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Rússia propõe resolução antiterrorismo

19 de novembro de 2015

Moscou apresenta à ONU nova versão de proposta com objetivo de coordenar esforços internacionais no combate ao "Estado Islâmico". Após recentes atentados, Kremlin assume posição de destaque na luta contra extremistas.

Embaixador russo na ONU, Vitaly ChurkinFoto: Reuters

Após os recentes ataques do grupo extremista "Estado Islâmico" (EI), a Rússia apresentou nesta quarta-feira (19/11) junto ao Conselho de Segurança das Nações Unidas uma nova versão de um projeto de resolução sobre o combate ao grupo extremista. Uma proposta anterior havia sido rejeitada pelos Estados Unidos, Reino Unido e França há dois meses.

A nova versão da resolução antiterrorismo visa coordenar os esforços internacionais no combate aos extremistas. O projeto inicialmente apresentado foi barrado devido a uma disposição que exigia o consentimento do regime do presidente da Síria, Bashar al-Assad, para a luta contra o extremistas do EI no país. A Rússia e o Irã são os principais aliados do líder sírio, enquanto as outras potências apoiam a oposição moderada.

De acordo com o embaixador russo na ONU, Vitaly Churkin, a nova versão da proposta continua com a controversa disposição, mas foca mais no combate ao "Estado Islâmico", em reação aos recentes ataques do grupo extremista.

Churkin também minimizou as divergências. "Pedimos uma cooperação mais próxima do que a de agora para combates na Síria e Iraque", reforçou.

Após ataques em Paris, Obama conversou com Putin durante cúpula do G20Foto: Reuters/C. Oksuz

O Ministério do Exterior da Rússia disse nesta quinta-feira que espera que o Conselho de Segurança aprove ainda nesta semana a proposta. A França também estaria trabalhando em resolução semelhante para apresentar à ONU.

"Consideramos a proposta da Rússia uma contribuição que estudaremos cuidadosamente", afirmou o embaixador francês na ONU, François Delattre, sinalizando que Paris não deve se juntar a Moscou numa resolução conjunta.

Delattre ressaltou ainda que o objetivo francês é "garantir que a comunidade internacional esteja unida na luta contra EI".

Papel de destaque

Em quatro anos de conflito, Moscou sempre teve um papel coadjuvante na Síria, mas passou a ganhar importância quando iniciou uma campanha de ataques aéreos no país no final de setembro. O Kremlin, porém, assumiu uma posição de destaque após os ataques em Paris.

Os primeiros sinais da mudança começaram a surgir no sábado no âmbito da cúpula do G20, na qual os dois principais protagonistas dos bombardeios aéreso de rebeldes e terroristas na Síria e no Iraque – Estados Unidos e Rússia –, aparentemente se aproximaram.

Os presidentes russo, Vladimir Putin, e americano, Barack Obama, conversaram por cerca de 30 minutos. Fontes oficiais disseram que ainda restam diferenças fundamentais sobre o conflito sírio. A maioria das potências mundiais exige a saída de Assad para o processo de paz na região. No entanto, EUA e Rússia concordaram, pelo menos, numa melhor coordenação dos seus ataques aéreos – que até agora ocorrem paralelamente.

Avião russo que caiu no Sinai foi alvo de um ataque a bomba, afirmaram autoridades russasFoto: picture-alliance/dpa/M. Grigoriev

A aproximação entre a Rússia e o Ocidente deu um passo maior nesta terça-feira, com confirmação de que a queda do avião russo no último dia 31 de outubro na península do Sinai, no Egito, foi causada por uma bomba e a promessa de Putin de caçar os responsáveis. O desastre matou as 224 pessoas a bordo.

União de forças

No mesmo dia da confirmação sobre o ataque ao avião, Moscou declarou que uniria forças com a França na luta contra o "Estado Islâmico", ao anunciar que os dois países concordaram em coordenar suas ações militares na Síria. A postura russa foi bem recebida em Paris, apesar de os países andarem com as relações estremecidas desde a crise na Ucrânia.

"Há uma abertura, por assim dizer, com os russos. Achamos que são sinceros e que devemos juntar todas as nossas forças", afirmou nesta quinta-feira o ministro do Exterior da França, Laurent Fabius.

A tentativa russa de aproximação com o Ocidente ficou mais evidente nesta quinta-feira, quando o governo russo anunciou estar preparado para cooperar com a coalizão internacional liderada pelos americanos que promove bombardeios na Síria.

"Estamos prontos para uma cooperação prática com aqueles países que fazem parte da coalizão e estamos prontos para desenvolver com eles essas formas de coordenação, mas levando em consideração a soberania da Síria e as prerrogativas da liderança síria", afirmou o ministro russo do Exterior, Sergei Lavrov.

CN/rtr/afp/lusa/ots

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