Rússia desaconselha EUA de ofensiva contra forças sírias
1 de outubro de 2016
Moscou diz que eventual agressão americana causaria "mudanças tectônicas terríveis, não só na Síria, mas em todo Oriente Médio". Caças russos lançam novos ataques contra bastião de rebeldes em Aleppo.
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Aviões de combate russos lançaram neste sábado (01/10) uma nova série de bombardeios em áreas controladas por rebeldes na cidade síria de Aleppo. No mesmo dia, a Rússia advertiu os EUA sobre as graves consequências que teriam eventuais ataques americanos contra as forças do governo sírio.
Citada por agências de notícias russas, a porta-voz do Ministério do Exterior russo, Maria Zajarova, afirmou que uma agressão direta de Washington contra Damasco e o Exército sírio levaria a "mudanças tectônicas terríveis, não apenas na Síria, mas em todo Oriente Médio".
Ela afirmou, ainda, que uma mudança de regime na Síria iria "criar um vácuo que teria que ser rapidamente preenchido por terroristas de todos os tipos".
Até o momento, a coalizão liderada pelos EUA não tem realizado ataques contra o Exército sírio e tampouco se conhecem planos sobre uma possível iniciativa. Washington qualificou como um erro o bombardeio feito em 17 de setembro, que causou a morte de ao menos 100 soldados sírios.
As tensões entre EUA e Rússia em relação à Síria aumentaram desde o fracasso do cessar-fogo no mês passado, com cada lado se acusando mutuamente de violar a trégua.
Novos ataques contra rebeldes
As forças do governo sírio apoiadas por aviões russos lançaram neste sábado uma grande ofensiva em áreas controladas pelos rebeldes no norte da cidade de Aleppo, considerada o último bastião urbano dos insurgentes que lutam contra o regime do presidente Bashar al-Assad.
Os ataques aéreos feitos por aviões não identificados em Aleppo atingiram o hospital M10, um dos maiores do leste da cidade de Aleppo. De acordo com o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH), uma organização não governamental sediada em Londres, o bombardeio deixou um morto e danos materiais no local.
Nesta sexta-feira, o jornal russo Izvestia afirmou que Moscou está enviando mais aviões de guerra à Síria para intensificar sua campanha de ataques aéreos. A publicação diz que aeronaves Su-24 e Su-34 – bimotores usados durante a guerra soviética no Afeganistão nos anos 1980 – aterrissaram na base de Hmeymim, na Síria.
FC/efe/lusa/rtr/dpa/ap
Amor em tempos de guerra na Síria
Apesar dos contínuos bombardeios sobre sua cidade natal, um casal de Homs recusou-se a abandonar a esperança, usando as ruínas como cenário para seu álbum de casamento. A agência AFP deu projeção mundial às imagens.
Foto: Getty Images/AFP/J. Eid
Vida e amor entre ruínas
Nada Merhi, de 18 anos, e o soldado Hassan Youssef, de 27, escolheram um pano de fundo inusitado para suas fotos de casamento: as ruínas de sua cidade natal, Homs, na Síria, destroçada por bombardeios. A ideia foi do fotógrafo Jafar Meray, com a intenção de mostrar que "a vida é mais forte do que a morte".
Foto: Getty Images/AFP/J. Eid
"O amor reconstrói a Síria"
Um mês depois de o casal sírio posar na cidade bombardeada, a agência de notícias francesa AFP divulgou uma série feita por um de seus fotojornalistas, documentando a iniciativa. O fotógrafo Meray postou o inusitado álbum de casamento no Facebook, sob o título "O amor reconstrói a Síria".
Foto: Getty Images/AFP/J. Eid
Cidade dilacerada
A guerra civil na Síria já fez mais de 250 mil vítimas, a maior parte delas civis. Terceira maior cidade síria, Homs tem sofrido tremendamente com as ofensivas das forças leais ao presidente Bashar al-Assad. Ela foi uma das primeiras cidades a se opor ao governo em 2012, embora em vão. Desde então, o governo conseguiu expulsar de Homs a maioria dos combatentes rebeldes.
Foto: Getty Images/AFP/J. Eid
Destroços cinzentos, vestido branco
Em meio à antes próspera metrópole, o branco do vestido de noiva de Nada realça a destruição que circunda o jovem casal. Buracos de bala, prédios abandonados, ruínas incendiadas e estradas desertas são um lembrete constante das vidas que Homs abrigava antes da guerra civil.
Foto: Getty Images/AFP/J. Eid
Ataques continuam
Homs continua sendo alvo frequente de ataques armados. Em 26 de janeiro de 2016, 22 pessoas foram mortas e mais de cem feridas num atentado suicida a bomba no bairro de Al-Zahra. A maioria da população local é de alauítas, a seita islâmica minoritária a que também pertencem o presidente Assad e sua família. A milícia jihadista do "Estado Islâmico" (EI) reivindicou o ato terrorista.
Foto: Getty Images/AFP/J. Eid
Homs não é única vítima
Desde 30 de setembro de 2015, aviões de combate russos têm realizado ofensivas aéreas em apoio às forças de Assad. Homs não é a única cidade síria atingida: em 15 de fevereiro, um hospital perto de Murat al-Numan, a cerca de 280 quilômetros de Damasco, foi atingido por bombardeios. Ao menos nove pessoas morreram.
Foto: Getty Images/AFP/J. Eid
Pressão internacional
Numa entrevista à agência de notícias AFP, Assad afirmou que continuaria a lutar, apesar da pressão internacional crescente no sentido de um cessar-fogo. O ministro saudita do Exterior, Adel al-Jubeir, rebateu, falando a um jornal alemão: "Não vai mais haver um Bashar al-Assad no futuro. Ele não vai mais arcar com a responsabilidade pela Síria."
Foto: Getty Images/AFP/J. Eid
Destaque na Conferência de Munique
O sofrimento contínuo dos habitantes nas áreas sitiadas da Síria foi um dos pontos centrais de debate na Conferência de Segurança de Munique, realizada de 12 a 14 de fevereiro de 2016 e dedicada à segurança. O secretário de Estado americano, John Kerry, declarou: "Em nossa opinião, a grande maioria dos ataques da Rússia foi contra grupos oposicionistas legítimos."
Foto: Getty Images/AFP/J. Eid
Repercussão na rede social
Alguns usuários do Facebook comentaram as imagens de Jafar Meray de forma emocional. "Sinto-me como o noivo na foto", escreveu um deles. Outro desejou: "Que Deus esteja com vocês e com todos os sírios. Obrigado por todas estas fotos e por partilhá-las com o mundo." Um terceiro propôs um título alternativo: "Amor em tempos de guerra".
Foto: Getty Images/AFP/J. Eid
Prova de que a vida continua
As fotografias de Meray se tornaram um sucesso tão grande que, além de comentá-las, seus seguidores no Facebook criaram sequências de slides com a série e a transformaram em vídeos para o YouTube. Para um usuário, o trabalho de Meray é "prova de que a vida continua, mesmo em Homs, a cidade mais devastada da Síria".