Ralph Lauren pede desculpas por plágio de estampa indígena
21 de outubro de 2022
Marca americana copiou tecido de comunidades tradicionais do México em casaco. Reconhecimento de erro ocorreu após denúncia feita nas redes sociais pela esposa do presidente do México.
Anúncio
A marca de moda de luxo americana Ralph Lauren pediu desculpas depois de ter sido acusada de plagiar estampas indígenas. A acusação foi feita nesta quinta-feira (20/10) pela esposa do presidente do México e chefe da comissão de assuntos culturais do país, Beatriz Gutiérrez, que publicou uma imagem de um casaco da marca em sua conta no Instagram.
Gutiérrez afirmou que a estampa do casaco foi criada pelos povos indígenas contla e saltillo, do México. "Ei Ralph: já percebemos que você realmente gosta dos desenhos mexicanos. No entanto, ao copiar esses desenhos, você está cometendo plágio, e plágio é ilegal e imoral", escreveu.
Ela pediu ainda que a marca reconhecesse que cometeu plágio e recompensasse as comunidades indígenas que criaram a estampa. O casaco da marca americana estava sendo vendido em lojas de departamento por 360 dólares (cerca de R$ 1,87 mil).
Formada em artes, escrita cultural e ensino, Gutiérrez, que rejeita o título de primeira-dama, é a chefe honorária do Conselho de Coordenação da Memória Histórica e Cultural do México.
Pedido de desculpas
Poucas horas após a publicação de Gutiérrez, por meio de uma nota, a Ralph Lauren pediu desculpas e afirmou estar surpresa que o produto ainda estivesse à venda. A marca disse ter emitido há meses uma diretiva para a retirada da peça das lojas.
"Lamentamos que isso tenha acontecido e, como sempre, estamos abertos ao diálogo sobre como podemos melhorar", destacou a empresa na nota.
A Ralph Lauren prometeu ainda que todas as estampas indígenas usadas em suas coleções após 2023 serão criadas seguindo um modelo de "crédito e colaboração".
Anúncio
Defesa da autoria cultural indígena
Desde que assumiu o cargo em 2018, o presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, iniciou uma campanha para proteger a herança cultural indígena pré-colombiana. O país já apresentou queixas contra grandes marcas como Zara, Mango e Shein, que usaram estampas mexicanas em suas coleções.
Em 2020, a designer francesa Isabel Marant pediu desculpas depois de usar uma estampa de uma comunidade indígena de Michoacán e ser acusada de apropriação cultural indevida.
Em 2019, a Secretaria da Cultura do México denunciou por apropriação cultural indevida a marca Carolina Herrera, que usou sem consentimento bordados da comunidade Tenango.
O México possui 56 grupos étnicos, que possuem uma vasta riqueza artesanal, especialmente têxtil e de bordados.
cn (DW, AFP)
Mera cópia? Casos de plágio na indústria musical
Processo de direitos autorais contra rapper Childish Gambino é apenas caso mais recente na controversa história do plágio na música pop. Shakira, Led Zeppelin e nem Bob Dylan estão a salvo de acusações espetaculares.
Foto: picture-alliance/AP Images/J. Salangsang
Childish Gambino x Kidd Wes
Com seu ácido comentário contra desigualdade racial, brutalidade policial e violência armada, "This is America" fez história em 2019, como primeiro rap a receber o Grammy de melhor canção e disco. Dois anos mais tarde, Childish Gambino (pseudônimo de Donald Glover) está sendo processado por supostamente copiar seu "tema lírico, conteúdo e estrutura" do rapper Emelike Nwosuocha, aliás Kidd Wes.
Foto: picture-alliance/AP Images/J. Salangsang
Nicki Minaj x Tracy Chapman
Segundo autos processuais divulgados em 7 de janeiro de 2021, a rapper Nicki Minaj foi sentenciada a pagar US$ 450 mil à cantora e compositora Tracy Chapman, cuja "Baby can I hold you" foi usada em "Sorry". Os pedidos anteriores da equipe de Minaj para utilização haviam sido repetidamente recusados. Aí a canção acabou vazando no rádio e tornou-se um hit.
Foto: AP Photo/picture alliance
Led Zeppelin x Spirit
"Stairway to heaven" é uma das canções mais populares da história do rock. Mas seus autores são realmente Jimmy Page (dir.) and Robert Plant (c.)? Os herdeiros de Randy Wolfe, da banda Spirit, expressaram sérias dúvidas a respeito em 2014. Em 9 de março 2020, finalmente, um tribunal americano confirmou que o Led Zeppelin não roubou a criação do cantor e guitarrista.
Foto: picture-alliance/Photoshot
Lana Del Rey x Radiohead x The Hollies
Não há como negar que "Get free", de Lana Del Rey, soa muito como "Creep", do Radiohead, que exigiu direitos autorais sobre a canção. Ironicamente, partes de "Creep" também foram copiadas, de "The air that I breathe" (1974), de The Hollies. Neste caso, as duas bandas fecharam um acordo extrajudicial.
Foto: Imago/PA Images/D. Lawson
Sam Smith x Tom Petty
A indústria musical tem sido assombrada por numerosas controvérsias de plágio. Em 2014, "Stay with me", de Sam Smith, esteve no foco das atenções por ser supostamente inspirada por "I won't back down", da lenda do rock Tom Petty. Ele obteve parte das "royalties", mas não ficou zangado, declarando que as semelhanças podiam ter sido acidentais.
Foto: picture-allianc/empics/Y. Mok
Robin Thicke e Pharrell Williams x Marvin Gaye
Robin Thicke e Pharrell Williams tiveram menos sorte: depois de ficar constatado que sua "Blurred lines" fora "mamada" do sucesso de Marvin Gaye "Got to give it up", de 1977, em 2013 eles tiveram que pagar US$ 7 milhões aos herdeiros do músico de soul. Mas ambos cantores-compositores continuaram negando o plágio.
Foto: picture-alliance/AP
Moses Pelham e Sabrina Setlur x Kraftwerk
Num caso notório, apenas dois segundos de música desencadearam um processo de 20 anos, levantando a questão: onde começa o plágio, sobretudo na era digital? Para a canção "Nur mir", da rapper Sabrina Setlur, o produtor Moses Pelham sampleou a batida "Metall auf Metall", da banda techno alemã Kraftwerk. O caso foi acabar no Tribunal Europeu de Justiça.
Foto: picture-alliance/dpa/RMV via ZUMA Press/Mike Tudor
Shakira x Ramon Arias Vasquez
Outra estrela pop suspeita de ser plagiadora é Shakira. Em 2014, um tribunal federal americano concluiu que seu sucesso "Loca" era uma cópia ilícita de "Loca con su Tiguere", de Ramon Arias Vasquez, da República Dominicana. Um ano mais tarde, porém, a sentença foi retirada, por ter se baseado em provas falsas.
Foto: Getty Images/R.Juergens
Discurso do Nobel de Bob Dylan
Foi a jornalista americana Andrea Pitzer quem notou que umas 20 frases do discurso de Bob Dylan na entrega do Prêmio Nobel da Literatura em 2017 foram surrupiadas de um guia interpretação para estudantes do romance "Moby Dick", de Herman Melville. Mas o poeta pop nem pensou em citar a fonte.