Rússia lança ataque massivo contra rede de energia ucraniana
27 de agosto de 2024
Kiev relata uma das maiores ofensivas desde o inicio da guerra e diz que Moscou visa romper abastecimento no país. Zelenski pede que Europa ajude na defesa antiaérea ucraniana e cita Oriente Médio como exemplo.
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A Rússia lançou nesta segunda-feira (26/98) um ataque com mais de 200 mísseis e drones a instalações de energia em diferentes regiões da Ucrânia, deixando ao menos sete mortos.
O maior ataque russo em semanas gerou uma série de apagões pelo país. Cortes no abastecimento de energia e água foram registrados em diversas áreas, incluindo partes da capital, Kiev.
O presidente Volodimir Zelenski disse que seu país foi alvo de "um dos maiores ataques russos" desde o início da guerra, em fevereiro de 2022. Ele relatou ainda "grandes danos ao setor energético".
Zelenski pediu que os aliados europeus ajudem suas forças a abaterem drones e mísseis dentro do território ucraniano. "Se essa unidade vem funcionando tão bem no Oriente Médio, deverá funcionar também na Europa. A vida possui o mesmo valor em qualquer parte", afirmou o líder ucraniano, aparentemente se referindo à ajuda dos Estados Unidos à defesa antiaérea de Israel.
Danos à rede elétrica
Autoridades ucranianas avaliam que os ataques desta segunda-feira seriam parte dos esforços russos para danificar a rede elétrica da Ucrânia antes da chegada do inverno, quando aumenta a necessidade do uso de energia elétrica para o aquecimento das residências.
A Força Aérea ucraniana relatou ter abatido 102 de 127 mísseis lançados contra seu território, assim como 99 de 109 drones. O comandante da Força Aérea, Mykola Oleshchuk, descreveu os ataques russos por mar, terra e água como "os mais massivos" nesses dois anos e meio de guerra.
O primeiro-ministro ucraniano, Denys Shmyhal, disse que 15 regiões do país sofreram prejuízos. Os serviços de emergência ucranianos relataram que ao menos 47 pessoas ficaram feridas, incluindo quatro crianças.
Avanços russos no leste
O Ministério da Defesa da Rússia disse que suas forças utilizaram armamentos de alta precisão para atingir alvos importantes da infraestrutura de energia na Ucrânia que, segundo a pasta, abasteciam o complexo industrial-militar ucraniano, como subestações de energia, estações de compressores de gás e locais de armazenamento de armas para aeronaves.
Os múltiplos ataques russos ocorreram dias após o início da bem-sucedida incursão ucraniana à região russa de Kursk e em meio aos avanços das tropas russas no leste ucraniano, que se aproximam da cidade de Pokrovsk.
Após se reunir com as lideranças militares ucranianas, Zelensky confirmou a decisão de reforçar a frente de batalha próxima a Pokrovsk, onde ocorreram ao menos 38 combates nesta segunda-feira.
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EUA e Reino Unido condenam ataques
Os Estados Unidos expressaram indignação com os ataques russos desta segunda-feira. "Condenamos nos termos mais fortes a contínua guerra da Rússia contra a Ucrânia e seus esforços para deixar a Ucrânia e sua população na escuridão, com a aproximação do outono", afirmou o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos EUA, John Kirby.
Em Londres, o ministro do Exterior britânico, David Lammy, também reagiu às agressões russas. "O Reino Unido condena o ataque covarde de mísseis e drones a infraestruturas civis na Ucrânia", afirmou, em postagem no X.
Lammy também disse estar "profundamente entristecido" com a morte do jornalista da agência de notícias Reuters Ryan Evans num ataque a um hotel em Kramatorsk, a última das grandes cidades na região de Donetsk, no leste do país, ainda sob controle ucraniano.
Uma equipe de seis funcionários da Reuters estava hospedada no hotel quando o local foi atingido, no sábado. Outro jornalista da equipe, Ivan Lyubysh-Kirdey, permanece internado em estado crítico.
rc/as (Reuters, AFP)
A invasão russa da Ucrânia em imagens
Em 24 de fevereiro de 2022, Moscou invadiu o território ucraniano por terra, ar e mar, lançou foguetes e destruiu instalações militares em diferentes partes do país vizinho. Em pânico, cidadãos tentaram fugir.
