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Rabinos criticam decisão de corte alemã sobre circuncisão religiosa

Roselaine Wandscheer12 de julho de 2012

Rabinos europeus criticaram decisão de um tribunal alemão, que classificou como lesão corporal a circuncisão religiosa. Religiosos afirmam que é pior ataque à comunidade judaica alemã desde era nazista.

Foto: dapd

Após um tribunal alemão ter considerado como crime a circuncisão religiosa de meninos, rabinos pressionam o governo alemão para que a prática não seja proibida. Em Berlim, rabinos ortodoxos de diversos países europeus apelaram nesta quinta-feira (12/07) para que as comunidades judaicas no país continuem realizando a circuncisão.

O presidente da Conferência Europeia de Rabinos, Pinchas Goldschmidt, disse numa reunião da entidade em Berlim que as comunidades judaicas na Alemanha e os pais afetados "não devem esperar por uma mudança da decisão judicial". Ele alertou que se o veredicto for confirmado na forma de uma lei “não haverá futuro para as comunidades judaicas na Alemanha".

Goldschmidt argumentou que uma proibição da circuncisão seria um sinal ainda mais forte contra a comunidade judaica do país do que a proibição do abate religioso de animais durante o regime nazista.

Esclarecimento jurídico

"As comunidades judaicas na Alemanha consideram o veredicto muito problemático", ressaltou Goldschmidt, em entrevista à Deutsche Welle. Ele diz esperar que o governo alemão contribua rapidamente para o esclarecimento jurídico do problema.

O religioso considera também "terrível" que os alemães sejam, em maioria, a favor da decisão, como indicam pesquisas de opinião. "Agora se trata de garantir os fundamentos de uma democracia liberal para o reconhecimento absoluto da liberdade religiosa de minorias", disse. A Conferência, liderada por ele, reúne cerca de 400 sacerdotes judeus do continente. Goldschmidt é o chefe dos rabinos moscovitas.

Goldschmidt tem esperança de que Berlim resolva os problemas existentes no âmbito da legislação. "Desejamos que isso seja resolvido o mais rápido possível", afirma. "Pois, afinal, a reconstrução de uma comunidade judaica na Alemanha do pós-guerra é de importância essencial para o futuro da Alemanha", observa o rabino.

Ele acredita que haja uma tendência crescente de marginalização de minorias religiosas na Europa e cita como evidências disso a proibição de minaretes na Suíça, a proibição do uso da burca na França e a controvérsia política sobre o abate religioso de animais na Holanda.

Menino em cerimônia judaica de circuncisão. Corte alemã considera crime operação em criançasFoto: AP

Lesão corporal

O Tribunal Regional de Colônia determinou em junho que a circuncisão de meninos por motivos puramente religiosos é uma lesão corporal e, portanto, crime, mesmo quando realizada com consentimento dos pais. No entender do tribunal, o consentimento não atende aos interesses da criança, que tem seu corpo "modificado permanentemente e irreparavelmente" pela operação, que é parte dos rituais islâmicos e judaicos.

A decisão encerrou o julgamento em segunda instância de um médico que havia operado um menino muçulmano de 4 anos de idade, que sofreu complicações pós-operatórias.

Críticas de muçulmanos e judeus

A decisão judicial provocou críticas severas de muçulmanos e judeus, além de representantes de igrejas cristãs. Diversos hospitais no país suspenderam a realização de circuncisões por motivos religiosos.

Políticos social-democratas e verdes se disseram favoráveis a considerar todas as possibilidades legais para garantir a não punição à circuncisão, com intuito de fornecer segurança jurídica tanto para muçulmanos quanto para judeus.

A vice-líder da bancada do SPD no Parlamento, Christine Lambrecht, considera que uma norma jurídica deve proteger "tradicionais rituais religiosos" para que o exercício de tais práticas não seja punido. A líder da bancada dos verdes, Renate Künast, afirmou que pretende discutir com especialistas e associações, para que "um caminho seja encontrado para regulamentar esse problema, de forma a garantir segurança jurídica para judeus e muçulmanos".

MD/afp/dpa/dw
Revisão: Carlos Albuquerque

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