Racismo leva padre negro a abandonar paróquia na Baviera
7 de março de 2016Um padre católico nascido na República Democrática do Congo anunciou neste domingo (06/03) aos seus fieis durante a missa que deixará a paróquia de Zorneding, na Baviera, por ter recebido ameaças de morte de motivação xenófoba.
Olivier Ndjimbi-Tshiende assumirá uma nova comunidade a partir de 1º de abril, anunciou o porta-voz do arcebispado de Munique e Freising, Bernhard Kellner. "Lamentamos muito [a demissão] e estamos do lado dele", disse. Segundo o jornal Süddeutsche Zeitung, entre as ameaças contidas nas cartas recebidas pelo sacerdote estava escrito "que te mandem para Auschwitz".
O padre de 66 anos recebeu cinco ameaças de morte nos últimos meses, depois de ter se posicionado claramente contra declarações xenófobas da então líder da União Social Cristã (CSU) na cidade, Sylvia Boher. O partido só existe na Baviera e é coirmão da União Democrata Cristã, da chanceler federal Angela Merkel.
Numa publicação do partido, Sylvia Boher escreveu que a Baviera está sendo invadida por refugiados. Ela qualificou os imigrantes provenientes de Eritreia como pessoas que só querem fugir do serviço militar.
Depois que o conselho da paróquia desqualificou estas afirmações e Ndjimbi-Tshiende apelou à CSU para que fosse coerente com a doutrina cristã, Johann Haindle, representante da CSU no conselho municipal, insultou o sacerdote chamando-o de "neger", termo depreciativo para os negros no país.
Após duras críticas, Boher e Haindl renunciaram aos seus cargos no partido em novembro último. Haindl também saiu do conselho municipal, mas Boher, não.
Ndjimbi-Tshiende, de 66 anos, estava na paróquia de Zorneding desde 2012. Ele vive na Alemanha desde 2005 e possui nacionalidade alemã desde 2011.
RW/efe/dpa