Rússia condena advogados de líder opositor morto na prisão
17 de janeiro de 2025
Ex-defensores de Alexei Navalny são acusados de transmitir mensagens do dissidente para fora do país. Condenações ocorrem em meio à repressão massiva do Kremlin a opositores.
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A Justiça da Rússia condenou nesta sexta-feira (17/01) três advogados que defendiam o líder opositor Alexei Navalny, acusados de levar mensagens do dissidente morto na prisão para o mundo exterior. Eles já estavam presos desde outubro de 2023.
Vadim Kobzev, Alexei Liptser e Igor Sergunin foram considerados culpados de participar de uma "organização extremista", decidiu um tribunal na cidade de Petushki. Eles foram praticamente as únicas pessoas que visitaram Navalny na prisão enquanto ele cumpria sua sentença de 19 anos.
Kobzev, o membro mais destacado da equipe jurídica de Navalny, recebeu cinco anos e meio, enquanto Liptser recebeu cinco anos e Sergunin, três anos e meio.
Navalny, que era considerado o maior desafeto do presidente russo, Vladimir Putin, se comunicava com o mundo transmitindo mensagens por meio de seus advogados, que a equipe de sua organização, a Fundação Anticorrupção, publicava nas redes sociais.
Os três acusados foram sentenciados após um julgamento a portas fechadas na cidade de Petushki, a cerca de 115 quilômetros de Moscou, perto da prisão de Pokrov, onde Navalny foi mantido antes de ser transferido para uma colônia remota acima do Círculo Polar Ártico, onde morreu.
As condenações ocorrem em meio a uma repressão massiva do Kremlin a dissidentes, agravada após a invasão russa da Ucrânia e enquanto Moscou busca punir pessoas associadas a Navalny, mesmo após sua morte inexplicável em uma colônia penal no Ártico, em fevereiro passado.
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Acusações de "extremismo"
"Estamos sendo julgados por passar os pensamentos de Navalny para outras pessoas", disse Kobzev no tribunal na semana passada.
A corte afirmou disse que os três homens "usaram seu status de advogados ao visitarem o condenado Navalny [...] para garantir a transferência regular de informações entre os membros da comunidade extremista, incluindo aqueles procurados e escondidos fora da Federação Russa, e Navalny".
Segundo os juízes, isso permitiu que Navalny continuasse "planejando a preparação e criando condições para cometer crimes de caráter extremista".
Os vereditos foram divulgados dias antes de quatro jornalistas independentes acusados de ajudar Navalny retornarem ao tribunal. Eles podem receber penas de até seis anos de prisão.
Em suas mensagens ao mundo exterior, Navalny denunciou a ofensiva russa na Ucrânia como "criminosa" e fez um pedido a seus apoiadores para que não desistissem.
Na semana passada, Kobzev comparou a atual repressão de Moscou à dissidência com as políticas do governo do ditador soviético Josef Stalin. "No tribunal de Petushki, pessoas estão mais uma vez sendo julgadas por desacreditar autoridades e agências estatais", disse o advogado em um discurso publicado no jornal Novaya Gazeta.
Apesar de a Rússia deter um grande número de cidadãos por discordarem do Kremlin, casos contra advogados que defendem essas pessoas ainda são raros.
A Associação Internacional de Advogados (UIA) alertou que o julgamento levanta questões sobre o futuro da profissão na Rússia. "Defender um cliente, independentemente de suas opiniões ou ações políticas, é uma pedra angular do Estado de Direito e um princípio universal consagrado em padrões legais internacionais", afirmou a organização no mês passado.
Segundo a UIA, o julgamento dos três advogados "estabelece um precedente perigoso" ao "potencialmente dissuadir" outros profissionais de defender clientes em casos delicados.
A equipe de Navalny acusou as autoridades prisionais de filmar secretamente as reuniões de Navalny – que deveriam ser confidenciais – com seus advogados, publicando as imagens obtidas nas redes sociais.
Navalnaya critica condenações
Em 2023, Navalny condenou as detenções de seus advogados como "ultrajantes", classificando-as como sendo parte de uma campanha para isolá-lo ainda mais na prisão.
A viúva de Navalny, Yulia Navalnaya, que vive no exílio, disse que os advogados são "prisioneiros políticos e devem ser libertados imediatamente". Na semana passada, ela disse que a Rússia se recusou a retirar o nome de seu marido da lista de terroristas e extremistas.
Ela publicou uma carta de dezembro do órgão fiscalizador financeiro da Rússia, Rosfinmonitoring, endereçada à mãe de Navalny, que dizia que o falecido líder da oposição ainda estava sendo investigado por lavagem de dinheiro e "financiamento do terrorismo".
"Por que Putin precisa disso? Obviamente não para impedir Alexei de abrir uma conta bancária", disse Navalnaya. "Putin está fazendo isso para amedrontar você."
