Kremlin diz estar preparado para dar cobertura aérea a Exército Livre da Síria. No entanto, grupo rebelde moderado rejeita oferta e acusa Rússia de atacá-lo. Ministro russo do Exterior defende eleições na Síria.
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A Rússia estaria preparada para dar cobertura aérea ao Exército Livre da Síria (grupo moderado de oposição apoiado pelo Ocidente e que luta contra Assad e também contra o "Estado Islâmico"), afirmou neste sábado (24/10) o ministro russo do Exterior, Serguei Lavrov, em entrevista a uma emissora de televisão estatal de seu país.
"Estamos preparados também para apoiar a oposição patriótica, incluindo o chamado Exército Livre da Síria, a partir do espaço aéreo. O principal, para nós, é aproximar as pessoas que podem, com autoridade plena, representá-los [os sírios] e representar grupos armados que combatem o terrorismo", disse Lavrov.
Durante a entrevista, o ministro defendeu ainda eleições parlamentares e presidenciais na Síria. O Kremlin é o mais importante aliado do presidente sírio Bashar al-Assad e apoia a presença do líder nas negociações sobre uma solução diplomática para o conflito.
"Potenciais externas não podem decidir nada para os sírios. Nós precisamos forçá-los a apresentar um plano para o país, o qual proteja os interesses de cada religião, etnia e grupos políticos", ressaltou Lavrov.
O ministro contou ainda que conversou no sábado com o secretário de Estado americano, John Kerry, sobre a organização das negociações entre o governo sírio e os rebeldes. Washington é contra a permanência de Assad no poder, a quem responsabiliza pela violência contra a população e acusa de violar direitos humanos.
Oferta recusada
Após as declarações de Lavrov, o Exército Livre da Síria, da oposição moderada, recusou neste sábado o apoio russo no combate ao grupo jihadista "Estado Islâmico" (EI) e acusou Moscou de bombardeá-los.
"A Rússia está bombardeando o Exército Livre da Síria e agora quer cooperar conosco, enquanto permanece comprometida com Assad? Nós não entendemos a Rússia", afirmou o tenente-coronel Ahmad Saoud, porta-voz do grupo.
O Exército Livre da Síria, fundado por desertores das Forças Armadas do regime de Damasco, recebe apoio militar dos Estados Unidos e está ligado à Coalizão Nacional Síria, a principal aliança política da oposição ao presidente Bashar al-Assad.
A Rússia iniciou os controversos ataques aéreos na Síria no final de setembro. E, desde então, o país é constantemente criticado por grupos rebeldes que afirmam que o objetivo russo é fortalecer o governo de Assad e não acabar com os jihadistas. Os opositores alegam também ser alvo da aviação russa.
"Em vez de falar sobre a disposição de apoiar o Exército Livre da Síria, eles deveriam parar de nos atacar. O Exército Livre da Síria é alvo de 80% dos ataques russos", afirmou Samir Nashar da Coalizão Nacional Síria.
Solução diplomática
As declarações de Lavrov foram feitas um dia depois do anúncio de um acordo entre a Rússia e a Jordânia, que integra a coalizão liderada pelos Estados Unidos, para coordenar "suas ações, incluindo as das respectivas Forças Aéreas, na Síria".
Nesta sexta-feira, o ministro russo participou de uma reunião com Kerry e os ministros do Exterior da Turquia e Arábia Saudita, em Viena, sobre o conflito sírio. Os representantes dos quatro países concordaram em continuar as negociações para se alcançar um acordo político com vista a solucionar a guerra na Síria, que em quatro anos já matou mais de 250 mil pessoas.
CN/lusa/rtr/afp
Síria: patrimônio histórico destruído na guerra civil
Cerca de 300 locais de interesse histórico já foram danificados, saqueados ou totalmente destruídos na guerra civil da Síria. Uma excursão aos patrimônios culturais ameaçados do país.
Foto: Fotolia/Facundo
Destruição
Em quase quatro anos, a guerra civil síria contabilizou centenas de milhares de mortos e o deslocamento de cerca de dez milhões de pessoas. Análises do Instituto das Nações Unidas para a Formação e Pesquisa (Unitar, em inglês) feitas por satélites mostram a destruição de patrimônios culturais no país. Nesta foto, o centro histórico de Damasco.
