Quase 3 mil minas foram desativadas na cidade histórica da Síria, afirma Moscou. Palmira foi retomada do "Estado Islâmico" pelo governo recentemente, com ajuda do Exército russo.
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As Forças Armadas da Rússia anunciaram nesta quinta-feira (21/04) que a cidade histórica de Palmira, na Síria, está totalmente livre de minas terrestres. O local foi retomado pelas forças do governo em março, após meses sob controle do"Estado Islâmico" (EI).
"Hoje, a missão de remover as minas da região de arquiteturas antigas de Palmira foi finalizada", disse o comandante dos engenheiros militares russos na Síria, Yuri Stavitsky, em conversa telefônica com o presidente da Rússia, Vladimir Putin.
Segundo Stavitsky, especialistas russos encontraram e desativaram um total de 2.991 minas, em uma área de 234 hectares e ao longo dos 23 quilômetros de estradas que levam ao sítio histórico, afastado do centro e da parte mais moderna da cidade.
"As equipes de engenharia trabalham agora para remover as minas da área residencial de Palmira e do aeroporto", afirmou o comandante, acrescentando que 1.432 minas já foram destruídas nesses locais, além de verificados 367 edifícios, 40 hectares de terreno e 9,5 quilômetros de estradas. Ainda há 560 hectares a serem examinados.
As minas do EI em Palmira
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"Transmita a minha gratidão a todo o pessoal: oficiais, soldados, aqueles que fornecem segurança. Muito obrigado. Desejo sucesso a todos vocês", respondeu Putin na ligação.
Palmira, tombada como Patrimônio Cultural da Humanidade pela Unesco por suas ruínas, colunas e templos milenares, foi retomada pelas forças sírias no dia 27 de março, com ajuda do Exército russo. Antes disso, ficou sob domínio do grupo terrorista EI por cerca de dez meses.
Nesse período, alguns dos monumentos históricos mais importantes da cidade foram destruídos, como o Arco do Triunfo, construído há 2 mil anos, e milhares de minas terrestres foram espalhadas por toda a região.
"Há minas por todo o lado: nas paredes, no teto, no piso, e até nas ruas, cobertas por pedras ou asfalto", declarou Igor Konashenkov, porta-voz do Ministério da Defesa da Rússia, em entrevista recente à DW.
EK/afp/rtr
Os tesouros arqueológicos de Palmira
Ruínas dessa antiga cidade são testemunhas de tempos de glória e uma importante herança cultural. Elas estão ameaçadas pela guerra civil na Síria e pela presença do "Estado Islâmico".
Foto: picture-alliance/dpa/Scholz
Ruínas de um passado glorioso
No meio do deserto da Síria ficam as ruínas da antiga cidade de Palmira, que em tempos passados floresceu graças ao comércio. Por centenas de anos, caravanas de comerciantes passaram pela cidade, seguindo a chamada Rota da Seda, que ia até a China. Quando os tempos áureos viraram história, as areias do deserto acabaram tomando conta a cidade.
Foto: Fotolia/bbbar
Templo de Bel
Esta construção foi erguida para um grande deus mesopotâmio. No primeiro século depois de Cristo, os habitantes de Palmira construíram um tempo em estilo romano para a divindade Bel. O custo da obra teria sido arcado pelos romanos, em agradecimento pela adesão da cidade ao Império Romano. As paredes do templo carregam marcas de balas, resultado da guerra civil na Síria.
Foto: picture-alliance/blickwinkel/F. Neukirchen
Caminho das preciosidades
Esta avenida marcada por colunas tem quase um quilômetro de extensão e foi construída no século 2. Na entrada está o Arco de Adriano, erguido em homenagem ao imperador romano. O estilo greco-romano estava na moda na época, com alguns arabescos orientais. Pela estrada eram transportados temperos, perfumes, pedras preciosas e outros tesouros.
Foto: Louai Beshara/AFP/Getty Images
Monumento em estilo romano
Este tetrápilo fica num cruzamento de ruas. São quatro nichos cobertos, cada um deles formado por quatro colunas de granito rosa, extraído das pedreiras da cidade egípcia de Assuã. Antigamente, os nichos abrigavam estátuas. Quase todas as colunas foram reconstituídas. Apenas uma é original.
Foto: Fotolia/waj
Deus do vento
O deus do vento se chamava Baal-Shamin. De fato, o templo dele foi menos deteriorado pelas tempestades de areia do que os templos fúnebres localizados no outro extremo da avenida das colunas. Acredita-se que o templo tenha sido construído pelos fenícios, que posteriormente ocuparam a região. Não se sabe ao certo, porém, quando exatamente ele foi construído.
Foto: picture-alliance/dpa/Scholz
Dramas orientais
Palmira tinha muitas características de uma cidade greco-romana: as colunas, as termas e também o anfiteatro. No palco dele, que era a fachada de um palácio, eram encenados dramas orientais. As peças, escritas em aramaico, se perderam. O teatro também era usado como palco de lutas de gladiadores e de animais.
Foto: picture-alliance/dpa/M. Marczok
Fórum da classe alta
Estas colunas da ágora, o espaço público central da cidade, ostentavam 200 estátuas que homenageavam as figuras mais poderosas da elite de Palmira. Na parte sudoeste da ágora estão as ruínas de uma construção que possivelmente serviu para as reuniões do conselho da cidade. Dele faziam parte as mais influentes famílias de comerciantes, aquelas que definiam os rumos de Palmira.
Foto: picture-alliance/Robert Harding World Imagery/C. Rennie
Túmulos luxuosos
Do lado de fora da cidade há vários mausoléus. Famílias importantes construíam torres altas, com espaço para os mortos de várias gerações. As últimas moradas de alguns representantes dessas famílias são sarcófagos ricamente ornamentados. Há ainda diversos sepulcros subterrâneos, adornados com afrescos. As sepulturas são um testemunho do cotidiano e das riquezas dos tempos áureos.
Foto: Imago/A. Schmidhuber
Ameaçada pela guerra
No século 3, Palmira se tornou uma base militar. A queda da rainha Zenóbia deu origem a uma reviravolta no poder. Os tempos áureos ficaram para trás, o brilho da cidade começou a ser apagado pela areia. Desde 2001, as ruínas sofrem as consequências da guerra civil na Síria. A nova ameaça são os jihadistas do "Estado Islâmico".