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Rússia expulsa 60 diplomatas americanos

29 de março de 2018

Em resposta à expulsão de funcionários russos pelos EUA, Moscou anuncia medida recíproca, que inclui fechamento do consulado americano em São Petersburgo. Decisão está ligada ao envenenamento de ex-espião russo.

O consulado americano em São Petersburgo, a segunda maior cidade da Rússia
O consulado americano em São Petersburgo, a segunda maior cidade da RússiaFoto: picture-alliance/dpa/TASS/P. Kovalev

A Rússia anunciou nesta quinta-feira (29/03) a expulsão de 60 diplomatas americanos de seu território, bem como o fechamento do consulado dos Estados Unidos em São Petersburgo, em resposta a medidas semelhantes adotadas pelo governo americano no início desta semana.

"As medidas serão recíprocas. Elas incluem a expulsão do número equivalente de diplomatas, bem como nossa decisão de anular o acordo que permite que o consulado geral dos Estados Unidos opere em São Petersburgo", afirmou o ministro russo do Exterior, Sergei Lavrov.

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Segundo o Ministério do Exterior, foram declarados persona non grata 58 diplomatas em Moscou e dois funcionários do consulado em Ecaterimburgo. Eles terão até 5 de abril para deixar o país.

A decisão é mais um episódio da escalada de tensão entre Moscou e o Ocidente após o envenenamento do ex-espião russo Sergei Skripal em 4 de março passado no Reino Unido. Londres, que acusa a Rússia de responsabilidade pelo ataque, recebeu o apoio de seus aliados no caso.

Na última segunda-feira, os EUA anunciaram a decisão de expulsar 60 diplomatas russos e fechar o consulado do país em Seattle, em resposta ao envenenamento de Skripal. A atitude foi seguida por mais de 20 países, que desde então já expulsaram, ao todo, cerca de 150 diplomatas da Rússia.

Na ocasião, Washington afirmou que as medidas faziam parte de uma ação coordenada contra Moscou, e que foram tomadas "em resposta ao uso, por parte da Rússia, de uma arma química de nível militar no solo do Reino Unido". Foi a ação mais dura já tomada pelo governo do presidente Donald Trump contra Moscou.

O anúncio russo desta quinta-feira é a primeira resposta do Kremlin desde a onda de reações internacionais ao incidente, que também levou à expulsão de sete diplomatas russos da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), na terça-feira.

Além dos EUA, o ministro Lavrov afirmou que Moscou também pretende responder à altura aos outros países que expulsaram diplomatas russos em apoio a Londres.

Segundo o chanceler russo, seu país reage a "ações absolutamente inaceitáveis tomadas contra nós sob uma pressão muito dura dos EUA e do Reino Unido, com o pretexto do chamado caso Skripal". Ele acusou o governo britânico de "forçar todo mundo a seguir um caminho anti-Rússia".

Os Estados Unidos, por sua vez, rechaçaram as medidas anunciadas pelo Kremlin nesta quinta-feira, afirmando "não haver justificativa" para tal. "A Rússia decidiu tomar uma atitude lamentável e injustificada para responder às nossas medidas totalmente justificadas", disse Heather Nauert, porta-voz do Departamento de Estado americano.

Trata-se da segunda represália russa no caso Skripal. Há cerca de duas semanas, Moscou havia ordenado a expulsão de 23 diplomatas britânicos em resposta a medida idêntica tomada pelo Reino Unido em reação ao envenenamento. O governo russo também vetou a abertura de um consulado em São Petersburgo, a segunda maior cidade do país.

Skripal, de 66 anos, e sua filha Yulia, de 33, permanecem internados desde que foram encontrados inconscientes, em 4 de março passado, num banco próximo a um parque na cidade de Salisbury, localizada a 120 quilômetros de Londres.

Os médicos comunicaram nesta quinta-feira que o estado de saúde de Yulia deixou de ser crítico. "Estou feliz em poder informar uma melhora na condição de Yulia Skripal. Ela respondeu bem ao tratamento, mas continua recebendo cuidado clínico especializado 24 horas por dia", disse Christine Blanshard, diretora clínica do hospital em Salisbury. O estado do pai segue crítico, mas estável.

Especialistas britânicos que trabalham no caso identificaram o agente nervoso que os envenenou como pertencente a um grupo de substâncias tóxicas conhecido como Novichok, fabricado pela União Soviética nos anos 1970 e 1980. A Rússia, porém, nega qualquer envolvimento no ataque.

Nesta quarta-feira, o Ministério do Exterior russo cogitou a participação do próprio Reino Unido no crime. "Uma análise de todas as circunstâncias revela um desinteresse das autoridades britânicas em encontrar os verdadeiros motivos e os perpetradores do crime", disse o governo em nota. "Isso nos leva à ideia de um possível envolvimento dos serviços especiais britânicos."

EK/afp/dpa/efe/lusa/rtr

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