Rússia instalará armas nucleares em Belarus, diz Putin
25 de março de 2023
Presidente russo afirmou ter feito acordo com seu homólogo bielorrusso para estacionar os dispositivos. Seria a primeira vez que a Rússia teria esse tipo de arma fora do país desde meados da década de 90.
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A Rússia instalará armas nucleares táticas em Belarus, disse o presidente russo, Vladimir Putin, neste sábado (25/03), segundo a agência de notícias estatal russa TASS.
Putin afirmou ter chegado a um acordo sobre o tema com o presidente bielorrusso, Alexander Lukashenko, seu aliado regional mais próximo.
"Fizemos um acordo com Lukashenko de que poderíamos colocar armas nucleares táticas em Belarus sem violar o regime de não-proliferação", disse Putin, de acordo com a TASS.
"Não há nada de incomum aqui. Os Estados Unidos têm feito isso há décadas. Há muito tempo eles colocam suas armas nucleares táticas no território de seus aliados", afirmou Putin.
As armas nucleares táticas são utilizadas para obter ganhos específicos em campo de batalha. A instalação dessas armas em Belarus marcaria a primeira vez que a Rússia as teria fora do país desde meados da década de 90.
Base de armazenamento até julho
Putin disse que Lukashenko há muito tempo levantava a questão de instalar armas nucleares táticas em Belarus, e afirmou que a Rússia já estacionou dez aeronaves em Belarus capazes de transportar esse tipo de arma.
Embora Belarus não tenha armas nucleares próprias e Lukashenko tenha anteriormente levantado preocupações sobre uma potencial ameaça futura da vizinha Polônia, a relação de poder entre Putin e Lukashenko é unilateral e o líder russo têm ascendência sobre seu homólogo bielorrusso.
Putin disse ainda que a Rússia concluirá a construção de uma instalação de armazenamento de armas nucleares táticas em Belarus até 1º de julho, mas não especificou quando a transferência das armas ocorreria. Moscou não transferirá o controle das armas para Minsk, ressaltou o russo.
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Laços estreitos
Putin usou o território de Belarus para lançar sua invasão da Ucrânia. Embora no final do ano passado houvesse receio de que as forças bielorussas se juntariam às russas no campo de batalha, Lukashenko disse no início deste ano que suas forças só se mobilizariam na Ucrânia se fossem atacadas.
Putin fez uma rara viagem em dezembro do ano passado a Belarus, e disse a jornalistas que ele e Lukashenko discutiram a formação de "um único espaço de defesa" na região.
Belarus depende fortemente de Moscou para ajuda econômica e militar, mas Putin rechaçou análises de que Moscou estaria prestes a anexar seu vizinho. "A Rússia não está interessada em nenhum tipo de fusão, não é viável", disse.
O líder russo afirmou então que apoiava a proposta de Lukashenko de treinar as tripulações de aviões de guerra bielorrussos que já haviam sido modificados para transportar ogivas especiais, em referência às armas nucleares.
Lukashenko também agradeceu a Putin durante a reunião do ano passado por fornecer a seus militares mísseis Iskander de curto alcance com capacidade nuclear e sistemas de defesa aérea S-400.
bl (Reuters, dpa)
Bakhmut: a "fortaleza do Donbass" na linha de frente da guerra
Antes da invasão russa, Bakhmut tinha 70 mil moradores. Intensos combates entre tropas russas e ucranianas causaram mortes e destruição na estratégica cidade do Donbass, mas nem todos os civis a abandonaram.
Foto: LIBKOS/AP Photo/picture alliance
A cidade antes da destruição
Esta foto, tirada na primavera europeia de 2022, mostra murais com o tema "Família e Crianças" em Bakhmut. Em maio, a linha de frente da guerra chegou à cidade, e os tiros e bombardeios aéreos começaram. Muitas casas foram seriamente danificadas.
Foto: JORGE SILVA/REUTERS
"Você se sente um sem-teto"
Blocos de apartamentos no leste de Bakhmut foram os primeiros a serem atingidos por ataques russos. Hoje, os bairros se assemelham aos da cidade portuária destruída de Mariupol. "Você se sente um sem-teto, perdemos tudo. Não há para onde voltar", disse uma moradora chamada, Halyna, retirada de Bakhmut e cuja casa foi totalmente destruída.
Foto: Aris Messinis/AFP/Getty Images
Escola em ruínas
Dois professores de Bakhmut se abraçam em frente às ruínas de sua escola. Ela foi bombardeada pelo exército russo em 24 de julho de 2022. O prédio ficou bastante danificado. Não houve mortos ou feridos no ataque.
Foto: Diego Herrera Carcedo/AA/picture alliance
Patrimônio cultural em pedaços
O bombardeio russo causou a destruição de muitos prédios históricos importantes em Bakhmut, incluindo o Palácio da Cultura, a antiga casa particular do comerciante Polyakov da década de 1880 e o antigo ginásio para meninas. Edifícios mais modernos, que já foram o "cartão de visitas" de Bakhmut, também foram destruídos.
