Rainha Elizabeth diz que inação climática é "irritante"
15 de outubro de 2021
Em conversa gravada, monarca britânica parece criticar líderes que "falam, mas não fazem" o suficiente para combater o aquecimento global. Às vésperas da COP26, ela também reclama dos que não participarão da reunião.
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A rainha Elizabeth 2ª aparentemente criticou a falta de ações contra as mudanças climáticas e líderes que "falam, mas não fazem" em comentários captados por um microfone.
A monarca britânica, de 95 anos, foi filmada com um celular ao visitar Cardiff para a abertura do Parlamento do País de Gales nesta quinta-feira (14/10), durante uma conversa com sua nora Camilla, a duquesa de Cornwall, e a presidente do Legislativo galês, Elin Jones.
"Tenho ouvido tudo sobre a COP. Ainda não sei quem virá", disse a rainha, em referência à próxima Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, a COP26, a ser realizada em Glasgow, na Escócia, a partir de 31 de outubro.
"Só sabemos sobre pessoas que não virão... É muito irritante quando eles falam, mas não fazem", diz a monarca na gravação, que tem algumas partes inaudíveis.
A rainha deverá receber líderes mundiais na COP26. Vários chefes de Estado e de governo ainda não confirmaram sua presença. Entre estão o presidente da China, Xi Jinping, e o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi. O presidente Jair Bolsonaro também não deve comparecer.
O ministro dos Transportes, Grant Shapps, afirmou que a intenção não era que os comentários da rainha fossem difundidos. "Acho que comentários feitos em particular devem se manter privados, mas todos nós compartilhamos o desejo de ver progresso e sabemos que haverá centenas de líderes vindo para Glasgow para a COP", disse ele à emissora Sky News.
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Príncipes engajados pelo clima
Na monarquia constitucional britânica, a rainha deve se manter acima da política, e ela raramente expressa suas opiniões em público.
O filho e herdeiro da rainha, o príncipe Charles, no entanto, é conhecido por se engajar em questões ambientais. Na segunda-feira, ele disse numa entrevista à BBC temer que líderes mundiais "apenas falem", em vez de agir.
E o filho de Charles, o príncipe William, também adotou a causa ambiental. Numa entrevista à BBC transmitida nesta quinta-feira, William criticou o turismo espacial, afirmando que salvar a Terra diante da ameaça do aquecimento global é mais importante do que viajar ao espaço.
Na conversa com a rainha gravada nesta quinta, Elin Jones respondeu ao comentário da monarca sobre aqueles que falam, mas não fazem, fazendo referência às declarações de William: "Exatamente. É hora de fazer... e ver seu neto na televisão nesta manhã afirmando que não faz sentido ir ao espaço, precisamos salvar a Terra..."
Elizabeth então sorriu e disse: "Sim, eu li sobre isso."
Além da rainha, os príncipes Charles e William também deverão participar de eventos no âmbito da COP26. O encontro tem como objetivo convencer as maiores economias em desenvolvimento a fazerem mais para reduzir suas emissões de CO2, bem como fazer com que países ricos doem mais para ajudar os mais pobres a se adaptarem às mudanças climáticas.
lf/ek (AP, AFP, Reuters)
Greenpeace 50 anos: relembre protestos pelo mundo
O Greenpeace luta contra a degradação ambiental e defende uma mudança de curso da sociedade. Como nenhuma outra ONG, os ativistas impulsionam debates há 50 anos por meio de protestos contra governos e empresas.
Foto: Robert Keziere/Greenpeace
Um basta aos testes nucleares
Os EUA detonaram bombas atômicas na costa do Alasca, em 1971, e um movimento de protesto se formou contra os testes. Esses ativistas chamaram sua ação de "Greenpeace" e tentaram penetrar na zona de testes com um veleiro de mesmo nome. A tentativa fracassou, mas o nome foi mantido: o Greenpeace se tornou a organização ambiental mais conhecida do mundo.
Foto: Robert Keziere/Greenpeace
Ataque militar contra o Greenpeace
O Estado francês não queria ser incomodado em seus testes nucleares e reagiu brutalmente: em 1973, um navio militar da França colidiu contra um barco do Greenpeace, que, logo em seguida, foi atacado por soldados franceses. Em 1985, um agente secreto francês afundou um barco do Greenpeace na Nova Zelândia, e um fotógrafo perdeu sua vida. Após 188 testes nucleares, a França os interrompeu em 1996.
