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Rússia deixa acordo de desarmamento com os EUA

4 de março de 2019

Putin suspende oficialmente as obrigações russas sob o Tratado INF, marco da Guerra Fria e fundamental para a segurança na Europa. Washington já havia anunciado saída do pacto, enquanto ambos se acusam de violações.

O presidente russo, Vladimir Putin
O presidente Vladimir Putin assinou um decreto que formaliza a saída do acordo, já anunciada há um mês por MoscouFoto: ZDF/David Lemarchand

O governo da Rússia anunciou nesta segunda-feira (04/03) que suspendeu oficialmente a participação do país no Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermediário, também conhecido como Tratado INF, assinado em 1987 entre os Estados Unidos e a então União Soviética.

Em comunicado, o Kremlin informou que o presidente Vladimir Putin assinou um decreto que formaliza a saída do acordo, já antecipada em fevereiro por Moscou.

O decreto significa que a Rússia está suspendendo suas obrigações sob o Tratado INF até que os "Estados Unidos encerrem suas violações ao acordo ou até que ele [o pacto] chegue ao fim", afirma a nota do governo russo.

Há tempos Moscou e Washington acusam um ao outro de violar o acordo de eliminação de mísseis de médio alcance, que foi um marco do fim da Guerra Fria.

Em 1º de fevereiro, os Estados Unidos anunciaram que deixariam o INF, justificando, entre outros motivos, que a Rússia viola suas diretrizes. O processo de retirada do acordo seria implementado em seis meses, a não ser que Moscou voltasse a respeitá-lo.

No dia seguinte, em 2 de fevereiro, o governo russo anunciou "uma resposta simétrica" e disse que também suspenderia sua participação no pacto, negando qualquer violação a ele. À época, o Kremlin ressaltou que "fez todo o possível para salvar o tratado, levando em consideração seu significado para a segurança estratégica da Europa e do mundo".

Putin chegou a dizer que a Rússia buscaria desenvolver mísseis de médio alcance em resposta ao que ele chamou de projetos semelhantes por parte dos Estados Unidos, elevando os temores de uma nova corrida armamentista nos moldes da Guerra Fria.

Nesta segunda-feira, logo após o anúncio sobre o decreto russo, o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, afirmou que Moscou precisa voltar a seguir as suas obrigações sob o acordo, o qual chamou de um "alicerce para a segurança da Europa há décadas".

O Tratado INF foi assinado em 1987, ainda com a União Soviética, pelos então presidentes Ronald Reagan e Mikhail Gorbachov em Washington. Ele prevê a eliminação de mísseis lançados de solo com alcance entre 500 e 5.500 quilômetros e foi o primeiro acordo de desarmamento selado durante a Guerra Fria por ambos os países.

O pacto é visto como fundamental para a segurança na Europa. Para compensar seu fim, países europeus poderão se ver obrigados a investir em armas nucleares para efeitos de dissuasão.

Os Estados Unidos não só consideram que a Rússia viola o tratado, como defendem ainda que o INF se tornou obsoleto porque outros países como China, Irã e Coreia do Norte fabricam armas nucleares de médio alcance e não participam do acordo.

EK/afp/ap/dpa/efe/lusa

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