Foto: Dimitar Dilkoff/AFP/Getty Images
Preparativos para a retirada
Oleksandr Hawrys faz os preparativos finais para transferir a esposa e dois filhos de Bakhmut para Kiev. Em 7 de março de 2023, menos de 4 mil pessoas ainda estavam na cidade, que antes da guerra tinha 73 mil habitantes.
Foto: Metin Aktas/AA/picture alliance
Só ficaram os solteiros e os mais fracos
Mais de 90% dos residentes deixaram Bachmut e arredores. Por meses, algumas lojas e uma farmácia ainda funcionaram durante momentos de trégua. Instituições de caridade e voluntários levaram ajuda humanitária aos moradores da cidade.
Foto: ANATOLII STEPANOV/AFP/Getty Images
Eles resistem, apesar de tudo
A grávida Olha e seu marido, Wlad, em 28 de janeiro de 2023 em frente a um abrigo antiaéreo em Bakhmut. O casal está entre os poucos civis que permaneceram na cidade, apesar dos violentos combates. Atualmente, para entrar em Backmut é preciso um passe especial.
Foto: Raphael Lafargue/abaca/picture alliance
Viver sob medo constante
A aposentada Valentyna Bondarenko, de 79 anos, olha pela janela de seu apartamento em Bakhmut, em agosto de 2022. Por causa dos bombardeios sem fim e do perigo constante, muitos moradores de Bakhmut permanecem em porões e abrigos de emergência por meses.
Foto: Daniel Carde/Zumapress/picture alliance
O dia a dia num porão
"Estamos acostumados aos zumbidos e explosões", disse Nina, de Bakhmut, à DW. Suas filhas foram "para a Europa", mas ela e o marido pretendem ficar enquanto o exército ucraniano estiver na cidade. Se a situação piorar, eles querem deixar a cidade "para não perturbar os militares quando o inimigo se esconder atrás das casas".
Foto: Oleksandra Indukhova/DW
Na fila pela ajuda humanitária
A situação humanitária na cidade piorou, principalmente nos últimos meses de 2022, depois da ofensiva das tropas russas de 1º de agosto. A rede elétrica foi danificada pelos ataques e bombardeios. O abastecimento de alimentos se tornou difícil, e a telefonia móvel entrou em colapso. Até voluntários foram atacados.
Foto: Diego Herrera Carcedo/AA/picture alliance
Batalhas de artilharia pesada
As principais batalhas por Bakhmut são travadas entre unidades de artilharia. Segundo estimativas militares, quase toda a gama de artilharia e morteiros fica nesta área. Bakhmut é fortemente atacada por unidades do exército privado russo Grupo Wagner. Os militares ucranianos continuam resistindo aos ataques.
Foto: Bulent Kilic/AFP/Getty Images
Bandeira ucraniana de Bakhmut no Congresso dos EUA
Em 20 de dezembro, o presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, visitou soldados ucranianos perto de Bakhmut. De lá, ele levou uma bandeira ucraniana, que deu à presidente da Câmara, Nancy Pelosi, dois dias depois, durante sua visita ao Congresso dos Estados Unidos. A bandeira traz as assinaturas de soldados que defendem a soberania da Ucrânia nas linhas de frente.
Foto: Carolyn Kaster/AP Photo/picture alliance
Tratamento dos feridos em Bakhmut
As principais tarefas dos médicos militares no front são estabilizar os feridos, prevenir mortes por perda de sangue e choque e, em casos graves, garantir o transporte para hospitais de áreas mais seguras no interior do país.
Foto: Evgeniy Maloletka/AP Photo/picture alliance
Cidade está 80% em ruínas
A foto é dos últimos dias de dezembro de 2022. A fumaça sobe sobre as ruínas de casas nos arredores de Bakhmut. De acordo com as autoridades locais, em março de 2023 os violentos combates já haviam destruído mais de 80% da área habitacional da cidade.
Foto: Libkos/AP/picture alliance
Destruição registrada por satélite
Uma imagem de satélite divulgada pela Maxar em 4 de janeiro de 2023 mostra a extensão da destruição em Bakhmut. "A cidade tem sido o centro de intensos combates entre as forças russas e ucranianas nos últimos meses, e as imagens mostram danos significativos em prédios e infraestrutura", informou a empresa aeroespacial.
Foto: Maxar Technologies/picture alliance/AP
Cidade-fantasma
Esta foto de 13 de fevereiro de 2023, tirada por um drone da agência de notícias AP, mostra a extensão da destruição causada pelos combates. Fileiras inteiras de casas foram destruídas, apenas as paredes externas e as fachadas danificadas ainda estão de pé. Telhados, tetos e pisos desmoronaram, e a neve se acumula dentro das ruínas.
Foto: AP Photo/picture alliance
"Fortaleza Bakhmut"
Um soldado ucraniano diante de uma pichação no centro da cidade que diz "Bakhmut ama a Ucrânia". Embora a liderança política e militar da Ucrânia tenha decidido continuar defendendo o lugar, a Otan não descarta que Bakhmut possa cair, embora isso não signifique necessariamente uma virada na guerra.