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Reação de Israel é "a princípio justificada", diz Habermas

15 de novembro de 2023

Renomado filósofo alemão lembra que Hamas manifestou objetivo de "eliminar a vida judaica", mas pondera que ação militar na Faixa de Gaza deve ser proporcional, evitar a morte de civis e ter a paz como objetivo futuro.

Habermas falando ao microfone
Habermas, 94 anos, é reconhecido por sua obra sobre democracia e esfera públicaFoto: Janine Schmitz/photothek/imago images

O renomado filósofo alemão Jürgen Habermas, um dos membros da Escola de Frankfurt, pronunciou-se nesta segunda-feira (13/11) a respeito do conflito entre Israel e Hamas.

Em um texto curto, assinado com outros três pesquisadores, Habermas afirmou que a reação militar de Israel deflagrada após os ataques do grupo radical islâmico em 7 de outubro era "a princípio justificada", tendo em vista que o Hamas manifestou expressamente sua intenção de "eliminar a vida judaica de forma geral".

No entanto, Habermas e seus cossignatários reconhecem que a forma como Israel tem reagido ao Hamas é alvo de "controverso debate", e que deveria ser proporcional, evitar a morte de civis e ter como objetivo construir a paz no futuro.

O texto, publicado no site do centro de pesquisa Normative Orders, da Universidade Goethe de Frankfurt, afirma também que, apesar da necessária preocupação com o destino da população palestina, atribuir "intenções genocidas" às ações de Israel seria desproporcional e fora de cogitação.

Além de Habermas, que é reconhecido mundialmente por sua obra sobre democracia, esfera pública e racionalidade comunicativa, assinam o texto a cientista política Nicole Deitelhoff, o filósofo Rainer Forst e o jurista Kalus Günther.

Responsabilidade da Alemanha

O texto ressalta que a Alemanha tem um dever de solidariedade com Israel e com os judeus que moram no país europeu, tendo em vista a perseguição e o genocídio de mais de 6 milhões de judeus pelo regime nazista.

"O ethos democrático da República Federal da Alemanha, orientado pela obrigação de respeitar a dignidade humana, está ligado a uma cultura política na qual a vida dos judeus e o direito de Israel de existir são elementos centrais e que demandam proteção especial, à luz dos crimes massivos da era nazista", afirma.

A declaração está alinhada com falas de vários políticos alemães de que a segurança de Israel é uma "razão de Estado" para a Alemanha.

Condenação ao antissemitismo

Habermas e os três cossignatários também abordam o risco de que as ações de Israel na Faixa de Gaza aumentem o antissemitismo na Alemanha, o que "não pode ser justificado de forma alguma".

"É intolerável que os judeus na Alemanha sejam novamente expostos a ameaças à vida e à sua integridade e tenham que temer sofrer violência física nas ruas", afirma o texto.

"Os direitos fundamentais à liberdade e à integridade física, assim como à proteção contra difamações racistas, são indivisíveis e se aplicam igualmente a todos. Todos os que estão em nosso país que tenham cultivado sentimentos e convicções antissemitas, sob todos os tipos de pretextos, e que agora veem uma oportunidade providencial para expressá-los de forma desinibida, precisam respeitar isso".

bl/le (ots)

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