Foto: Kunihiko Miura/AP/picture alliance
Ucranianos em pânico
Uma manhã dramática na Ucrânia. Depois que a Rússia iniciou um ataque ao país vizinho. e se ouviram as primeiras explosões – inclusive na capital, Kiev –, muitos fugiram. Veículos militares circulavam pelas ruas da cidade, enquanto residentes faziam as malas e tentavam deixar o local.
Foto: Sputnik/dpa/picture alliance
Filas de carros em Kiev
O desespero dos civis ucranianos gerou um enorme congestionamento na principal avenida em direção ao oeste de Kiev. O ataque foi anunciado pelo presidente russo, Vladimir Putin, num pronunciamento, alegando ter iniciado uma operação militar contra a Ucrânia para de "desmilitarizar" o país e eliminar supostas "ameaças" contra Moscou.
Foto: Chris McGrath/Getty Images
Ataques aéreos
Explosões foram ouvidas alguns minutos depois do fim do pronunciamento de Putin. Nesta foto, vê-se um outdoor aparentemente destruído por um míssel, em Kiev. O governo ucraniano falou de uma "invasão em grande escala" de seu território, assegurando que o país "se defenderá e vencerá".
Foto: Efrem Lukatsky/AP Photo/picture alliance
Tropas ucranianas se mobilizam
Tanques ucranianos se deslocam para a cidade portuária de Mariupol, no sudeste do país. As Forças Armadas ucranianas são as segundas maiores da região, porém a Rússia as supera em todas as áreas, exceto no número de soldados na ativa.
Foto: Carlos Barria/REUTERS
Explosões em várias partes do país
Soldados examinam os restos de um foguete numa praça da capital ucraniana. Além de Kiev, explosões atingiram várias cidades próximas à fronteira com a Rússia. O mesmo ocorreu nas regiões costeiras, bem como na cidade portuária de Odessa, próxima à Península da Crimeia, ocupada por Moscou.
Foto: Valentyn Ogirenko/REUTERS
Rússia destrói instalações militares
Algumas partes da Ucrânia ficaram cobertas por fumaça preta após as explosões. A coluna de fumaça nesta foto parte de um aeroporto militar que teria sido atingido por bombardeios, perto da cidade de Kharkiv, no leste do país.
Foto: Aris Messinis/AFP/Getty Images
Ameaça à população
O Ministério da Defesa russo afirma que não visa cidades e "não há ameaça à população civil". A Agência de Segurança da Aviação da União Europeia descreveu o espaço aéreo ucraniano como "zona de conflito ativo". Os metrôs de Kiev foram liberados ao público e muitos civis se abrigaram nas estações, como mostra esta foto.
Foto: AFP via Getty Images
Explosões em áreas residenciais
Apesar do que diz o governo russo, há relatos de explosões em áreas residenciais. Bombeiros tentam conter um incêndio num bloco de apartamentos após um suposto ataque aéreo na localidade de Chuhuiv, perto de Kharkiv, no leste do país.
Foto: Wolfgang Schwan/AA/picture alliance
Invasão por terra
A invasão russa à Ucrânia ocorre também por mar e terra. Esta foto capturada por uma câmera de vigilância e publicada pelas autoridades fronteiriças da Ucrânia mostraria veículos militares russos cruzando a fronteira na Crimeia, em direção à Ucrânia. Essa península foi anexada pela Rússia em março de 2014.
Foto: State Border Guard Service Of Uk/picture alliance/dpa/PA Media
Alguns fogem, outros se preparam
Os efeitos dos ataques podem ser observados em todo o país. Na cidade de Lviv, de 700 mil habitantes, no extremo oeste da Ucrânia, longas filas se formaram em caixas eletrônicos O mesmo ocorreu em supermercados e lojas, na esperança de estocar alimentos e água. Enquanto alguns tentavam fugir, outros pareciam se preparar para se isolar.