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Crise atômica

21 de março de 2011

Densas nuvens de fumaça sobre a usina de Fukushima aumentaram o medo de um colapso e fizeram trabalhos serem suspensos temporariamente. Tóquio proibiu a venda de leite e espinafre originados dos arredores da central.

Reatores voltaram a fumegar em FukushimaFoto: Tepco/Kyodo/AP/dapd

A densa fumaça sobre a usina nuclear de Fukushima aumentou na segunda-feira (21/03) os receios de um colapso no Japão. Após os trabalhos terem sido suspensos temporariamente devido a uma nuvem de fumaça proveniente do reator 3, outra coluna começou a sair do reator 2. Os funcionários, no entanto, afirmaram ser improvável que a fumaça tenha conexão com os esforços para reativar o fornecimento de energia dos reatores.

Enquanto a população teme uma chuva ácida, o governo proibiu a venda de leite e espinafre em quatro províncias nos arredores da usina. Soldados e bombeiros continuaram na usina suas tentativas para resfriar os reatores com água. Os técnicos conseguiram no fim de semana que a unidade 2 fosse reconectada à rede elétrica. Os sistemas de refrigeração, entretanto, ainda não haviam entrado novamente em operação.

Alimentos e água contaminados

Tóquio proibiu venda alimentos de áreas próximas a FukushimaFoto: dapd

Alimentos e água contaminados representam agora problemas adicionais para a população japonesa. Em quatro províncias, o governo proibiu a venda e a exportação de leite e espinafre, devido à contaminação com radiação. Um porta-voz da Organização Mundial da Saúde (OMS) disse, no entanto, que os alimentos que foram brevemente expostos à radioatividade não representam um risco para a saúde a curto prazo.

Depois que sábado foram atestados níveis ligeiramente elevados de iodo radioativo e césio na água potável em Tóquio, foi detectada na segunda-feira uma cota de iodo radioativo mais de três vezes superior ao limite legal em uma aldeia situada a 40 quilômetros da central de Fukushima. Como precaução, o Ministério da Saúde do Japão aconselhou os moradores da região a não beberem a água.

Uma chuva prolongada e forte prejudicou os trabalhos de resgate e alimentou os temores de contaminação radioativa. Devido às condições meteorológicas, o primeiro-ministro japonês, Naoto Kan, cancelou uma visita aos sítios do desastre no nordeste do Japão. "Não podemos voar com helicópteros sob uma chuva como esta", disse um representante da província de Miyagi, a mais atingida pelo desastre.

Custos de até 166 bilhões de euros

O número oficial de mortos e desaparecidos após o terremoto e o tsunami alcança quase 22 mil. O Banco Mundial estimou os prejuízos em consequência das catástrofes naturais no Japão em até 166 bilhões de euros.

Leite e espinafre apresentaram altos níveis de contaminaçãoFoto: Picture alliance/dpa

Entretanto, segundo o economista-chefe da instituição, Vikram Nehru, a economia japonesa deve se recuperar de forma relativamente rápida. Ele disse que os japoneses contam com a experiência do terremoto de Kobe, em 1995. A agência americana de classificação de risco Moody's vê o país retomando o crescimento já no segundo semestre de 2011.

Porém os esforços de reconstrução podem provocar a alta dos preços do petróleo, gás e outras matérias-primas, alertou o Banco Mundial, ao apresentar, em Cingapura, uma nova análise de conjuntura econômica para o Leste Asiático e a região do Oceano Pacífico. No entanto, é cedo demais para avaliar os efeitos sobre a economia das usinas nucleares danificadas e da contaminação radioativa.

Segundo o estudo da Moody's, as consequências mais sérias do desastre deverão se limitar ao primeiro semestre do ano. Devido ao enorme investimento na reconstrução, o Produto Interno Bruto japonês deverá crescer novamente no segundo semestre. É possível um crescimento de 1% neste ano e de 2,3% em 2012.

MD/afp/dpa/lusa
Revisão: Augusto Valente

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