Reveja alguns dos principais acontecimentos do mês
Foto: Kenny Holston/The New York Times/AP/picture alliance
Incêndio mata dezenas em resort de esqui na Turquia
Mais de 70 pessoas morreram e ao menos 51 outras ficaram feridas no incêndio num hotel localizado em uma popular área de esqui nas montanhas de Bolu, no noroeste na Turquia. O incêndio começou durante a madrugada no Grand Kartal, um hotel de 12 andares construído de madeira na estação de esqui de Kartalkaya, a uma altitude de 2.200 metros. (21/01)
Foto: IHA/AP/picture alliance
Trump de volta à Casa Branca
O republicano Donald Trump tomou posse em seu segundo mandato como presidente dos EUA. Em seu primeiro dia de governo, o republicano anunciou um pacote de medidas conservadoras, reverteu dezenas de decisões de seu antecessor, Joe Biden, concedeu perdão a 1.500 condenados pelo 6 de janeiro de 2021 e prometeu dar início a uma nova "era de ouro" no país. (20/01)
Foto: Julia Demaree Nikhinson/AP/dpa/picture alliance
Alívio e emoção dos primeiros reféns liberados
Doron Steinbrecher, uma das três reféns israelenses libertadas no primeiro dia de cessar-fogo entre Israel e o grupo extremista Hamas, reencontra sua mãe após 15 meses de cativeiro. Hamas também libertou Romi Gonen e Emily Damaria, dando início ao processo previsto no acordo. Em troca, cerca de 95 prisioneiros palestinos deverão ser libertados, a maioria mulheres e adolescentes. (19/01)
Foto: Israeli Army/AP/picture alliance
Milhares vão às ruas de Washington contra Trump
Dois dias antes da volta de Donald Trump à Casa Branca, milhares protestaram contra políticas anunciadas pela próxima gestão. Chamada "Marcha do Povo", a manifestação foi organizada por movimentos de defesa dos direitos civis em defesa de pautas como o acesso ao aborto, proteção climática e direitos dos imigrantes. Mais de 350 marchas semelhantes aconteceram em todo o país. (18/01)
Foto: Amanda Perobelli/REUTERS
Gabinete israelense aprova cessar-fogo em Gaza
O governo israelense aprovou o acordo de cessar-fogo e libertação de reféns em Gaza, após horas de consultas que se estenderam até a madrugada de sábado (18/01)."O governo aprovou o plano de devolução dos reféns", disse o gabinete do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu em comunicado. As armas deverão ser silenciadas inicialmente por seis semanas a partir do próximo domingo. (17/01)
Foto: Koby Gideon/AFP
David Lynch, diretor de "Cidade dos sonhos", morre aos 78 anos
Conhecido por produções como "Cidade dos Sonhos", "Twin Peaks" e obras surrealistas, o renomado diretor americano acumulou quatro indicações ao Oscar durante sua carreira. Causa da morte não foi divulgada. Em 2024, ele afirmou que foi diagnosticado com enfisema pulmonar. (16/01)
Hamas e Israel chegam a acordo para encerrar conflito em Gaza
Israel e Hamas chegaram a um acordo de cessar-fogo para encerrar o conflito na Faixa de Gaza após 15 meses de combates, segundo informaram mediadores nesta quarta-feira. O texto prevê troca de reféns por prisioneiros e a retirada de militares israelenses. População foi às ruas em Gaza e em Israel para comemorar a decisão. (15/01)
Foto: Abdel Kareem Hana/AP/picture alliance
Procurador diz que havia evidências para condenar Trump
Em relatório tornado público, o procurador especial Jack Smith afirma que havia evidências suficientes para condenação do presidente eleito dos EUA por tentar anular o resultado da eleição de 2020. Parte do documento foi enviado ao Congresso pelo Departamento de Justiça – não sem que antes Trump tentasse impedir que isso acontecesse. Republicano reagiu tachando Smith de "perturbado". (14/01)
Foto: Jacquelyn Martin/AP Photo/picture alliance
Lula sanciona lei que proíbe uso de celular nas escolas
Lei restringe uso de aparelhos eletrônicos portáteis, sobretudo telefones celulares, nas salas de aula de escolas públicas e privadas em todo o país. Há exceções para uso pedagógico, sob supervisão dos professores, ou em casos excepcionais de acessibilidade ou necessidade de saúde. Medida ainda será regulamentada por decreto a tempo de entrar em vigor no início do ano letivo, em fevereiro. (13/01)
Sobe para 16 número de mortos em incêndios em Los Angeles
O número de mortos nos incêndios florestais que atingem a região de Los Angeles aumentou para 16, enquanto as equipes lutam para conter as chamas antes da chegada prevista de novas rajadas de ventos fortes capazes, potencialmente, de empurrar o fogo em direção a outras regiões da cidade. (12/01)
Foto: Jae C. Hong/AP Photo/picture alliance
Milhares protestam contra convenção da ultradireita na Alemanha
