Rússia vai construir réplica do Reichstag para paramilitares
23 de fevereiro de 2017
Construção deve ser usada por membros do movimento Yunarmia em local apelidado de "Disneylândia militar". Projeto faz parte de iniciativa para promover o militarismo na sociedade.
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Militares russos anunciaram que vão construir uma cópia em escala reduzida do Reichstag, a sede do Parlamento Alemão em Berlim, para que os jovens membros de uma organização paramilitar possam ensaiar ataques.
O ministro da Defesa, Sergei Shoigu, disse que a construção ficará a cargo das Forcas Armadas. A réplica deve ser instalada no Parque Patriota, uma espécie de parque temático de orientação militar nos arredores de Moscou.
Shoigu espera que a construção seja usada pelos membros do Yunarmia, um movimento com estrutura militar que promove valores patrióticos entre crianças e adolescentes russos. Ao justificar o projeto, o Ministro da Defesa disse desejar que os membros do Yunarmia ataquem "uma locação específica, e não algo abstrato".
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O Reichstag tem uma simbologia especial para os militares russos. Em 1945, tropas do Exército Vermelho tomaram o prédio durante a batalha por Berlim, o evento que marcou o fim da Segunda Guerra Mundial na Europa. A fotografia de um soldado russo desfraldando a bandeira da antiga União Soviética no topo da construção acabou se tornando uma das imagens mais famosas do conflito.
O governo alemão não comentou a iniciativa russa de construir uma réplica do Parlamento. O anúncio ocorre em um momento em que as relações dos dois países passam por um momento sensível por causa da condenação pública do governo da chanceler Angela Merkel às ações militares russas na Ucrânia. Berlim também apoiou as sanções econômicas contra a Rússia.
Lançado em 2015 pelo próprio Shoigu, o Yunarmia é parte de uma série de iniciativas do governo russo para promover o militarismo na sociedade. Os membros da organização incluem crianças de até dez anos, que aprendem como usar armas e a lutar, entre outras habilidades militares. O Yunarmia tem como modelo associações que existiram na antiga URSS e conta com 42 mil membros.
O parque onde os membros do grupo vão treinar também foi lançado em 2015. Apelidado de "Disneylândia militar" por alguns jornais ocidentais, o parque exibe tanques de guerra e reconstruções de cenários de batalhas da Segunda Guerra Mundial em uma área de cinco hectares.
JS/dpa/rt
Há 20 anos: Parlamento alemão era "embrulhado"
Passadas duas décadas, "embrulho" do Reichstag continua sendo uma das ações mais espectaculares do casal de artistas Christo e Jeanne-Claude. Christo precisou lutar 23 anos pela sua aprovação.
Foto: picture alliance/dpa/W. Kumm
O triunfo
"Nós vencemos!", gritou Christo no dia 25 de Fevereiro de 1994. Após 23 anos de luta tenaz, o parlamento alemão finalmente aprovou seu projeto "Reichstag embrulhado". No dia 17 de Junho de 1995 chegavam os caminhões com a enorme quantidade de tecido. A ação, considerada até hoje espetacular, completa 20 anos e é homenageada em uma exposição.
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Mãos à obra
Christo veste suas luvas de trabalho antes de dar início ao empacotamento. Desde 1971 ele e a esposa, Jeanne-Claude, tentavam convencer o parlamento alemão a autorizar a ação artística. Christo sempre foi um entusiasta da localização e simbologia do Reichstag. Mas foi justamente por se tratar de um símbolo histórico que o projeto suscitou debates acirrados no parlamento.
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Um símbolo de liberdade
Em 1978, Christo apresentou seu modelo no Museu de Design de Zurique. Para ele, o prédio construído no final do século 19 pelo imperador alemão Guilherme 2º era, apesar de sua história turbulenta, um símbolo de liberdade. A República de Weimar foi proclamada ali em 1918. O tema da liberdade acompanha Christo e sua arte desde que ele fugiu da Bulgária comunista, em 1951.
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A coleção "Reichstag embrulhado"
O que foi visto em 1995, na abertura da exposição com Christo e Jeanne-Claude, retorna agora a Berlim. A coleção "Reichstag embrulhado" deve ser exposta após o recesso de verão do Parlamento. O artista búlgaro vai expor os 320 desenhos, modelos, colagens e fotografias, bem como os restos de panos, cordas e ganchos daquele tempo.
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Embrulho temporário
As obras de Christos são efêmeras. Como representante da chamada "Land Art", ele se voltou contra a propriedade de obras artísticas. Ele defendia que a arte nos espaços públicos pode ser apreciada por todos, ela não deve ser propriedade de ninguém. Christo considera durabilidade da obra como sinônimo de posse. Mesmo o Parlamento alemão só pôde ser visto embrulhado durante 14 dias.
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Um acontecimento
A última das 70 tiras de tecido prateado foi fixada no Parlamento dia 23 de junho de 1995. Mais de 100 mil metros quadrados de tecido, amarrados por vários quilômetros de cordas azuis, fascinaram os espectadores. Cinco milhões de visitantes passaram pela obra ao longo de 14 dias: um recorde mundial de público num intervalo tão curto de tempo.
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Empacotando o nada
Christo começou com seus empacotamentos espetaculares na década de 1960. Seu embrulho de 5,6 mil metros cúbicos na "documenta 4" de Kassel, em 1968, ficou famoso no mundo inteiro. Desde cedo, Christo embalou cadeiras, jornais e barris de petróleo, mas aquela era a primeira vez que o artista empacotava o ar.
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A cortina no Vale Rifle
Na década de 1970, as ações de Christo e Jeanne-Claude foram ficando mais trabalhosas e coloridas. A fim de preservar sua liberdade artística, o casal financiava os próprios projetos com a venda de desenhos, fotografias e modelos. Um espetáculo: a cortina laranja esvoaçante de 400 metros de comprimento que Christo pendurou no Vale Rifle, no Colorado, em 1972.
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Um olhar diferente
Christo e Jeanne-Claude nunca tornaram objetos e edifícios irreconhecíveis. A estética era importante para ambos. Sob a cobertura, o objeto continuava à vista, para estimular a imaginação. Em 1985, os dois cobriram a Pont Neuf, em Paris. Com a variação do clima, o tecido cintilava em cores diferentes – a ponte se mostrava, literalmente, sob uma nova luz.
Foto: picture-alliance/dpa
Arte como espetáculo
Na década de 1990, as ações do casal de artistas foram ficando cada vez mais arriscadas. Em "The Umbrellas", no Japão e na Califórnia, um dos assistentes morreu durante a montagem dos 3 mil guarda-sóis. Depois disso, Christo só trabalhou com escaladores profissionais e engenheiros. A "família" de ajudantes está em constante expansão.
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Longa espera para "The Gates"
Christo envolve não apenas coisas, mas também paisagens e parques, como fez em 2005 com "The Gates", no Central Park de Nova York. Christo e Jeanne-Claude já tinham planejado os tecidos esvoaçantes para os portões na década de 1980, mas a aprovação levou ainda mais tempo do que a do Reichstag. Hoje, em geral, são preocupações ambientais que dificultam a liberação.
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Work in progress
Christo já se acostumou a esperar. O artista, prestes a completar 80 anos, está trabalhando em três projetos simultaneamente. Alguns deles foram projetados com Jeanne-Claude, que morreu em 2009. Como a obra "The Mastaba", em Abu Dhabi, uma pirâmide gigantesca de 410 mil barris de petróleo. Por este primeiro grande projeto permanente, Christo poderia ganhar um monumento.