou o gabinete da presidência em Kiev. O líder ucraniano reiterou a gratidão de seu povo pelo apoio recebido do primeiro-ministro britânico desde o início do conflito.

Kiev considera o governo de Johnson como um de seus apoiadores mais fervorosos no Ocidente. "Não temos dúvida de que o apoio do Reino Unido continuará, mas sua liderança pessoal e seu carisma o tornaram especial", disse Zelenski.

Na conversa, os dois líderes também discutiram a cooperação militar e política entre as duas nações, além das negociações para desbloquear a exportação de grãos a partir dos portos do país.

"Ele não gosta de nós", diz Kremlin

O Kremlin, por sua vez, aproveitou a oportunidade para criticar Johnson e seu governo, além de apontar o "fracasso" das democracias liberais.

"Gostaríamos de esperar que algum dia, no Reino Unido, pessoas mais profissionais, que possam tomar decisões por meio do diálogo, cheguem ao poder", disse o porta-voz o governo russo, Dmitry Peskov. "Mas, no momento, há poucas esperanças a respeito disso."

A relação entre o Reino Unido e a Rússia, que já vinha mal há alguns anos, entrou em colapso após o início das agressões russas ao país vizinho, no dia 24 de fevereiro.

O governo de Johnson sancionou dezenas de bilionários russos ligados ao Kremlin, e declarou que o dinheiro deles não é mais bem-vindo no Reino Unido. "Ele realmente não gosta de nós. E nós, também não [gostamos dele]", disse Peskov.

"Colapso das democracias liberais"

Moscou disse que a crise política britânica seria uma prova do aprofundamento do colapso das democracias liberais em todo o mundo. "Está claro para todos que os regimes liberais se encontram em uma profunda crise política, ideológica e econômica", afirmou a porta-voz do Ministério russo do Exterior, Maria Zakharova.

O embaixador russa no Reino Unido, Andrei Kelin, disse a queda de Johnson foi uma consequência de sua política "beligerante" contra a Rússia e pelo apoio à Ucrânia. "Ele se concentrou demais na situação geopolítica, na Ucrânia", afirmou o diplomata

"É claro que preferimos alguém que não seja tão antagonista ou beligerante", disse Kelin, sobre o futuro sucessor de Johnson. O embaixador aproveitou para criticar o legado deixado pelo premiê britânico, com o que chamou de "promessas não cumpridas em relação à alta nos preços e nos impostos. 

Kelin disse ainda que o apoio total de Johnson à Kiev foi um "erro estratégico". "Não posso dizer que ele tenha sido um amigo da Rússia." Ele ainda fez uma recomendação ao futuro governo britânico, dizendo que deve se concentrar "não somente em assuntos internacionais, mas, primeiramente, em seu próprio país e sua economia".

rc/bl (AFP, Reuters)

Pular a seção Mais sobre este assunto

Mais sobre este assunto