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Rússia nega ter colocado astronautas da ISS em risco

17 de novembro de 2021

Estação espacial esteve em perigo após teste russo "irresponsável", afirmam EUA e Otan. Moscou diz que destruição de satélite antigo ocorreu "com precisão cirúrgica" e acusa americanos de hipocrisia.

Estação Espacial Internacional (ISS) orbita a uma velocidade de 28 mil quilômetros por hora
Estação Espacial Internacional (ISS) orbita a uma velocidade de 28 mil quilômetros por horaFoto: NASA

Autoridades russas rejeitaram nesta terça-feira (16/11) acusações de que um teste de armamentos teria colocado em perigo os astronautas da Estação Espacial Internacional (ISS), ao criar mais de 1,5 mil destroços no espaço.

Na segunda-feira, os Estados Unidos afirmaram que a Rússia destruiu com um míssil um satélite antigo, em uma atitude irresponsável. Os americanos disseram que os destroços poderiam ter atingido a ISS, análise que é compartilhada pela Otan. O satélite Cosmos 1408 orbitava a uma distância de 65 quilômetros da estação espacial.

Após o teste ser confirmado, os astronautas a bordo da ISS – quatro americanos, um alemão e dois russos – receberam ordens imediatas para buscarem abrigo em cápsulas acopladas à estação, onde permaneceram por duas horas antes de poderem reabrir as escotilhas para retornarem à estação.

Cada fragmento, por menor que seja, pode causar danos enormes à estrutura, uma vez que a estação orbita a uma velocidade de 28 mil quilômetros por hora. O impacto de um destroço de tamanho grande pode ser catastrófico.

Bill Nelson, administrador Nasa, a agência espacial dos Estados Unidos, disse que, após o teste, os astronautas estão sob risco quatro vezes maior do que antes de serem atingidos pelo lixo espacial.

"Comportamento descuidado e irresponsável"

O secretário de Estado americano, Antony Blinken, avaliou que a Rússia, "apesar das alegações de se opor à armamentização do espaço, está disposta a colocar em perigo a exploração e uso do espaço por todas as nações, "através de seu comportamento descuidado e irresponsável".

O Ministério russo da Defesa confirmou nesta terça-feira a realização do teste e a destruição do satélite, que estava em órbita desde 1982, mas rebateu as acusações de Washington.

"Os EUA certamente sabem que os fragmentos resultantes, em termos de horário do teste e parâmetros orbitais, não geraram ou iriam gerar qualquer ameaça a estações orbitais, veículos espaciais e atividades espaciais". O órgão considerou "hipócritas" as declarações americanas.

O ministro da Defesa, Sergei Shoigu, disse que a destruição foi realizada "com precisão cirúrgica" e não representou qualquer ameaça à ISS. O ministro do Exterior, Sergei Lavrov, também acusou os EUA de hipocrisia, ao afirmarem que a Rússia teria gerado riscos a atividades pacíficas no espaço.

A agência espacial Roscosmos disse apenas que "a segurança incondicional da tripulação tem sido e continua sendo nossa maior prioridade".

A Índia foi o último país a realizar um teste desse tipo em um alvo no espaço em 2019, sendo criticada pelos EUA e outros países por gerar centenas de detritos e lixo espacial. Mas os americanos também fizeram um teste semelhante em 2008, em resposta a outro feito pela China em 2007.

Apesar das tensões entre americanos e russos, os dois países mantêm uma forte parceria desde o fim da Guerra Fria, que resultou na construção em conjunto da ISS.

rc (AP, AFP)

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