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Rússia dá ultimato a combatentes ucranianos em Mariupol

17 de abril de 2022

Moscou pede que ucranianos cercados em siderúrgica entreguem as armas para permanecerem vivos. Zelenski diz que ameaça a combatentes do país coloca em risco negociações de paz.

Tanques russos circulam pelas ruas de Mariupol
Tanques russos circulam pelas ruas de MariupolFoto: Sergei Bobylev(TASS/picture alliance

A Rússia instou às forças ucranianas que ainda resistem em Mariupol para se renderem na manhã deste domingo (17/04) e se comprometeu a poupar as vidas daqueles que depuserem as armas. O ultimato foi dado a combatentes ucranianos e estrangeiros que se encontraram cercados numa siderúrgica da cidade.

"A todos aqueles que depuserem as armas é garantido que suas vidas serão poupadas", afirmou o chefe do Centro de Controle de Defesa russo, o coronel general Mikhail Mizintsev. Segundo ele, os combatentes estão "numa situação desesperada, praticamente sem comida e água". 

De acordo com o Ministério de Defesa da Rússia, tropas russas já ocuparam toda a área urbana da cidade, restando apenas um grupo de combatentes ucranianos numa siderúrgica. A alegação de Moscou, no entanto, não pode ser verificada de maneira independente. Cenário dos combatentes mais pesados e da pior catástrofe humanitária da guerra, Mariupol pode ser a primeira grande cidade a ser tomada pela Rússia desde o início do conflito.

Situada no mar de Azov, Mariupol é um dos principais objetivos dos russos no esforço para obter controle total da região de Donbass e formar um corredor terrestre, no leste da Ucrânia, a partir da península da Crimeia, anexada pela Rússia em 2014. A queda da cidade seria a maior vitória da Rússia em mais de 50 dias de guerra.

Mariupol está sitiada há semanasFoto: Sergei Bobylev/TASS/dpa/picture alliance

Descrita com uma fortaleza na cidade, a siderúrgica fica numa região industrial com vista para o Mar de Azov e ocupa uma área de mais de 11 quilômetros quadrados. No local, estariam fuzileiros navais, além de combatentes da guarda nacional e do Batalhão de Azov – uma milícia nacionalista de extrema direita. Não há informações sobre o número de combatentes que estão no local.

Ainda não houve uma resposta de Kiev ao ultimato russo.

Impasse nas negociações

Num discurso à nação, no sábado à noite, o presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, advertiu que "a situação em Mariupol continua tão grave quanto possível, simplesmente desumana" e culpou a Rússia por "continuar deliberadamente a destruir cidades". 

Zelenski sublinhou que os russos "estão deliberadamente a tentar aniquilar todos aqueles que ficam em Mariupol". Ele afirmou ainda que o governo ucraniano tentou, desde o início da invasão russa, encontrar "uma solução, militar ou diplomática, para salvar" a população, mas "até agora, não tem havido uma opção 100% sólida".

Pouco depois em entrevista ao portal de notícias ucraniano Ukrainska Pravda, Zelenski reiterou que a situação em Mariupol é muito difícil. "Nossos soldados estão cercados, feridos estão cercados. Há uma crise humanitária. No entanto, eles estão se defendendo".

Grande parte de Mariupol foi destruída na guerraFoto: Alexander Nemenov/Getty Images/AFP

O presidente disse ainda que "a eliminação" dos últimos soldados ucranianos em Mariupol "colocará fim a quaisquer negociações de paz" com Moscou. Ele afirmou que as duas partes se encontram "num impasse".

Catástrofe humanitária

Situada há semanas, Mariupol enfrenta uma das maiores catástrofes humanitárias do atual conflito. A cidade foi alvo de intensos bombardeios e está em ruínas. De acordo com autoridades locais, pelo menos 20 mil civis já morreram na região, desde o início da invasão russa, e cerca de 120 mil habitantes ainda estão na cidade sitiada. 

Tropas russas anunciaram na sexta-feira que assumiram o controle de uma outra siderúrgica da cidade que era um dos pontos de defesa dos ucranianos. Jornalistas da Reuters estiveram no local e relataram que a siderúrgica foi reduzida a ruínas e também noticiaram a presença de diversos corpos de civis espalhados nas ruas próximas.

CN (Reuters, Lusa, DW)

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