Rússia e EUA vetam resoluções rivais na ONU
26 de outubro de 2023O Conselho de Segurança das Nações Unidas ainda não conseguiu chegar a um consenso sobre como lidar com a guerra entre Israel e o grupo Hamas. Nesta quarta-feira (25/10), mais duas propostas de resoluções, uma apresentada pelos EUA e outra pela Rússia, fracassaram. Com isso, quatro textos já foram rejeitados pelo Conselho de Segurança desde a escalada de violência em Israel e na Faixa de Gaza a partir de 7 de outubro, quando o Hamas lançou uma ofensiva terrorista e os israelenses responderam com pesados ataques retaliatórios.
Nesta quarta-feira, o primeiro texto rejeitado envolveu uma proposta de resolução apresentada pelos EUA, teve dez votos a favor, duas abstenções - incluindo o Brasil - e três contra - entre eles, de Rússia e China, que têm direito a veto.
Além de condenar "inequivocamente os odiosos ataques terroristas do Hamas e outros grupos", o texto afirmava "o direito de todos os Estados à autodefesa", sem mencionar Israel especificamente.
Também pedia "pausas humanitárias" para que a ajuda chegue à população de Gaza, submetida a um cerco israelense, e à necessidade de continuar trabalhando pela criação de dois Estados, um israelense e outro palestino, convivendo "lado a lado, em paz".
Submetido a votação em seguida, a proposta russa, copatrocinada pela Venezuela apesar de o país sul-americano não fazer parte do Conselho, teve o mesmo destino, evidenciando a divisão entre as principais potências sobre a questão palestina.
O texto russo teve quatro votos a favor, dois contra (Estados Unidos e Reino Unido) e nove abstenções - incluindo o Brasil e a França. No caso do texto russo, os vetos dos EUA e Reino Unido nem eram necessários, já que a proposta nem sequer alcançou o mínimo de nove votos necessários.
No texto, a Rússia pedia "o estabelecimento imediato de um cessar-fogo humanitário duradouro e plenamente respeitado", e condenava "toda a violência e as hostilidades contra civis".
Diferentemente de outra proposta russa rejeitada na semana passada (que teve apenas o voto de 5 dos 15 membros do Conselho de Segurança), este mencionava especificamente o Hamas e condenava "os ataques abomináveis" do grupo palestino contra Israel em 7 de outubro. Para a França, o fato de não qualificar estes ataques como "terroristas", motivou sua abstenção.
Para ser aprovada, uma resolução requer a aprovação de pelo menos 9 dos 15 membros do Conselho, e evitar o veto de qualquer um dos cinco membros permanentes (Estados Unidos, Reino Unido, França, Rússia e China).
Na semana passada, os Estados Unidos vetaram uma resolução proposta pelo Brasil, que atualmente preside o conselho. A proposta brasileira recebeu 12 votos a favor e duas abstenções (da Rússia e do Reino Unido), mas foi barrada pelos EUA porque o texto não mencionava "o direito de Israel de se defender".
Malta, um dos 10 membros não permanentes do Conselho, afirmou que está trabalhando na apresentação de um novo texto. "Temos o dever e a obrigação de agir", disse a embaixadora Vanessa Frazier.
jps (AFP, ots)