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Rússia deixará de emitir passaportes a reservistas

29 de setembro de 2022

Medida ocorre em meio à crescente fuga de cidadãos russos do país, após decreto de Putin sobre mobilização parcial de reservistas. Região russa restringe acesso de veículos após grande fluxo de russos rumo à Geórgia.

Homem de sobretudo de couro seguro passaporte russo
Russos precisam de um passaporte internacional para viajar para a maioria dos paísesFoto: Lehtikuva via REUTERS

A Rússia vai deixar de emitir passaportes a reservistas convocados para a mobilização parcial anunciada pelo presidente russo, Vladimir Putin, na semana passada. A informação foi divulgada nesta quarta-feira (28/09) em um portal informativo do governo russo, no momento em que milhares de pessoas tentam fugir do país antes de serem mandadas para os combates. De acordo com o Ministério da Defesa russo, 300 mil reservistas serão convocados. 

"Se um cidadão já foi convocado para o serviço militar ou recebeu uma convocação (para mobilização ou alistamento), o passaporte internacional será recusado", diz o portal governamental, referindo que, nestes casos, "será feito um aviso ao cidadão para explicar o motivo da recusa e o prazo de validade dessa recusa".

Os russos precisam de um passaporte internacional para viajar para a maioria dos países, embora possam se deslocar para nações como Armênia, Belarus, Cazaquistão e Quirguistão com um passaporte interno, equivalente a uma carteira de identidade.

O anúncio de restrições à emissão de passaportes internacionais ocorre quando muitos russos temem o fechamento das fronteiras para evitar mais fugas. Desde o anúncio de Putin, filas se formaram nas fronteiras terrestres da Rússia e voos para países que não exigem vistos para cidadãos russos lotaram. Protestos contra a mobilização se espalharam pelo país, com centenas de presos.

Embora Putin tenha garantido que apenas quem já têm experiência militar ou competências relevantes para o exército seria mobilizado, o recrutamento de idosos, doentes e estudantes, supostamente isentos, está provocando mal-estar entre a população.

Restrição de veículos na fronteira com a Geórgia

Devido ao alto fluxo de veículos, a região russa da Ossétia do Norte, na fronteira com a Geórgia, restringiu nesta quarta-feira a entrada de automóveis no seu território, depois de terem se formado filas gigantescas de russos que pretendiam escapar da mobilização de reservistas.

O dirigente máximo da região, Sergey Menyaylo, assinou um decreto "que restringe a entrada de veículos de passageiros no território da Ossétia do Norte", divulgou o governo regional na sua conta no Telegram.

Milhares de pessoas tentam deixar a Rússia pela fronteira com a GeórgiaFoto: Yelena Afonina/dpa/TASS/picture alliance

Pela nova ordem, só poderão ingressar no território pessoas que se dirigem a campos de férias ou outras instalações turísticas. Menyaylo disse que introduziu a proibição depois que 20 mil pessoas cruzaram a fronteira para a Geórgia em apenas dois dias. 

"Não seremos fisicamente capazes de garantir ordem e segurança se esse fluxo continuar crescendo", disse, destacando que carros com placas da Ossétia do Norte estão isentos da proibição.

As restrições complicam o trajeto entre a capital regional, Vladikavkaz, e a capital da Geórgia, Tbilisi, que fica a 200 quilômetros ao sul e para onde muitos cidadãos russos se dirigiram desde que Putin decretou a mobilização parcial.

Entrada de russos na UE cresce 30%

O número de cidadãos russos que cruzaram as fronteiras do país rumo à União Europeia (UE) aumentou 30% em uma semana, informou na terça-feira a Agência Europeia da Guarda de Fronteiras (Frontex). Cerca de 66 mil russos entraram no bloco europeu na última semana, a maioria através da Finlândia e da Estônia. 

A Finlândia já anunciou que vai adotar uma "política estrita" para reduzir a emissão de vistos para russos que querem entrar no país, numa tentativa de conter a situação, explicando que o aumento de entradas está causando "graves danos à posição internacional de Helsinque".

A Finlândia e a Rússia partilham uma fronteira de cerca de 1.340 quilômetros, a mais longa entre todos os países da União Europeia. Até agora, os turistas russos podiam entrar no espaço Schengen (zona de livre circulação na Europa) por via terrestre através da fronteira finlandesa, ao contrário do que acontece nos países bálticos e na Polônia, que impuseram restrições mais rígidas.

O governo da Letônia declarou "estado de emergência preventivo" na fronteira do país com a Rússia face à eventual chegada em massa de russos.

 

Filas enormes se formaram na fronteira entre a Rússia e a Finlândia após o anúncio da mobilização militarFoto: Oliver Morin/AFP

EUA pedem que americanos deixem a Rússia

Também nesta quarta-feira, a embaixada dos Estados Unidos na Rússia emitiu um novo alerta de segurança, pedindo que os cidadãos americanos deixem o território russo o mais rapidamente possível e advertindo que os voos comerciais estão cada vez mais limitados, mas que as fronteiras terrestres ainda estão abertas.

A embaixada dos EUA também alertou que Moscou poderá começar a negar a dupla cidadania e, consequentemente, assistência consular a cidadãos americanos.

Além dos EUA, Polônia, Romênia e Bulgária também instaram seus cidadãos a deixarem a Rússia o mais rápido possível, com os meios de transporte disponíveis. Os governos desses países temem principalmente que homens em idade militar possam ter cada vez mais dificuldade para saírem do território russo, devido à convocação parcial de Putin.

le (AFP, Reuters, Lusa) 

 

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