Rússia estuda troca de político por prisioneiros ucranianos
21 de maio de 2022
Moscou cogita trocar Viktor Medvedchuk, aliado mais próximo de Vladimir Putin na Ucrânia, por membros do Batalhão Azov capturados em Mariupol.
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A Rússia vai analisar a possibilidade de trocar combatentes do Batalhão Azov feitos prisioneiros em Mariupol pelo milionário e político pró-Moscou Viktor Medvedchuk, aliado mais próximo de Vladimir Putin na Ucrânia.
"Vamos estudar a questão", disse neste sábado (21/05) Leonid Slutsky, membro sênior da delegação russa nas negociações com Kiev.
Em uma conferência de imprensa na cidade separatista de Donetsk, no sudeste da Ucrânia, Slutsky adiantou que a possibilidade da troca será tratada em Moscou por "aqueles que têm as prerrogativas".
Medvedchuk, de 67 anos, escapou da prisão domiciliar após a invasão russa da Ucrânia, mas foi preso novamente em meados de abril, acusado de traição e peculato. Entre os crimes, está tentativa de roubo de recursos naturais na Crimeia, península ucraniana anexada ilegalmente pela Rússia em 2014.
Na sexta-feira, o ministro da Defesa da Rússia, Serguei Choigu, anunciou a completa rendição da resistência ucraniana na usina siderúrgica da Azovstal, em Mariupol, após os últimos 531 combatentes que estavam no local se entregarem.
A fábrica de Azovstal era o último bastião da resistência ucraniana em Mariupol, cidade portuária sitiada por tropas russas desde os primeiros dias da invasão da Ucrânia pela Rússia.
Segundo o porta-voz do Ministério da Defesa russo, Igor Konashenkov, entre os últimos soldados a se renderem estavam os comandantes do Batalhão Azov, regimento nacionalista que foi integrado ao exército da Ucrânia e que o Kremlin classifica como "neonazista".
Não há detalhes claros sobre o destino dos combatentes ucranianos que estavam na usina siderúrgica. Anteriormente, uma parte dos soldados de Azovstal havia sido levada para o território russo, enquanto outros para áreas controladas pelas milícias pró-russas que comandam a província de Donetsk.
Desde 16 de maio, um total de 2.439 soldados ucranianos depuseram suas armas, disse a Rússia na sexta-feira, grande parte deles integrantes do Batalhão Azov.
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Troca pode se complicar
Na próxima quinta-feira, o Supremo Tribunal russo deve analisar um pedido para classificar o Batalhão Azov como uma "organização terrorista", o que poderá complicar a troca de prisioneiros.
O líder dos separatistas de Donetsk, Denis Puchilin, disse neste sábado que os combatentes ucranianos que defenderam a fábrica Azovstal e se renderam deveriam ser julgados.
"Acredito que um caso legal é inevitável: a justiça deve prevalecer", afirmou Pushilin, de acordo com a agência de notícias Ria Novosti.
O Batalhão Azov surgiu em 2014 como uma milícia de extrema direita criada para combater grupos separatistas no leste da Ucrânia. Os membros do regimento, porém, negam que possuam tendências nazistas ou fascistas. A Ucrânia diz que o batalhão foi remodelado e incorporado à Guarda Nacional do país.
le (AFP, DPA, Lusa)
Estrelas do esporte da Ucrânia que pegaram em armas
Em vez de deixar o país, vários atletas famosos da Ucrânia escolheram lutar para proteger sua pátria contra a invasão russa. Selecionamos aqui alguns nomes.
Foto: Efrem Lukatsky/AP/picture alliance
Dmitro Pidruchni (Biatlo)
Após retornar dos Jogos Olímpicos de Inverno de 2022 em Pequim, Dmitro Pidruchni se alistou na Guarda Nacional Ucraniana para lutar contra a invasão russa de seu país. O biatleta de 30 anos é ex-campeão europeu e já participou de dois Jogos Olímpicos.
Foto: YUTAKA/AFLOSPORT/imago images
Vitali Klitschko (Boxe)
Um dos esportistas mais famosos da Ucrânia, Vitali Klitschko conquistou o Campeonato Mundial de Pesos Pesados nos anos 2000 nas organizações WBO e WBC e defendeu 12 vezes seus títulos. Ele é o prefeito de Kiev desde 2014. Aos 50 anos, disse à agência de notícias AFP que estava "pronto para pegar em armas" para defender sua pátria.
Foto: FABIAN BIMMER/REUTERS
Vladimir Klitschko (Boxe)
O irmão de Vitali, Vladimir Klitschko, ganhou a medalha de ouro no boxe olímpico de 1996, antes de conquistar os títulos de IBO, WBA, IBF e WBO na divisão de pesos pesados. Ele se aposentou em 2016, mas agora, aos 45 anos, se juntou à reserva do exército ucraniano em apoio ao esforço de guerra contra a invasão russa, exatamente como seu irmão mais velho.
Foto: Efrem Lukatsky/AP Photo/picture alliance
Sergei Stachowski (Tênis)
O ex-tenista Sergei Stachowski é famoso principalmente por derrotar Roger Federer na segunda rodada de Wimbledon em 2013, quando era 116º no ranking mundial. Agora, aos 36 anos, ele voltou à Ucrânia para participar dos combates depois que a Rússia invadiu o país no final de fevereiro.
Foto: JB Autissier/PanoramiC/imago images
Oleksandr Usyk (Boxe)
Usyk é o campeão mundial de pesos-pesados pela WBA, IBF, WBO e IBO. O medalhista de ouro olímpico de 2012 tem 35 anos e se alistou no exército ucraniano para defender seu país. "Não quero atirar, não quero matar, mas não tenho escolha", disse Usyk à agência de notícias AFP.
Foto: Pavlo Bagmut/Ukrinform/imago images
Oleh Luzhni (Futebol)
O ex-jogador de futebol Oleh Luzhnyi venceu a Liga dos Campeões com o Arsenal no início dos anos 2000. O jogador de 53 anos entrou na guerra para defender sua pátria. "A situação é horrível", disse ele à Sky Sports. "Eu quero vir para treinar no Reino Unido, mas antes de tudo eu me manterei firme e lutarei pelo meu povo, pelo meu país e pela democracia".
Foto: Chris Lobina/Getty Images
Vasili Lomachenko (Boxe)
Um dos maiores boxeadores a sair da Ucrânia, Lomachenko ganhou duas medalhas olímpicas de ouro nas divisões de peso-pluma e peso-leve antes de ganhar títulos mundiais em três divisões. Ele venceu sua mais recente luta em dezembro contra Richard Commey, no Madison Square Garden. Aos 34 anos, se alistou nas forças ucranianas na luta contra a Rússia em sua cidade natal, Bilhorod-Dnistrovski.
Foto: Sarah Stier/Getty Images
Yuri Vernydub (técnico de futebol)
Vernydub é o técnico do Sheriff Tiraspol, a equipe moldava que derrotou o Real Madrid por 2x1 na Liga dos Campeões em setembro de 2021. Aos 56 anos, o ex-jogador de futebol se juntou às forças ucranianas na luta contra a Rússia. Ele jogou na primeira divisão russa pelo Zenit de São Petersburgo de 1997 a 2000.
Foto: Pavlo Bahmut/Ukrinform/imago images
Yaroslav Amosov (MMA)
Amosov é o atual campeão de pesos-marciais pela organização Bellator MMA. Aos 28 anos, ele se comprometeu a defender a Ucrânia, renunciando à chance de defender seu título em maio, contra Michael Page.