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Rússia defende ataques na Síria e diz que mira terroristas

1 de outubro de 2015

Ministro russo do Exterior afirma que não considera o Exército Livre da Síria uma organização terrorista e nega intenção de ampliar ataques aéreos para o Iraque.

Foto: Getty Images/AFP/M. Taha

O ministro russo do Exterior, Serguei Lavrov, defendeu nesta quinta-feira (1º/10) os ataques aéreos de seu país na Síria e afirmou que apenas organizações terroristas são alvo. "A força aérea russa está atacando o EI e outros grupos terroristas em coordenação com as forças de segurança sírias", disse o ministro, durante uma entrevista nas Nações Unidas.

Ele acrescentou que a Rússia não considera o Exército Livre da Síria (grupo moderado de oposição apoiado pelo Ocidente e que luta contra Assad e também contra o EI) uma organização terrorista. Lavrov defendeu a participação do Exército Livre da Síria e outros grupos da oposição nas negociações para uma solução diplomática para o conflito que atinge o país desde 2011.

"Isso é absolutamente necessário para o processo político se assegurar e ser sustentável. Nós consideramos terroristas aqueles que são reconhecidos como tal pelas Nações Unidas e pelo sistema legal da Rússia", reforçou Lavrov, citando o Estado Islâmico e a Frente al-Nusra. "Se os Estados Unidos atacam apenas grupos terroristas, então nós fazemos o mesmo."

Ataques a rebeldes moderados

Nesta quinta-feira, um dos comandantes do Exército Livre da Síria, da oposição moderada, assegurou que a aviação russa bombardeou posições do seu grupo nas províncias de Hama e Idleb. O Exército Sírio Livre, de tendência moderada e fundado por desertores das Forças Armadas do regime de Damasco, recebe apoio militar dos Estados Unidos e está ligado à Coalizão Nacional Síria, a principal aliança política da oposição ao presidente Bashar al-Assad.

Também nesta quinta, o senador republicano John McCain afirmou à emissora CNN poder "confirmar absolutamente" que alguns dos primeiros ataques russos na Síria atingiram rebeldes apoiados pelos Estados Unidos e treinados pela CIA.

Em Nova York, Lavrov confirmou ainda que a Rússia está coordenando os bombardeios ao "Estado Islâmico" (EI) com as forças de segurança sírias e que "muito em breve" a Rússia conversará com os Estado Unidos sobre a ação militar na Síria. Ele rejeitou a ideia de que os bombardeios de Moscou tenham como principal objetivo fortalecer o regime de Assad.

Uma coalizão liderada pelos EUA tem bombardeado alvos do "Estado Islâmico" na Síria há cerca de um ano. Na quarta-feira, o presidente russo, Vladimir Putin, recebeu autorização do Parlamento para a realização de uma intervenção militar na Síria e deu início aos ataques aéreos.

O secretário de Estado dos EUA, John Kerry, disse que os EUA não são contra os ataques russos, desde que eles tenham como alvo o EI, e que negociações militares com a Rússia ocorrerão em breve.

Ataques no Iraque

Lavrov também disse que a Rússia não planeja conduzir ataques aéreos contra o EI e outros grupos terroristas no Iraque. "Nós somos educados e não vamos participar sem ser convidados", afirmou. Mas o convite formal poderá ser feito em breve, pois o governo iraquiano já sinalizou apoiar a iniciativa russa no país vizinho e saudou nesta quinta-feira os bombardeios russos contra extremistas na Síria.

O primeiro-ministro iraquiano, Haider al-Abadi, disse que não houve ainda conversas com o Moscou sobre a expansão dos ataques ao Iraque, mas não descartou a possibilidade. "Se a oferta for feita, vamos considerá-la e ela será bem-vinda", afirmou.

CN/rtr/ap/afp/lusa

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