Foto: Greenpeace/Ann-Marie Horne
Luta contra pesticidas
Em 1981, ativistas do Greenpeace ocuparam a chaminé da fábrica de produtos químicos Boehringer, em Hamburgo, onde herbicidas e pesticidas eram produzidos e, dioxinas, liberadas. Essa fábrica teve que fechar, mas as vendas de pesticidas aumentaram em todo o mundo e continuam causando danos à saúde. Por essa razão, o Greenpeace continua lutando pelo banimento de pesticidas perigosos.
Foto: Greenpeace/Wolfgang Hain
Contra a caça às baleias
Os protestos do Greenpeace contra a caça às baleias também são conhecidos. Por meio deles, os ativistas tentam evitar que baleeiros matem os animais ameaçados de extinção. Em vigor desde 1986, a moratória à caça comercial de baleias é um sucesso. No entanto, Islândia, Noruega e Japão ignoram a regra e, por isso, os protestos continuam – como este na frente de um navio baleeiro japonês (foto).
Foto: Greenpeace
Petrolíferas ignoram responsabilidade pelo clima
Em 1995, ativistas ocuparam a plataforma de petróleo Brent Spar, no Mar do Norte. A Shell queria afundar a antiga estrutura no mar, e motoristas se solidarizaram e boicotaram os postos de gasolina da empresa. A Shell abandonou seu plano inicial e, em 1998, governos proibiram naufrágios. Hoje o protesto é dirigido contra a indústria do petróleo por ignorar a meta de limitar o aquecimento a 1,5 °C.
Foto: Peter Thompson/Greenpeace
Proteção da biodiversidade
Em 2006, ativistas do Greenpeace penduraram uma enorme faixa no braço do Cristo Redentor, no Rio, por ocasião de uma conferência da ONU sobre biodiversidade em Curitiba. Com a frase "O futuro do planeta está em suas mãos", a organização alertava sobre a extinção em massa de animais e plantas devido ao setor agrícola e a consequente destruição dos meios de subsistência das gerações futuras.
Foto: Daniel Beltr· / Greenpeace
Escalada interrompe usina de carvão
Em 2009, ativistas escalaram uma chaminé de 200 metros de altura da usina de carvão Kingsnorth e forçaram seu fechamento. Na época, o Reino Unido ainda planejava novas usinas a carvão. Esse protesto, juntamente com ações judiciais, ajudaram o país a se tornar modelo para eliminação gradual da energia a carvão: quase todas as usinas estão desligadas da rede, e a última será fechada em 2024.
Foto: Will Rose/Greenpeace
O desastre do lixo plástico
O Greenpeace luta há muito tempo contra o lixo plástico e exige a proibição dos microplásticos em cosméticos, a proibição do plástico descartável e a reciclagem desses resíduos. Mas, até agora, nem todas as empresas e políticos do mundo se posicionaram contra os plásticos e, portanto, a água e o solo estão ainda mais poluídos com resíduos plásticos.
Foto: Justin Hofman/Greenpeace
Campanha para uma moda sustentável
A indústria têxtil é um grande poluidor, e o Greenpeace pediu às empresas de roupas para parar de usar produtos químicos perigosos – e 80% delas se comprometeram a não usá-los mais a partir de 2014. Na foto, modelos da Indonésia anunciam moda sustentável num campo de arroz na província Java Ocidental. O arrozal foi contaminado pela indústria de confecções.
Foto: Hati Kecil Visuals/Greenpeace
Indústria da carne e desmatamento
A indústria da carne destrói a floresta tropical, e muitas pessoas ainda não estão cientes disso. Na foto, o Greenpeace chama a atenção para o assunto com um banner num restaurante Burger King, em Londres. A demanda por carne impulsiona o desmatamento e queimadas na Amazônia, e os rebanhos pastam em terras obtidas dessas formas. Além disso, cultiva-se soja para alimentar os animais.
Foto: Paul Hackett/Greenpeace
Meta climática não será atingida
Esta usina a carvão perto de Colônia, na Alemanha, emite mais de 14 milhões de toneladas de CO2 por ano. O governo não quer fechá-la até 2038, e a meta de limitar o aquecimento a 1,5 °C não será concretizada. O Greenpeace protesta contra essa política e participa do movimento pelo clima liderado por jovens do Fridays for Future, que se mobilizam em todo o mundo e pressionam os políticos.