1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Rússia enfrenta 3° dia de incursão ucraniana

8 de agosto de 2024

Em ataque surpresa, tropas ucranianas teriam avançado mais de 10 quilômetros dentro da Rússia. Zelenski afirma que "a Rússia trouxe a guerra para nossa terra e deve sentir o que fez".

Kursk
Blogueiros militares russos próximos relataram avanços significativos dos ucranianos e lamentaram a deterioração da situaçãoFoto: Belkin Alexey/Russian Look/news.ru/picture alliance

A Rússia enfrenta nesta quinta-feira (08/07) pelo terceiro dia consecutivo uma grande incursão de tropas ucranianas na região fronteiriça de Kursk, que tem sido encarada como um revés inesperado para o Kremlin.

As tropas de Kiev entraram no sudoeste da Rússia na manhã de terça-feira, com cerca de mil soldados e vinte veículos blindados e tanques, segundo o Exército russo. Tudo indica que esta é a maior incursão da Ucrânia em território inimigo desde que a Rússia lançou a sua guerra de agressão em fevereiro de 2022.

Incursões anteriores da Ucrânia na Rússia, perto da cidade de Belgorod, foram lideradas por grupos descritos como sendo de russos anti-Kremlin apoiados pela Ucrânia. Mas, desta vez, a incursão foi conduzida diretamente por forças ucranianas, usando uma combinação de infantaria, blindados e drones.

Nesta quinta-feira, o presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, defendeu que a Rússia deve sentir as consequências do conflito que desencadeou. "A Rússia trouxe a guerra para nossa terra e deve sentir o que fez", sublinhou Zelenski, sem mencionar explicitamente a entrada de tropas ucranianas na Rússia.

Já o conselheiro presidencial ucraniano Mikhail Podoliak garantiu que a operação é uma consequência da agressão russa contra o seu país.

"A principal causa de toda escalada, de todos os bombardeios, de todas as ações militares (…), mesmo dentro do território da Federação Russa, como as regiões de Kursk e Belgorod, é exclusivamente a agressão russa", publicou Podoliak na rede X, sem reivindicar diretamente a ação.

O Instituto para o Estudo da Guerra (ISW), um think tank americano especializado em questões de defesa, afirmou que "as forças ucranianas fizeram avanços confirmados de até 10 km na região russa de Kursk".

"A magnitude e localização confirmadas dos avanços ucranianos na região de Kursk indicam que as forças ucranianas violaram pelo menos duas linhas defensivas e um reduto russo", acrescentou o ISW.

Avanço em território estratégico

O líder russo, Vladimir Putin, classificou a operação como uma "provocação em grande escala" por parte de Kiev, enquanto o seu Exército prometeu esmagar a incursão.

Vários analistas afirmam que os soldados ucranianos chegaram a Sudzha, uma posição-chave a cerca de 10 quilômetros da fronteira, onde há uma estação que fornece gás à Europa, passando pela Ucrânia.  Esta localidade distribui gás à Eslováquia e Hungria, cujo primeiro-ministro, Viktor Orbán, mantém relações amistosas com Putin.

A gigante energética russa Gazprom informou nesta quinta-feira que continua fornecendo gás à estação de Sudzha. Já o Kremlin afirmou que a situação é "estável e sob controle".

. "A Rússia trouxe a guerra para nossa terra e deve sentir o que fez", sublinhou ZelenskiFoto: Sergei Supinsky/AFP/Getty Images

No entanto, blogueiros militares russos próximos relataram avanços significativos e lamentaram a deterioração da situação. "A situação é complexa e continua piorando", disse o blogueiro Yury Podolyaka no Telegram. Ele afirmou que Sudzha estava "cheia de soldados ucranianos". "O inimigo está ganhando posição, o que indica que os combates serão de longo prazo", observou o canal Dva Mayora Telegram, conhecido pela sua proximidade ao Exército de Moscou.

O canal afirmou que Sudzha está "praticamente sob controle" das forças ucranianas e que as tropas russas estão localizadas apenas no leste da cidade.

O governador da região de Kursk decretou na quarta-feira à noite estado de emergência, que dá às autoridades o poder de restringir a circulação, em uma tentativa de controlar a situação. Segundo as autoridades desta região, pelo menos cinco civis morreram e 28 ficaram feridos, incluindo várias crianças.

Quase 3.000 pessoas foram evacuadas e ataques cibernéticos deixaram vários serviços "temporariamente" fora do ar, segundo a mesma fonte.

jps (AFP, Lusa, ots)