Ministro da Defesa diz que fracasso de potências ocidentais em controlar islamistas violentos adia indefinidamente retomada de conversações com opositores do regime de Bashar al-Assad.
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O ministro da Defesa da Rússia, Sergei Shoigu, afirmou nesta terça-feira (01/11) que o fracasso das potências ocidentais em controlar islamistas violentos na Síria adiou indefinidamente a retomada das negociações de paz com opositores do regime.
Shoigu afirmou que os rebeldes apoiados por governos ocidentais vêm atacando civis na cidade síria de Aleppo, apesar de uma pausa nos ataques aéreos russos e sírios.
"Como consequência, as perspectivas para o começo de um processo de negociação e a volta à vida pacífica na Síria estão adiadas por um período indefinido", afirmou o ministro.
A Rússia apoia o presidente sírio, Bashar al-Assad, na guerra civil. A operação militar russa no país, agora em seu segundo ano, tem reforçado a posição de Assad. Isso colocou Moscou em rota de colisão com Washington e seus aliados, que querem que Assad saia do poder.
A Rússia e seus aliados sírios dizem que não realizam mais bombardeios em Aleppo desde 18 de outubro, enquanto os governos ocidentais alegam que os ataques têm matado grande quantidade de civis.
O presidente russo, Vladimir Putin, afirmou no mês passado que a continuação do cessar-fogo depende do comportamento dos grupos rebeldes moderados em Aleppo e de seus apoiadores ocidentais.
Shoigu, que discursou numa reunião com oficiais militares russos, criticou os rebeldes e seus apoiadores, dizendo que eles haviam desperdiçado uma oportunidade para as negociações de paz.
"É hora de nossos colegas ocidentais decidirem contra quem estão lutando: os terroristas ou a Rússia. Será que esqueceram em que mãos pessoas inocentes morreram na Bélgica, França, Egito e em outros lugares?", questionou o ministro.
Shoigu afirmou ainda estar surpreso com o fato de alguns governos europeus não permitirem que navios russos se dirijam à Síria pelo Mar Mediterrâneo, para atracar para reabastecimento ou reposição de materiais. Ele afirmou que as recusas não afetaram a missão naval, sobre a qual a Otan manifestou preocupação.
FC/rtr/dpa
Amor em tempos de guerra na Síria
Apesar dos contínuos bombardeios sobre sua cidade natal, um casal de Homs recusou-se a abandonar a esperança, usando as ruínas como cenário para seu álbum de casamento. A agência AFP deu projeção mundial às imagens.
Foto: Getty Images/AFP/J. Eid
Vida e amor entre ruínas
Nada Merhi, de 18 anos, e o soldado Hassan Youssef, de 27, escolheram um pano de fundo inusitado para suas fotos de casamento: as ruínas de sua cidade natal, Homs, na Síria, destroçada por bombardeios. A ideia foi do fotógrafo Jafar Meray, com a intenção de mostrar que "a vida é mais forte do que a morte".
Foto: Getty Images/AFP/J. Eid
"O amor reconstrói a Síria"
Um mês depois de o casal sírio posar na cidade bombardeada, a agência de notícias francesa AFP divulgou uma série feita por um de seus fotojornalistas, documentando a iniciativa. O fotógrafo Meray postou o inusitado álbum de casamento no Facebook, sob o título "O amor reconstrói a Síria".
Foto: Getty Images/AFP/J. Eid
Cidade dilacerada
A guerra civil na Síria já fez mais de 250 mil vítimas, a maior parte delas civis. Terceira maior cidade síria, Homs tem sofrido tremendamente com as ofensivas das forças leais ao presidente Bashar al-Assad. Ela foi uma das primeiras cidades a se opor ao governo em 2012, embora em vão. Desde então, o governo conseguiu expulsar de Homs a maioria dos combatentes rebeldes.
Foto: Getty Images/AFP/J. Eid
Destroços cinzentos, vestido branco
Em meio à antes próspera metrópole, o branco do vestido de noiva de Nada realça a destruição que circunda o jovem casal. Buracos de bala, prédios abandonados, ruínas incendiadas e estradas desertas são um lembrete constante das vidas que Homs abrigava antes da guerra civil.
Foto: Getty Images/AFP/J. Eid
Ataques continuam
Homs continua sendo alvo frequente de ataques armados. Em 26 de janeiro de 2016, 22 pessoas foram mortas e mais de cem feridas num atentado suicida a bomba no bairro de Al-Zahra. A maioria da população local é de alauítas, a seita islâmica minoritária a que também pertencem o presidente Assad e sua família. A milícia jihadista do "Estado Islâmico" (EI) reivindicou o ato terrorista.
Foto: Getty Images/AFP/J. Eid
Homs não é única vítima
Desde 30 de setembro de 2015, aviões de combate russos têm realizado ofensivas aéreas em apoio às forças de Assad. Homs não é a única cidade síria atingida: em 15 de fevereiro, um hospital perto de Murat al-Numan, a cerca de 280 quilômetros de Damasco, foi atingido por bombardeios. Ao menos nove pessoas morreram.
Foto: Getty Images/AFP/J. Eid
Pressão internacional
Numa entrevista à agência de notícias AFP, Assad afirmou que continuaria a lutar, apesar da pressão internacional crescente no sentido de um cessar-fogo. O ministro saudita do Exterior, Adel al-Jubeir, rebateu, falando a um jornal alemão: "Não vai mais haver um Bashar al-Assad no futuro. Ele não vai mais arcar com a responsabilidade pela Síria."
Foto: Getty Images/AFP/J. Eid
Destaque na Conferência de Munique
O sofrimento contínuo dos habitantes nas áreas sitiadas da Síria foi um dos pontos centrais de debate na Conferência de Segurança de Munique, realizada de 12 a 14 de fevereiro de 2016 e dedicada à segurança. O secretário de Estado americano, John Kerry, declarou: "Em nossa opinião, a grande maioria dos ataques da Rússia foi contra grupos oposicionistas legítimos."
Foto: Getty Images/AFP/J. Eid
Repercussão na rede social
Alguns usuários do Facebook comentaram as imagens de Jafar Meray de forma emocional. "Sinto-me como o noivo na foto", escreveu um deles. Outro desejou: "Que Deus esteja com vocês e com todos os sírios. Obrigado por todas estas fotos e por partilhá-las com o mundo." Um terceiro propôs um título alternativo: "Amor em tempos de guerra".
Foto: Getty Images/AFP/J. Eid
Prova de que a vida continua
As fotografias de Meray se tornaram um sucesso tão grande que, além de comentá-las, seus seguidores no Facebook criaram sequências de slides com a série e a transformaram em vídeos para o YouTube. Para um usuário, o trabalho de Meray é "prova de que a vida continua, mesmo em Homs, a cidade mais devastada da Síria".