Mais de 10 mil pessoas participam de uma manifestação em uma pequena cidade do leste alemão contra a convenção nacional do partido ultradireitista Alternativa para a Alemanha (AfD). A convenção é parte da campanha do partido para as eleições federais de 23 de fevereiro, convocada após o colapso do governo de coalizão do chanceler federal, Olaf Scholz. (11/01)
Foto: EHL Media/IMAGO
Trump é sentenciado e será 1º presidente condenado dos EUA
O presidente eleito dos EUA, Donald Trump, foi sentenciado por sua condenação criminal decorrente do pagamento em dinheiro para silenciar uma atriz pornô. A penalidade, porém, não inclui multa, prisão ou liberdade condicional. O juiz aplicou ao republicano uma sentença de "dispensa incondicional", que reconhece a culpa do réu, mas não impõe uma pena específica. (10/01)
Foto: Brendan McDermid-Pool/Getty Images
"Sinceramente, estou morrendo", diz ex-presidente do Uruguai José Mujica
Mujica, de 89 anos, revelou que o câncer em seu esôfago se espalhou para o fígado e que a progressão da doença não pode mais ser interrompida. "Não posso fazer nem um tratamento bioquímico nem uma cirurgia porque meu corpo não aguenta", disse. "O que eu peço é que me deixem em paz. O guerreiro tem direito ao descanso." (09/01)
Foto: Santiago Mazzarovich/AFP
Incêndios deixam rastro de destruição na Califórnia
Incêndios florestais de enormes proporções atingiram a Califórnia e deixaram ao menos cinco mortos e dezenas de feridos. No condado de Los Angeles, cerca de 180 mil pessoas tiveram que deixar suas casas por ordem das autoridades, com as chamas consumindo uma área de 117 quilômetros quadrados. (08/01)
Foto: Ringo Chiu/REUTERS
Morre o extremista francês Jean-Marie Le Pen
Líder histórico da extrema direita francesa e pai da ultradireitista Marine Le Pen morreu aos 96 anos. Ele foi um dos fundadores do partido Frente Nacional, renomeado em 2018 para Reunião Nacional. Figura polarizadora na política francesa, Le Pen era conhecido por sua retórica inflamada contra a imigração e o multiculturalismo. (07/01)
Congresso dos EUA certifica vitória eleitoral de Trump
O Congresso dos EUA certificou Donald Trump como vencedor da eleição de 2024. A cerimônia aconteceu sem interrupções – em contraste à violência de 6 de janeiro de 2021, quando, com pelo menos aquiescência de Trump, uma multidão invadiu o Capitólio para impedir certificação de Joe Biden. Os legisladores se reuniram sob forte segurança para cumprir a data exigida pela lei eleitoral. (06/01)
Foto: Chip Somodevilla/Getty Images/AFP
Neve traz caos à Europa e aos Estados Unidos
Após um fim de ano com temperaturas relativamente amenas, nevou no Reino Unido e em outras partes da Europa. Pistas congeladas geraram transtorno nas estradas e levaram ao cancelamento de voos e fechamento de aeroportos, inclusive na Alemanha. Nos Estados Unidos, algumas áreas devem ter a pior nevasca da década. (05/01)
Foto: Danny Lawson/PA Wire/dpa/picture alliance
Trens de longa distância operados pela alemã Deutsche Bahn batem recorde de atraso
Em 2024, 37,5% dos trens de longa distância registraram atraso superior a seis minutos – a maior taxa em 21 anos. Empresa atribuiu piora no desempenho à "infraestrutura ultrapassada e sobrecarregada", obras na rede ferroviária, aumento do tráfego, falta de mão de obra e eventos climáticos extremos, mas disse trabalhar em um plano de ação para melhorar sua pontualidade. (04/01)
Foto: Sebastian Gollnow/dpa/picture alliance
Milhares de alemães assinam petição contra uso de fogos de artifício
Mais de 270 mil alemães assinaram uma petição online pedindo a proibição de fogos de artifício particulares em todo o país, após um Ano Novo marcado por cinco mortes e dezenas de feridos pelo uso incorreto dos fogos. Em várias cidades, equipes de emergência foram atingidas pelos explosivos. Em Berlim, um policial ficou gravemente ferido e precisou ser operado. (03/01)
Foto: Christian Mang/REUTERS
Multidão protesta contra prisão de presidente afastado da Coreia do Sul
Uma centena de pessoas se reuniram em Seul para protestar contra o mandado de prisão imposto ao presidente deposto da Coreia do Sul, Yoon Suk Yeol, acusado de insurreição. Apoiadores se posicionaram em frente à residência de Yoon, que se propôs a "lutar até o fim". Agentes já se posicionam no local para cumprir a ordem judicial. (02/01)
Foto: Philip Fong/AFP
Homem atropela multidão em Nova Orleans e deixa 10 mortos
Ataque ocorreu na Bourbon Street, uma rua turística com bares e clubes noturnos. Condutor do veículo morreu em confronto com policiais e FBI investiga "ato de terrorismo". Suspeito, um cidadão americano do Texas, carregava bandeira do Estado Islâmico. (01/01)