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MigraçãoPolônia

Rússia nega envolvimento na crise entre Polônia e Belarus

11 de novembro de 2021

Kremlin foi acusado por Polônia de ajudar a orquestrar onda migratória na fronteira externa da UE. Bloco estuda novo pacote de sanções a Belarus, incluindo aérea estatal russa por supostamente transportar migrantes.

Diante de tenda verde, mulher oferece maçã mordida ao filho num acampamento na fronteira de Belarus com a Polônia.
Centenas de migrantes esperam para cruzar a fronteira entre Belarus e PolôniaFoto: Leonid Shcheglov/BelTA/AP/picture alliance

O Kremlin rejeitou nesta quinta-feira (11/11) afirmações de que teria envolvimento na crise na fronteira entre a Belarus e Polônia, país-membro da União Europeia (UE) cujas fronteiras coincidem com os limites externos do bloco de 27 nações.

Centenas ou até milhares de migrantes, supostamente em sua maioria curdos, se aglomeram atualmente na região na esperança de entrar na UE.

Tradicional aliado de Belarus, o governo russo também descreveu como "louca" a sugestão de relatos da imprensa internacional de que a companhia aérea estatal russa Aeroflot poderia ser alvo de sanções de retaliação por parte da UE, que diz estar preparando a ampliação de punições a Belarus.

O Conselho de Segurança das Nações Unidas deverá realizar um encontro nesta quinta-feira para avaliar a crise na fronteira.

Novo pacote de sanções

Na quarta-feira, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disse após encontro com o presidente americano Joe Biden em Washington que a UE prepara novas sanções contra o governo em Minsk e que serão especialmente consideradas punições contra companhias aéreas que facilitam o transporte de pessoas para Belarus.

Tanto lideranças da UE quanto os Estados Unidos entendem que o governo em Minsk está organizando o transporte em massa de migrantes para as fronteiras de Belarus com a UE. Essa situação está sendo descrita como um "ataque híbrido" organizado pelo presidente de Belarus, Alexander Lukashenko, e seu regime, em retaliação às sanções já impostas por Bruxelas.

A agência Bloomberg noticiou nesta quarta que a UE estaria discutindo sancionar a Aeroflot como parte do novo pacote de restrições a Belarus. Já a companhia aérea russa negou qualquer envolvimento na organização de transportes em massa de migrantes para Belarus. Segundo a companhia, isso "não corresponde à realidade".

Em comunicado, a empresa afirmou também que não opera voos regulares para cidades no Iraque e na Síria, de onde vêm muitos dos migrantes estacionados na fronteira.

Armamento pesado

O porta-voz do Kremlin, Dimitri Peskov, questionou se havia realmente a ideia de sancionar a Aeroflot, e disse esperar que não houvesse repressões contra a companhia.

De acordo com Peskov, a Rússia está preocupada com a escalada de tensões na fronteira entre a Polônia e Belarus, e afirmou ainda que há pessoas munidas de armamento pesado dos dois lados.

Na terça-feira, o primeiro-ministro polonês, Mateusz Morawiecki, havia acusado o presidente russo Vladimir Putin de ser o "verdadeiro mentor" por trás da crise cujo epicentro é a fronteira entre Belarus e Polônia, aonde chegam cada vez mais migrantes buscando entrar na UE.

O Kremlin reagiu e disse que as acusações polonesas são "absolutamente irresponsáveis e inaceitáveis". Tanto a Rússia quanto Belarus negaram qualquer irregularidade. Em vez disso, os dois governos afirmaram que a Polônia e a UE estão causando a crise ao recusarem ajuda a potenciais requerentes de refúgio.

Na quarta-feira, a chanceler federal alemã, Angela Merkel, que exerce o cargo de forma interina até a formação de um novo governo no país, telefonou para Vladimir Putin pedindo que ele "use sua influência" para parar o que ela chamou de "instrumentalização desumana" de migrantes.

Temores de confronto militar

Já países que também fazem fronteira com Belarus expressaram preocupação nesta quinta de que a crise poderia se transformar num confronto militar.

Lituânia, Estônia e Letônia condenaram "a escalada deliberada do atual ataque híbrido pelo regime belarusso, que representa sérias ameaças à segurança da Europa", em referência a acusações de que Belarus estaria usando migrantes como arma.

Em declaração conjunta, os ministros da Defesa dos três países afirmaram que "isso aumenta a possibilidade de provocações e incidentes sérios que também poderiam transbordar para a área militar".

Fim do fornecimento de gás?

Também nesta quinta-feira, o presidente belarusso Alexander Lukashenko afirmou que vai responder a novas sanções impostas devido à crise envolvendo os migrantes na fronteira. Lukashenko questionou se deveria interromper o fornecimento de gás natural à Europa.

"Se eles impuserem sanções adicionais a nós... teremos de responder", disse Lukashenko, em comentários oficiais divulgados pela presidência. "Nós aquecemos a Europa, e eles estão nos ameaçando", afirmou, destacando que o gasoduto Yamal-Europa da Rússia passa por Belarus com destino à Polônia. "E se interrompermos o fornecimento de gás natural?", indagou.

Polônia enviou 15 mil soldados à fronteira e montou cerca de arame farpado na regiãoFoto: Dominika Zarzycka/NurPhoto/picture alliance

O ministro das Relações Exteriores de Belarus, Vladimir Makei, afirmou nesta quinta que o governo em Minsk quer resolver a crise "o mais rápido possível" e que estaria disposto a falar com a UE, mas que o bloco estava recusando o diálogo.

A Polônia enviou 15 mil soldados para patrulhar a fronteira e ergueu uma cerca com arame farpado, além de aprovar a construção de um muro na fronteira com Belarus.

Migrantes vêm tentando atravessar a fronteira há meses, mas a crise alcançou um ponto crítico na última segunda-feira, quando centenas deles tentaram furar o bloqueio conjuntamente e foram empurrados de volta por guardas de fronteira poloneses.

Os migrantes vêm fazendo tentativas esporádicas de entrar na UE. Guardas de fronteira relataram quase 470 tentativas na noite de quarta para quinta, segundo agências de notícias.

Jornalistas e organizações de ajuda humanitária foram expulsos da área mais próxima à fronteira pelas autoridades polonesas, que invocaram estado de emergência na região.

rk/lf (Reuters, AFP)

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