Foto: picture-alliance/dpa/M. Tödt
Mesquita dos Omíadas
A análise revelou que 290 sítios culturais foram fortemente atingidos. Do ano 708, a Mesquita dos Omíadas, em Damasco, teve o mosaico de sua fachada destruído por tiros.
Foto: picture-alliance/blickwinkel/Neukirchen
Imagem de destruição
Especialmente atingida foi a metrópole de Aleppo, que, com 7 mil anos de história de assentamentos, faz parte das cidades mais antigas do mundo. A imagem de satélite à direita mostra a destruição na região próxima à cidadela.
Foto: US Department of State, Humanitarian Information Unit, NextView License (DigitalGlobe)
Antes dos tiros
A Mesquita dos Omíadas, em Aleppo, também foi fortemente danificada. A mesquita, do ano 715, foi reconstruída diversas vezes nos séculos seguintes à sua construção. Especialmente o minarete, do ano de 1092, é considerado uma obra-prima arquitetônica. Aqui, uma foto da mesquita antes de ser destruída.
Foto: picture alliance/Bibliographisches Institut/Prof. Dr. H. Wilhelmy
Troca de acusações
O minarete da Mesquita dos Omíadas foi destruído durante uma batalha, em 2013. Hoje sobrou somente o escombro, já que grande parte da edificação foi gravemente danificada. O governo e os rebeldes acusam-se mutuamente.
Foto: J. Al-Halabi/AFP/Getty Images
Luta implacável
A batalha entre o governo e rebeldes por Aleppo ocorre desde 2012 e faz com que os danos sejam proporcionais ao tempo do confronto. O hotel Carlton, de 150 anos, em frente à cidadela de Aleppo, era famoso, entre outros motivos, por seu interior histórico e bem conservado.
Foto: CC-SA-BY-Preacher lad
Totalmente destruído
Hoje não sobrou nada do hotel. Em maio de 2014 foram acionados explosivos em um túnel localizado embaixo da construção. De 210 prédios históricos analisados pela Unitar em Aleppo, a metade foi danificada e um quinto foi totalmente destruído.
Foto: picture-alliance/AP Photo
Mercado de "conto de fadas"
Visitantes do mercado de Aleppo se sentiam num conto de fadas das mil e uma noites. O bazar, que permaneceu inalterado desde o século 16, consistia de uma longa rede de vielas totalizando sete quilômetros.
Foto: AP
Perdido para sempre
Em 2012, um incêndio causou danos irreversíveis ao mercado. De acordo com números oficiais, 1.500 das 1.600 lojas no bazar foram danificadas ou destruídas.
Foto: AP
Inconquistável, mas…
Numa fortaleza curda, foi construído durante os séculos 12 e 13 o chamado Forte dos Cavaleiros, um castelo para cavaleiros das Cruzadas. A edificação era conhecida por nunca ter sido conquistada por meio de guerra ou de cerco.
Foto: picture-alliance/AP Photo/D. Vranic
… não indestrutível
O castelo, que se localiza ao leste de Homs e próximo à fronteira com o Líbano, foi submetido novamente à artilharia de fogo e ataques aéreos. A luta deixou o teto e muros destruídos, como também partes da edificação desmoronadas.
Foto: picture-alliance/AP Photo/D. Vranic
Impossível de se reconhecer
Dura Europos foi fundada no ano 300 a.C. como uma colônia militar. Aqui não somente as batalhas, mas também os constantes saques foram responsáveis para que muitas edificações da chamada "Pompeia síria" não sejam mais reconhecíveis.
Foto: picture-alliance/akg-images/Leo G. Linder
Templo destruído
A cidade de Palmira é considerada um dos centros culturais da antiguidade. Lutas, saques e o roubo de pedras afetaram consideravelmente as atrações históricas. De 2 mil anos, o templo de Baal – na foto, antes da guerra civil – perdeu uma de suas colunas.