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Rússia e Ucrânia trocam prisioneiros após anos de tensões

7 de setembro de 2019

Medida é vista como primeiro passo para pôr fim ao conflito armado entre os dois países. Entre os libertados estão o cineasta ucraniano Oleg Sentsov e o jornalista russo Kyrylo Vyshynsky.

Cineasta ucraniano Oleg Sentsov retorna a Kiev em troca de prisioneiros entre seu país e a Rússia
Cineasta ucraniano Oleg Sentsov (esq.) retorna a Kiev em troca de prisioneiros entre seu país e a RússiaFoto: Reuters/G. Garanich

Rússia e Ucrânia promoveram uma troca de prisioneiros neste sábado (07/09), em uma medida amplamente vista como uma abertura para uma possível melhora nas relações entre os dois países. 

As trocas envolveram 70 prisioneiros – 35 de cada lado – em um acordo considerado pelo presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, como "um primeiro passo" para pôr fim ao conflito no leste de seu país, onde separatistas pró-Rússia realizam uma insurgência contra Kiev que já dura cinco anos.

Um avião com prisioneiros ucranianos detidos na Rússia partiu do aeroporto de Vnukovo, enquanto, simultaneamente, outra aeronave decolava de Kiev com os 35 russos a bordo. Dos dois lados, familiares dos prisioneiros os receberam nos aeroportos sob aplausos e comemorações.

Entre os prisioneiros ucranianos estavam 24 marinheiros detidos pela Guarda Costeira russa em novembro, acusados de entrar ilegalmente em águas territoriais do país. Também retornou a Kiev o cineasta Oleg Sentsov, condenado em Moscou por supostas atividades terroristas na Península da Crimeia, região ucraniana anexada pela Rússia em 2014.

Nascido na Crimeia, Sentsov estava preso há cinco anos, desde que foi detido poucos meses após a anexação. No ano passado, o Parlamento Europeu o agraciou com o prêmio Sakharov de Liberdade e de Direitos Humanos. "Agradeço a todas as pessoas que lutaram por nós", disse o cineasta ao chegar a Kiev neste sábado.

Entre os russos libertados estava o jornalista Kyrylo Vyshynsky, de nacionalidade russa e ucraniana, acusado por Kiev de traição por escrever reportagens que tentavam justificar a anexação da Crimeia.

A controversa anexação da Península, amplamente condenada pelos governos ocidentais, aprofundou a crise entre a Ucrânia e a Rússia iniciada com a deposição do presidente pró-Moscou Viktor Yanukovich em Kiev.

A situação se agravou com o apoio russo aos avanços das forças separatistas no leste ucraniano. Os conflitos na região de Donetsk e Lugansk já deixaram mais de 13 mil mortos.

Também retornou à Rússia o suposto especialista em defesa aérea Vladimir Tsemakh. Ele teria trabalhado para os separatistas que abateram com um míssil o voo MH17 da Malaysia Airlines quando sobrevoava o leste da Ucrânia, em 2014. O incidente causou a morte das 298 pessoas a bordo, entre elas 193 holandeses.

Investigadores da Holanda que interrogaram Tsemakh afirmaram que ele seria uma testemunha do caso, e não um suspeito.

Zelenski assumiu a presidência da Ucrânia em maio e passou a adotar uma atitude conciliatória em relação à Rússia, na tentativa de possibilitar o fim do conflito no leste de seu país. "Demos o primeiro passo", disse o presidente após cumprimentar os ex-prisioneiros na pista do aeroporto em Kiev. "Temos de dar todos os passos para encerrar essa guerra terrível."

Ele confirmou ter acertado a troca de prisioneiros com o presidente russo, Vladimir Putin, e disse contar com a realização de um encontro envolvendo Ucrânia, Rússia, França e Alemanha, para pôr fim ao conflito, nos moldes do Acordo de Minsk, de 2015.

A chanceler federal alemã, Angela Merkel, exaltou a medida e pediu a implementação do cessar-fogo acordado em 2015 na cidade de Minsk, em Belarus, com a intermediação de seu país e da França.

"É um sinal de esperança", afirmou Merkel, em nota divulgada neste sábado pela chancelaria em Berlim. "Vale a pena darmos continuidade ao trabalho árduo de implementarmos o acordo de Minsk."

RC/dpa/rtr/afp

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