Rússia inclui Navalny em lista de terroristas e extremistas
25 de janeiro de 2022
Crítico de Putin, líder oposicionista é colocado, assim como alguns de seus principais aliados, na mesma categoria que grupos extremistas como Talibã e "Estado Islâmico".
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A Rússia incluiu nesta terça-feira (25/01) o líder oposicionista Alexei Navalny e alguns de seus principais aliados numa lista de terroristas e extremistas - na mais recente investida contra a oposição no país.
Navalny, conhecido como o mais feroz crítico do presidente Vladimir Putin, e oito de seus aliados – incluindo seus principais assessores, Lyubov Sobol e Georgy Alburov – foram adicionados à lista pelo Serviço Federal de Monitoramento Financeiro da Rússia (Rosfinmonitoring). A lei determina que as contas bancárias daqueles que estão na lista sejam congeladas.
Com isso, Navalny e seus aliados foram colocados na mesma categoria que grupos nacionalistas de direita e organizações terroristas estrangeiras, incluindo o Talibã e o "Estado Islâmico".
O oposicionista foi condenado a dois anos e meio de prisão por violar as condições de sua liberdade condicional relacionada a uma sentença por fraude proferida em 2014, ao não se apresentar regularmente às autoridades penitenciárias.
Quase todos os principais aliados de Navalny, incluindo Sobol, fugiram do país desde o ano passado. Sobol, de 34 anos, atuava como advogada na Fundação para o Combate à Corrupção e produtora do canal de Navalny no YouTube. Ela é procurada pela polícia russa desde outubro.
"Participou de eleições es estava combatendo a corrupção? Extremista", tuitou Sobol nesta terça.
Neste mês, dois outros assessores de Navalny - Ivan Zhdanov and Leonid Volkov – já haviam sido incluídos na lista de extremistas e terroristas.
As autoridades russas também vêm aumentando a pressão sobre a mídia independente e grupos de direitos humanos nos últimos anos. Dezenas foram classificados como agentes estrangeiros, uma designação que implica mais escrutínio por parte do governo. Vários foram obrigados a encerrar suas atividades para evitar mais perseguição.
Nesta terça, as autoridades também solicitaram a um tribunal que Oleg Navalny cumpra sua pena suspensa de um ano na prisão. No ano passado, Oleg e aliados de seu irmão foram condenados por violar regras da pandemia de covid-19 nos protestos em apoio ao oposicionista.
Antes disso, Oleg já havia sido condenado por fraude junto com o irmão em 2014, e foi solto em junho de 2018 após passar três anos e meio na prisão.
"Contínua repressão contra vozes críticas"
A repressão a Alexei Navalny e outras vozes dissidentes na Rússia vem causada indignação no Ocidente. Nesta terça, o porta-voz de assuntos externos da União Europeia, Peter Stano, reiterou que a "contínua repressão contra as vozes críticas na sociedade Rússia" é inaceitável.
Há mais de um século, agências de inteligência usam o envenenamento para silenciar opositores. Vítima mais recente deste método teria sido Alexei Navalny. Substâncias utilizadas vão desde toxinas a agentes nervosos.
Foto: Imago Images/Itar-Tass/S. Fadeichev
Alexei Navalny
Em agosto de 2020, o líder da oposição russa Alexei Navalny foi levado às pressas para um hospital na Sibéria após passar mal num voo para Moscou. Seus assessores dizem que ele foi envenenado como vingança por suas campanhas anticorrupção. O ativista foi transferido em coma para a Alemanha dias depois, onde exames confirmaram o envenenamento com um agente neurotóxico do tipo Novichok.
Foto: Getty Images/AFP/K. Kudrayavtsev
Pyotr Verzilov
Em 2018, o ativista russo-canadense Pyotr Verzilov ficou em estado grave após ter sido supostamente envenenado em Moscou. Tudo aconteceu logo após ele ter dado uma entrevista na TV criticando o sistema jurídico russo. Verzilov, porta-voz não oficial da banda Pussy Riot, foi transferido para um hospital em Berlim, onde os médicos disseram ser "muito provável" que ele tenha sido envenenado.
