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Salafistas pretendem distribuir 25 milhões de Alcorões em alemão

14 de abril de 2012

Com ação "Leia!", fundamentalistas islâmicos querem levar livro sagrado a lares da Alemanha, Áustria e Suíça. Críticos temem fins de propaganda e recrutamento. Conselho Muçulmano desaconselha pânico.

Foto: picture-alliance/dpa

Radicais islâmicos de orientação salafista anunciaram que continuarão distribuindo gratuitamente exemplares do Alcorão por toda a Alemanha, nestes sábado e domingo (14 e 15/04). Os organizadores da ação "Leia!" ("Lies!", em alemão) já instalaram estandes em mais de 30 cidades do país. A distribuição começou no início de abril.

Segundo o Departamento de Proteção à Constituição, a rede A Verdadeira Religião (Die Wahre Religion) está por trás da iniciativa. Ela é liderada pelo pregador muçulmano e comerciante Ibrahim Abu Nagie, de origem palestina e residente na cidade de Colônia, no oeste do país. O fundamentalista declarou pretender distribuir – na Alemanha, na Áustria e na Suíça – um total de 25 milhões de alcorões em idioma alemão.

Políticos alemães: "ação de propaganda"

O projeto "Leia!" foi lancado por Nagie em outubro de 2011 com o objetivo de levar um Alcorão a cada lar da Alemanha. A iniciativa tem sido alvo de críticas, pois se teme que tenha fins extremistas. A presidente do Departamento de Proteção à Constituição em Berlim, Claudia Schmid, declarou ao jornal Berliner Zeitung que o grupo salafista visa à propaganda e ao recrutamento de adeptos. "A meta dessa campanha é colocar os interessados em contato com a cena salafista, a fim de influenciá-los no sentido de sua ideologia político-extremista."

Falando ao periódico Bild, o especialista em questões de segurança interna da União Social Cristã (CSU), Hans-Peter Uhl, definiu os salafistas como "perigosos extremistas e inimigos da Constituição [alemã]". Com a ação de distribuir exemplares do Alcorão, o movimento radical pretende conquistar seguidores, considera o político. Uhl instou os órgãos de defesa da Constituição a observar intensivamente os 4 mil adeptos do salafismo na Alemanha, a fim de tornar públicas as verdadeiras metas do movimento.

Ação 'Leia!' teve início em abrilFoto: dapd

O especialista em assuntos internos da União Democrata-Cristã (CDU), Wolfgang Bosbach, exigiu que o tema ocupe o topo da pauta na Conferência sobre o Islã marcada para a próxima quinta-feira (19/04). "Desejo uma aliança de todas as forças democráticas contra os radicais", declarou ao diário Passauer Neue Presse. "A ação envolvendo o Alcorão e as ameaças contra jornalistas precisam ser severamente condenadas pela Conferência sobre o Islã. A mensagem da cúpula aos muçulmanos radicais deve ser: vocês não têm chance no nosso país!"

Bosbach apelou às autoridades locais para que estudem possibilidades individuais de proibir os estandes dos salafistas. Isso seria viável, por exemplo, se houvesse transgressão das normas de segurança e da ordem pública. A cidade de Ludwigshafen, no sudoeste da Alemanha, já proibiu a distribuição, sob o argumento de que o requerimento para o estande de informações não foi apresentado dentro do prazo.

Estande dos salafistas atrai curiosos no centro da cidade alemã de BonnFoto: DW/J. Mahncke

Conselho Islâmico: temor é exagerado

Em contrapartida, o presidente do Conselho Islâmico da Alemanha, Ali Kizilkaya, considera, que a ação não é problemática. "Em princípio, é permitido distribuir escritos religiosos e, portanto, também o Alcorão", declarou ao jornal Frankfurter Rundschau o porta-voz do Conselho de Coordenação dos Muçulmanos.

Segundo o representante do órgão islâmico, o debate transcorre num clima "um tanto de pânico", quando não há motivo para tal. "A grande maioria dos islamistas da Alemanha – e estamos falando em mais de 4 milhões – são cidadãos de paz, que praticam sua fé pacificamente."

Os salafistas são seguidores de uma corrente fundamentalista do Islã. Segundo dados das autoridades alemãs de segurança, eles almejam a um Estado religioso, incompatível com a democracia ocidental. Tanto os autores dos atentados de 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos quanto o radical Grupo de Sauerland (Sauerland Gruppe) – desmantelado em 2007 ao planejar atentados com carros-bomba contra instituições dos EUA na Alemanha – eram salafistas.

AV/dpa/afp/epd
Revisão: Luisa Frey

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