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Mercado apreensivo

6 de agosto de 2011

Reação dos mercados financeiros frente à nova classificação de risco dos EUA é aguardada com ansiedade na Europa. Países do G7 cogitam ação de bancos centrais.

Foto: picture alliance/dpa

A agência de rating S&P (Standard & Poor´s) rebaixou na sexta-feira (05/08) a nota de risco de crédito dos EUA de "AAA" para "AA+" pela primeira vez nos últimos 70 anos. A S&P revidou ainda, a seguir, as afirmações de Washington de que um erro de cálculo cometido pelo Tesouro norte-americano teria levado ao rebaixamento e deveria ser corrigido. A agência corrigiu os valores em questão, mas esclareceu, contudo, que isso não muda em nada o rebaixamento da nota de crédito do país.

O presidente da S&P, John Chambers, justificou sua decisão, em entrevista à emissora CNN, ao apontar para a urgente necessidade "de manter o orçamento norte-americano sob controle". As duas outras grandes agências de rating – Moody's e Fitch – pretendem manter, pelo menos a priori, suas notas máximas para os EUA.
Foto: picture-alliance/dpa
Com o rebaixamento, os títulos públicos dos EUA, antes considerados os mais seguros do mundo, passaram a ter notas de crédito mais baixas que os de países como a Alemanha, o Reino Unido, a França e o Canadá. Como o dólar é considerado uma moeda-guia no mercado internacional, analistas temem mais turbulências para os próximos dias. Aguarda-se com temor as reações das bolsas nesta segunda-feira (08/08).
Críticas ácidas de Pequim
O governo da China, maior credor dos EUA, reagiu com uma veemência inesperada. Pequim apontou que Washington não pode continuar tentando resolver os problemas financeiros do país somente apelando para novos créditos. "Os EUA precisam pagar por seu vício de contrair dívidas e pelas idas e vidas políticas de curto prazo", afirmou um agência de notícias alinhada com o governo chinês. Embora o conteúdo da crítica corresponda ao que pensa boa parte do mundo, o tom usado lembrou os ataques verbais dos tempos de Guerra Fria.
Medo gera mobilização do G7
O diário New York Times descreveu o rebaixamento da nota de crédito dos EUA como um mero "ato simbólico", mas os temores de uma crise maior aumentam. Na Europa, os mercados financeiros passam por momentos altamente turbulentos em função das dívidas públicas de diversos países da zona do euro. A Itália, ainda na posição de sétima maior economia do mundo, poderá ser a próxima a ter que recorrer a um pacote de resgate.
Foto: picture alliance/dpa
O rebaixamento da credibilidade dos EUA e a queda nas bolsas de valores de todo o mundo na última semana fizeram com que representantes do G7 (Reino Unido, Canadá, França, Alemanha, Itália, Japão e EUA) começassem a pensar em medidas conjuntas a serem tomadas pelos bancos centrais dos respectivos países. A ideia foi mencionada pelo premiê italiano, Silvio Berlusconi, e confirmada pelo ministro francês das Finanças, François Baroin. "Estamos observando com muita atenção o que pode acontecer a partir de segunda-feira", disse o ministro à emissora francesa de rádio RTL.
Graves consequências
Seu colega alemão de pasta, Philipp Rösler, não fez declarações a respeito da mudança de classificação dos EUA pela S&P. "Não comento ratings de agências individualmente, mas é claro que a capacidade de concorrência das economias de outros países nos interessa", disse o ministro ao jornal alemão Bild am Sonntag.
O líder da bancada democrata-cristã no Parlamento alemão, Michael Meister, salientou que o rebaixamento da nota de crédito "é uma ruptura violenta, que trará graves consequências". Para a presidente do partido A Esquerda, Sarah Wagenrecht, "a perda da nota máxima de crédito para os EUA é mais um sintoma de uma evolução errônea".
SV/dpa/rtr/afp
Revisão: Mariana Santos
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