Foto: picture-alliance/dpa/Tass/A. Novoderezhkin
Sergei Skripal
Também em 2018, Sergei Skripal, um ex-espião russo de 66 anos, foi encontrado inconsciente num banco do lado de fora de um shopping na cidade britânica de Salisbury após ser exposto ao agente nervoso Novichok. Na época, o porta-voz de Moscou, Dmitry Peskov, chamou a situação de "trágica" e disse que não tinha "informações sobre qual poderia ser a causa" do incidente. Skripal sobreviveu ao ataque.
Foto: picture-alliance/dpa/Tass
Kim Jong Nam
O meio-irmão do ditador norte-coreano, Kim Jong Un, foi morto em 13 de fevereiro de 2018 no aeroporto de Kuala Lumpur, depois que duas mulheres supostamente espalharam o agente químico nervoso VX em seu rosto. Num tribunal da Malásia, foi revelado que Kim Jong Nam carregava uma dúzia de frascos de antídoto para o agente nervoso mortal VX em sua mochila no momento do ataque.
Foto: picture-alliance/AP Photo/S. Kambayashi
Alexander Litvinenko
O ex-espião russo Litvinenko trabalhou no Serviço de Segurança Federal (FSB), em Moscou, antes de desertar para o Reino Unido, onde escreveu dois livros cheios de acusações contra o FSB e Vladimir Putin. Ele adoeceu após se encontrar com dois ex-oficiais da KGB e morreu em novembro de 2006. Um inquérito descobriu que ele foi envenenado com polônio-210, que teriam colocaram em seu chá.
Foto: picture-alliance/dpa/S. Kaptilkin
Viktor Kalashnikov
Em novembro de 2010, médicos do hospital Charité detectaram altos níveis de mercúrio num casal de dissidentes russos que trabalhava na capital alemã. Kalashnikov, um jornalista freelancer e ex-coronel da KGB, tinha 3,7 microgramas de mercúrio por litro de sangue, enquanto sua esposa tinha 56 microgramas. Um nível seguro é de 1-3 microgramas. Kalashnikov acusou Moscou de tê-los envenenado.
Foto: picture-alliance/dpa/RIA Novosti
Viktor Yushchenko
O líder da oposição ucraniana Yushchenko adoeceu em setembro de 2004 e foi diagnosticado com pancreatite aguda causada por uma infecção viral e substâncias químicas. A doença resultou em desfiguração facial, com marcas parecidas com a de varíola, inchaço e icterícia. Os médicos disseram que as mudanças em seu rosto foram causadas pela cloracne, que é resultado do envenenamento por dioxina.
Foto: Getty Images/AFP/M. Leodolter
Khaled Meshaal
Em 25 de setembro de 1997, a agência de inteligência de Israel tentou assassinar Khaled Meshaal, líder do Hamas, sob ordens do premiê Benjamin Netanyahu. Dois agentes espalharam uma substância venenosa no ouvido de Meshaal quando ele entrou nos escritórios do Hamas em Amã, na Jordânia. A tentativa de assassinato fracassou e, não muito depois, os dois agentes israelenses foram capturados.
Foto: Getty Images/AFP/A. Sazonov
Georgi Markov
Em 1978, o dissidente búlgaro Markov aguardava num ponto de ônibus após um turno na BBC quando sentiu uma pontada forte na coxa. Ele se virou e viu um homem segurando um guarda-chuva. Uma pequena saliência apareceu onde ele sentiu a pontada e quatro dias depois ele morreu. Uma autópsia descobriu que ele havia sido morto por um pequeno projétil contendo uma dose de 0,2 miligrama de ricina.
Foto: picture-alliance/dpa/epa/Stringer
Grigori Rasputin
Em dezembro de 1916, o curandeiro místico e espiritual Rasputin chegou ao Palácio Moika, em São Petersburgo, a convite do Príncipe Félix Yussupov. Lá, o princípe ofereceu a Rasputin bolos contaminados com cianeto de potássio, mas nada aconteceu. Yussupov então deu a ele vinho em taças com cianeto, mas Rasputin seguiu bebendo. Diante da ineficácia do veneno, Rasputin foi morto a balas.