Rússia confirma primeiro encontro entre Putin e Kim
18 de abril de 2019
Kremlin afirma que encontro inédito entre líder norte-coreano e presidente russo será ainda em abril. Cúpula ocorrerá na Rússia, num momento de tensão entre EUA e Pyongyang e de busca de Moscou por afirmação global.
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Em meio a tensões entre Washington e Pyongyang, o líder norte-coreano, Kim Jong-un, agendou uma visita à Rússia para um encontro com o presidente russo, Vladimir Putin. O Kremlin confirmou, nesta quinta-feira (18/04), que uma reunião entre Kim e Putin ocorrerá na segunda metade de abril.
"O presidente da Comissão de Assuntos Estatais da República Popular Democrática da Coreia, Kim Jong-un, visitará a Rússia na segunda quinzena de abril a convite de Vladimir Putin", indicou o Kremlin em comunicado.
O governo russo anunciou o encontro poucas horas depois de a Coreia do Norte ter divulgado testes de uma nova "arma tática" capaz de transportar uma "ogiva poderosa" e ter condicionado a continuidade do diálogo com Washington à saída do secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, da equipe de negociações.
O encontro entre Putin e Kim ocorre num momento em que Moscou busca desempenhar um papel relevante nas crises globais. A Rússia amparou militarmente o regime sírio de Bashar al-Assad e, recentemente, enviou aviões de guerra ao governo de Nicolás Maduro, na Venezuela.
O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, já tinha afirmado nesta semana que uma reunião entre Putin e Kim estava sendo "preparada", sem oferecer detalhes sobre a data e o local do possível encontro.
Putin participará do fórum sobre a nova rota da seda chinesa, que será realizado em Pequim nos dias 26 e 27 de abril. Por isso, não se descarta que o presidente russo se reúna com Kim antes ou após sua viagem à China.
A imprensa russa sugeriu que o encontro pode ocorrer no campus da Universidade Federal do Extremo Oriente (UFLO), na ilha Russki, ao sul de Vladivostok, onde as aulas nos dias 24 e 25 de abril teriam sido canceladas devido a uma "visita de delegações oficiais".
Nas últimas semanas aumentou a expectativa em relação à que seria a primeira cúpula entre os líderes russo e norte-coreano por conta das viagens recíprocas de funcionários do alto escalão de ambos os países, após o fracasso da cúpula em Hanói sobre desnuclearização entre Coreia do Norte e Estados Unidos.
O chefe de gabinete de Kim e encarregado da logística de suas viagens ao exterior, Kim Chang-son, viajou a Moscou e a Vladivostok entre 19 e 25 de março. Além disso, ele foi visto nos últimos dias inspecionando as medidas de segurança da estação ferroviária de Vladivostok, segundo um funcionário citado pela agência russa Ria Novosti.
Por sua vez, o ministro do Interior da Rússia, Vladimir Kolokoltsev, visitou Pyongyang há duas semanas.
Esta seria a primeira viagem de Kim à Rússia, que tem laços relativamente fortes com Pyongyang e fornece ajuda alimentar. Seu pai, Kim Jong-il, visitou o país em 2001, 2002 e 2011, e nas três ocasiões viajou em seu trem blindado.
PV/efe/afp
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Família governa a Coreia do Norte desde a fundação do país, há quase sete décadas, com um culto quase divino às personalidades de Kim Il-sung, Kim Jong-il e Kim Jong-un.
Foto: picture alliance / dpa
Um jovem líder
Kim Il-sung, o primeiro e "eterno" presidente da Coreia do Norte, assumiu o poder em 1948 com o apoio da União Soviética. O calendário oficial do país começa no seu ano de nascimento, 1912, designando-o de "Juche 1", em referência ao nome da ideologia estatal. O primeiro ditador norte-coreano tinha 41 anos ao assinar o armistício que encerrou a Guerra da Coreia (foto).
