Pela primeira vez em dez anos, o campeão de inverno da Bundesliga não se chama Borussia Dortmund nem Bayern Munique. Mas segmentos da torcida não veem com bons olhos esse time que pertence a uma empresa transnacional.
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Pela primeira vez em dez anos, o campeão de inverno da Bundesliga não se chama Borussia Dortmund nem Bayern Munique. A última vez que um pequeno desbancou esses dois grandes ao final do primeiro turno foi o Hoffenheim em 2008.
Não que esse título simbólico valha grande coisa, mas apaixonados por estatísticas gostam de lembrar que, em 66% dos casos, a equipe que termina a primeira metade do campeonato na liderança, acaba por levantar a cobiçada salva de prata ao final da competição.
De todo modo, o que esse clube de retorta chamado RB Leipzig alcançou desde a sua fundação há apenas dez anos pode ser considerado histórico. É digno de nota. E é bom que se diga, não foi apenas uma questão de dinheiro.
Trata-se também de muita competência no "scouting” que resultou numa equipe altamente competitiva. É um time consistente formado por um coletivo de jogadores que prezam o espetáculo e o futebol atraente. Jogam bonito sem necessidade de terem grandes astros do futebol mundial em suas fileiras.
A intensidade do futebol ofensivo praticado pelos comandados do jovem técnico Julian Nagelsmann é inquestionável. Nas últimas oito partidas do primeiro turno, o Leipzig marcou 31 gols, uma média de quase quatro gols por jogo.
Alguns teóricos do futebol afirmam sem pestanejar que o time que marcar mais gols no decorrer do torneio acaba por conquistar o título de campeão. Nesse quesito o Leipzig está bombando na atual temporada. Já anotou 48 gols em 17 confrontos. O ataque dos Red Bulls é um colírio para os olhos do torcedor. Ostenta o setor ofensivo mais eficiente e a terceira defesa menos vazada do campeonato.
Nagelsmann, de apenas 32 anos, logo depois da vitória sobre o Augsburg por 3 a 1 sábado último, foi cuidadoso na sua análise e não se deixou levar por prematura euforia: "Ainda não exploramos todo nosso potencial. Sabemos que não estamos prontos. Precisamos dar mais alguns passos rumo ao nosso desenvolvimento. Merecemos estar onde estamos, mas não podemos esquecer que não ganhamos nem do Bayern e nem do Dortmund. Vamos ter que vencer esses dois, caso contrário dificilmente chegaremos ao título”.
Sábias palavras de um jovem técnico com os pés no chão.
Mesmo com todo o sucesso, ou talvez até por causa dele, segmentos significativos da torcida não veem com bons olhos o desenvolvimento deste projeto inovador patrocinado por uma empresa transnacional de energéticos. Os tradicionalistas não se esquecem da origem do clube que, mais ou menos por acaso, fincou suas estacas em Leipzig como poderia ter fincado em qualquer outra cidade da Alemanha.
Na opinião de muitos, o RB Leipzig carece de legitimidade por não ter sido fundado a partir dos anseios de grupos representativos da sociedade local, seja de uma cidade ou apenas de um bairro. Esquecem, entretanto, que essa visão romântica do futebol já faz parte do passado e pouco tem a ver com a extrema comercialização do futebol profissional, não apenas na Alemanha, mas no mundo inteiro.
Clubes como Wolfsburg, Hoffenheim e Leverkusen, por exemplo, não sobreviveriam sem o apoio financeiro massivo de empresas como Volkswagen, SAP e Bayer, respectivamente. O próprio Borussia Dortmund é o braço esportivo de uma empresa que negocia suas ações na Bolsa de Valores e o Bayern Munique, tão cônscio de suas tradições bávaras, tem como um dos principais patrocinadores a Quatar Airlines, uma empresa estatal do Catar. O Schalke, por sua vez, é patrocinado pela gigante russa Gazprom, maior exportadora de gás natural do mundo.
Soa no mínimo estranho que, não apenas os torcedores, mas também os dirigentes dos clubes tradicionais citados acima, se manifestem em oposição ao modelo clube/empresa implementado pelo RB Leipzig.
Fato é que o esse jovem clube está no bom caminho de quebrar a hegemonia dos assim considerados grandes do futebol alemão e talvez possa, já na atual temporada, conquistar a salva de prata pela primeira vez em sua curta história.
Timo Werner, vice-artilheiro da Liga com 18 gols, logo depois da conquista do título simbólico de campeão de inverno, deixou um recado para os tradicionalistas: "Muitos clubes não têm noção do que somos capazes. Podemos fazer muito mais e faremos”.
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Gerd Wenzel começou no jornalismo esportivo em 1991 na TV Cultura de São Paulo, quando pela primeira vez foi exibida a Bundesliga no Brasil. Desde 2002, atua nos canais ESPN como especialista em futebol alemão. Semanalmente, às quintas, produz o Podcast "Bundesliga no Ar". A coluna Halbzeit sai às terças. Siga-o no Twitter, Facebook e no site Bundesliga.com.br
Dois clubes têm animais de verdade como mascotes, os demais, são bichos de pelúcia. Mas um dos clubes que disputam o campeonato alemão tem a mascote inspirada no Brasil. Você já viu este bicho?
Foto: picture alliance/Pressefoto Ulmer/M. Ulmer
O bode Hennes, do Colônia
O bode Hennes é a mascote mais velha da Bundesliga. Em 1950, um circo doou o primeiro Hennes ao Colônia. Claro que ele não existe mais. O atual já é o oitavo. Ele mora no zoológico de Colônia e sempre está presente na lateral do gramado quando a equipe joga em casa.
