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Rússia e Ucrânia aproximam-se de acordo sobre fornecimento de gás

26 de setembro de 2014

Comissário da UE, ministros dos dois países e chefe da Gazprom propõem "pacote de inverno" para garantir abastecimento da ex-república soviética nos próximos meses. Plano aguarda aprovação de Kiev e Moscou.

Foto: picture-alliance/AP Photo

A disputa entre a Rússia e a Ucrânia sobre fornecimento de gás está perto de um acordo – ao menos temporário. Uma espécie de "pacote de inverno" deve garantir a entrada de gás na Europa nos próximos meses.

"Desenvolvemos um projeto viável para um pacote de inverno", disse o comissário de Energia da União Europeia (UE), Günther Oettinger, nesta sexta-feira (26/09), em Berlim.

Oettinger, que coordenou as conversas entre os dois países, propôs o seguinte compromisso: a Ucrânia deve pagar uma parcela de sua dívida com a companhia russa Gazprom 3,1 bilhões de dólares até dezembro, sendo que 2 bilhões devem ser pagos até o fim de outubro. Para tal, a Comissão Europeia vai obter garantias junto ao Fundo Monetário Internacional (FMI), segundo o comissário.

Em troca, a Rússia teria que garantir, após a transferência dos 2 bilhões de euros, o fornecimento de gás a à ex-república soviética durante todo o inverno, o que equivale a no mínimo cinco bilhões de metros cúbicos de gás. E tudo a preço fixo de 385 dólares por mil metros cúbicos.

Nas negociações moderadas por Oettinger, participaram ainda os ministros de Energia da Rússia, Alexander Novak, e da Ucrânia, Yuri Prodan, além do chefe da Gazprom, Alexei Miller.

"As chances de que ambas as partes assinem o acordo são muito altas", disse Oettinger, que espera uma resposta dos governos de Moscou e Kiev até a semana que vem. Em seguida, ele pretende trazer os representantes dois países novamente a Berlim.

Disputa na Justiça

Em junho deste ano, a Rússia cortou o envio de gás à Ucrânia, após Kiev se recusar a aceitar um aumento dos preços e não pagar dívidas milionárias com a Gazprom. A disputa entre os dois países pode ter implicações para a Europa, pois grande parte do gás russo fornecido aos países da UE passa pela Ucrânia.

Desde meados deste ano, a Ucrânia, desestabilizada por conflitos no leste do país, recebe gás da Europa, o que a Rússia considera ilegal. Moscou inclusive ameaçou cortar o envio de gás também a outros países europeus, caso a UE não interrompesse a reexportação de gás à Ucrânia. "Os contratos assinados não preveem a reexportação do gás", protestou Novak, na época.

Justamente por temer o corte da remessa de gás, a operadora de gás húngara FGSZ comunicou nesta sexta-feira que o fornecimento de gás à Ucrânia havia sido suspenso por tempo indeterminado. A empresa disse que o abastecimento foi cortado a fim de que sejam feitos ajustes técnicos que garantam o suprimento da demanda interna, que tem prioridade.

Uma sentença do Tribunal de Arbitragem de Estocolmo sobre a disputa pelo gás está prevista para o ano que vem, segundo Oettinger. Caso ela seja a favor da Ucrânia, todas as faturas em aberto estariam liquidadas com o pagamento dos 3,1 bilhões de dólares. Se o julgamento favorecer a Rússia, o governo ucraniano teria que pagar um valor extra. Moscou exige 5,2 bilhões de dólares de Kiev.

PV/dpa/rtr/afp

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