Foto: picture-alliance/dpa
Idolatria
Após a guerra, a máquina de propaganda de Pyongyang trabalhou duro para tecer uma narrativa mítica em torno de Kim Il-sung. A sua infância e o tempo que passou lutando contra as tropas japonesas nos anos 1930 foram enobrecidas para retratá-lo como um gênio político e militar. No congresso partidário de 1980, Kim anunciou que seria sucedido por seu filho, Kim Jong-il.
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No comando até o fim
Em 1992, Kim Il-sung começou a escrever e publicar sua autobiografia, "Memórias – No transcurso do século." Ao descrever sua infância, o líder norte-coreano afirmou que ao 6 anos participou de sua primeira manifestação contra os japoneses e, aos 8, envolveu-se na luta pela independência. As memórias permaneceram inacabadas com a sua morte, em 1994.
Foto: Getty Images/AFP/JIJI Press
Nos passos do pai
Depois de passar alguns anos no primeiro escalão do regime, Kim Jong-il assumiu o poder após a morte do pai. Seus 16 anos de governo foram marcados pela fome e pela crise econômica num país já empobrecido. Mas o culto de personalidade em torno dele e de seu pai, Kim Il-sung, cresceu ainda mais.
Foto: Getty Images/AFP/KCNA via Korean News Service
Nasce uma estrela
Historiadores acreditam que Kim Jong-il nasceu num campo militar no leste da Rússia, provavelmente em 1941. Mas a biografia oficial afirma que o nascimento dele aconteceu na montanha sagrada coreana de Paekdu, exatamente 30 anos após o nascimento de seu pai, em 15 de abril de 1912. Segundo uma lenda, esse nascimento foi abençoado por uma nova estrela e um arco-íris duplo.
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Problemas familiares
Kim Jong-il teve três filhos e duas filhas com três mulheres, até onde se sabe. Esta foto de 1981 mostra Kim Jong-il sentado ao lado de seu filho Kim Jong-nam, fruto de um caso com a atriz Song Hye-rim (que não aparece na foto). A mulher à esquerda é Song Hye-rang, irmã de Song Hye-rim, e os dois adolescentes são filhos de Song Hye-rang. Kim Jong-nam foi assassinado em 2017.
Foto: picture-alliance/dpa
Procurando um sucessor
Em 2009, a mídia ocidental informou que Kim Jong-il havia escolhido seu filho mais novo, Kim Jong-un, para assumir a liderança do regime. Os dois apareceram juntos numa parada militar em 2010, um ano antes da morte de Kim Jong-il.
Foto: picture-alliance/AP Photo/V. Yu
Juntos
Segundo Pyongyang, a morte de Kim Jong-il em 2011 foi marcada por uma série de acontecimentos misteriosos. A mídia estatal relatou que o gelo estalou alto num lago, uma tempestade de neve parou subitamente e o céu ficou vermelho sobre a montanha Paekdu. Depois da morte de Kim Jong-il, uma estátua de 22 metros de altura do ditador foi erguida próxima à de seu pai (esq.) em Pyongyang.
Foto: picture-alliance/dpa
Passado misterioso
Kim Jong-un manteve-se fora de foco antes de subir ao poder. Sua idade também é motivo de controvérsia, mas acredita-se que ele tenha nascido entre 1982 e 1984. Ele estudou na Suíça. Em 2013, ele surpreendeu o mundo ao se encontrar com Dennis Rodman, antiga estrela do basquete americano, em Pyongyang.
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Um novo culto
Como os dois líderes antes dele, Kim Jong-un é tratado como um santo pelo regime estatal totalitário. Em 2015, a mídia sul-coreana reportou sobre um manual escolar que sustentava que o novo líder já sabia dirigir aos 3 anos. Em 2017, foi anunciado pela mídia estatal que um monumento em homenagem a ele seria construído no Monte Paekdu.
Foto: picture alliance/dpa/Kctv
Um Kim com uma bomba de hidrogênio
Embora Kim tenha chegado ao poder mais jovem e menos conhecido do público que seu pai e seu avô, ele conseguiu manter o controle do poder. O assassinato de seu meio-irmão Kim Jong-nam, em 2017, serviu para cimentar sua reputação externa de ditador impiedoso. O líder norte-coreano também expandiu o arsenal de armas do país.