Foto: picture-alliance/dpa/K.D. Heirler
Emma, do Dortmund
As cores do Borussia Dortmund são amarelo e preto, por isso nada mais natural que uma abelha como mascote. O nome Emma vem do jogador Lothar Emmerich, que de 1960 a 1969 vestiu a camisa do clube 215 vezes e fez 126 gols. Emma tem 2,25 m e calça 66! Ela usa a camisa 9, porque o clube foi fundado em 1909.
Foto: picture alliance/dpa/M. Hitij
Berni, do Bayern de Munique
O urso de pelúcia Berni apoia desde 2004 o time alemão recordista em títulos. Ele sucedeu a Bazi – um garoto de calça de couro, nariz redondo e orelhas de abano. Berni, que tem até uma música própria, conta em seu site no Facebook que seu padrinho é Bastian Schweinsteiger.
Foto: picture-alliance/dpa/S. Hoppe
Erwin, do Schalke
A mascote do Schalke lembra a tradição mineira da região de Gelsenkirchen, cidade do clube. Erwin foi criado em 1994 e, com seu nariz grande e pequeno boné, representa milhares de torcedores do Schalke.
Foto: picture alliance/augenklick
O leão Brian, do Leverkusen
O sonoro rugido de Brian the Lion é a característica da mascote do Bayer Leverkusen. O animal está no brasão do clube e da cidade de Leverkusen.
Foto: picture alliance/Revierfoto
Wölfi, do Wolfsburg
Wolf significa lobo em alemão, por isso, Wölfi (diminutivo carinhoso) é a mascotinha do Wolfburg desde 1997, quando o clube começou a disputar a primeira divisão do campeoanto alemão. Por ironia, pouco tempo depois, o clube teve um técnico que se chamava Wolfgang Wolf. Este ficou até 2003, mas Wölfi ainda continua na equipe. Ele mede 1,95 m, pesa 85 quilos e calça 49!
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Füchsle, a raposinha do Freiburg
Fuchs quer dizer raposa em alemão, e Füchsle é o diminutivo carinhoso no dialeto local. Ele está no Freiburg desde 2011, mas como figura de história em quadrinhos ele já existe há mais tempo. Ele usa a camisa 4, porque o clube é de 1904.
Foto: Imago/M. Heuberger
O dinossauro Hermann, do Hamburgo
O Hamburgo é a única equipe que joga na primeira divisão da Bundesliga desde que ela foi criada, em 1963, sem nunca ter caído para a segunda. Por isso, o clube também é chamado de "dinossauro da Bundesliga". A mascote ganhou o nome de Hermann Rieger, massagista do time por mais de 20 anos.
Foto: picture alliance/dpa/A. Scheidemann
O potro Jünter, do Mönchengladbach
A mascote do Borussia Mönchengladbach tem pelo preto, crina branca e 2,10 m de altura. Ele nasceu em 1965, quando o clube ascendeu à primeira divisão. Ele acompanha as partidas no estádio do clube desde 1998. O nome vem do famoso jogador e mais tarde comentarista Günter Netzer, que jogou 297 partidas pela equipe em dez anos, fazendo 108 gols. Jünter é uma forma renana do nome.
Foto: picture alliance/dpa/Revierfoto
A águia Attila, mascote do Frankfurt
Só o Colônia e o Frankfurt têm mascotes vivos. A asas da águia Attila têm uma envergadura de até dois metros. O animal pesa quatro quilos. Attila participa de todos os jogos quando a equipe atua em casa. Ele tem até cartão autografado com sua pegada.
Foto: picture alliance/Sven Simon/W. Schmitt
O dragão Schanzi, do Ingolstadt
O dragão vermelho apoia o Ingolstadt desde 2011. Seu nome vem de "Schanzer", apelido de quem mora na cidade. O número da camisa dele é 4, pois o clube foi fundado em 2004. O dragão de dois metros de altura só não consegue cuspir fogo.
Foto: picture alliance/M.i.S.-Sportpressefoto
Bulli, do RB Leipzig
O clube existe desde 2009. Na realidade, seu nome é RasenBallsport Leipzig, mas a fabricante de bebidas RedBull usa as iniciais para "Rote Bulle" (boi vermelho, em alusão ao símbolo da marca). O nome Bulli foi escolhido pelos torcedores.
Foto: picture-alliance/dpa/J. Woitas
Hoffi, do Hoffenheim
O alce Hoffi nasceu em 2004 e nunca perdeu uma partida do time em casa. O talismã do ex-goleiro Christian Baumgärtner era um alce, que ficava no banco de reservas. A mascote tem dois metros de altura e pesa 100 quilos.
Foto: picture alliance/augenklick
Herthinho, do Hertha Berlim
O símbolo de Berlim e da equipe da capital alemã é o urso-pardo. Por isso, esse também é sua mascote. Mas no clube dizem que Herthinho é um urso-pardo trazido do Brasil quando o então empresário Dieter Hoeness retornou de um giro pela América do Sul em 1999. Com 2,35 e 128 quilos, é a maior mascote da Bundesliga. Ele já existia quando o brasileiro Marcelo Paraíba jogou no clube, de 2000 a 2006.
Foto: picture-alliance/dpa
Os sem mascotes
Quatro equipes que disputam a temporada 2016/2017 da primeira divisão do campeonato alemão não têm mascotes: Darmstadt, Augsburg, Werder Bremen e Mainz.