Rebeldes deixam bairro de Damasco após acordo com governo
30 de maio de 2017
Mil pessoas, incluindo 455 combatentes rebeldes, partem do distrito de Barzeh em direção a territórios controlados pela oposição. Assad retoma controle quase completo da capital síria pela primeira vez desde 2013.
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Mais de mil pessoas, entre rebeldes, seus familiares e outros civis, deixaram nesta segunda-feira (29/05) o distrito de Barzeh, no norte de Damasco, informou o governador da capital síria, Beshr Assaban. A evacuação faz parte de um acordo entre o governo da Síria e forças rebeldes.
Segundo o Observatório Sírio para os Direitos Humanos, que monitora a situação no país, os últimos ônibus partiram durante a tarde do distrito antes controlado por grupos opositores. A maioria teria seguido para a província de Idlib, ao norte, ainda um reduto rebelde, afirma a organização.
O pacto de "reconciliação" entre o regime de Bashar al-Assad e as forças rivais contempla três bairros de Damasco ocupados por rebeldes. Qaboun e Tishreen, no nordeste da capital, já haviam sido retomados pelo governo sírio. Com a partida dos últimos opositores de Barzeh nesta segunda-feira, Assad retoma o controle quase total de Damasco pela primeira vez desde 2013.
A evacuação de Barzeh foi realizada em quatro fases ao longo dos últimos 20 dias. Em cada fase, entre mil e 2 mil pessoas foram deslocadas do distrito, localizado a cerca de 11 quilômetros do centro de Damasco e cercado por tropas do governo há mais de um mês.
"A última fase do acordo de reconciliação em Barzeh está concluída, com a partida de 1.012 pessoas, incluindo 455 homens armados", declarou o governador Assaban à agência de notícias estatal da Síria, Sana. "Isso permitirá que as instituições do Estado retornem ao bairro."
Segundo o acordo, assinado no início deste mês, o governo concede passagem segura a combatentes rebeldes e civis em direção a outros territórios controlados pela oposição, em troca de uma trégua nos bombardeios e no cerco. Moradores podem permanecer nesses distritos se concordarem em se submeter às regras do governo.
O regime sírio defende que pactos como esse são a melhor maneira de reduzir o derramamento de sangue no conflito que já dura seis anos. A oposição, enquanto isso, afirma que esses acordos não mais são do que deslocamentos forçados.
A Organização das Nações Unidas também chegou a usar o mesmo argumento da oposição, criticando a tática de cerco do regime de Assad, que acaba forçando rebeldes a se deslocarem.
EK/afp/efe/rtr/dw
Amor em tempos de guerra na Síria
Apesar dos contínuos bombardeios sobre sua cidade natal, um casal de Homs recusou-se a abandonar a esperança, usando as ruínas como cenário para seu álbum de casamento. A agência AFP deu projeção mundial às imagens.
Foto: Getty Images/AFP/J. Eid
Vida e amor entre ruínas
Nada Merhi, de 18 anos, e o soldado Hassan Youssef, de 27, escolheram um pano de fundo inusitado para suas fotos de casamento: as ruínas de sua cidade natal, Homs, na Síria, destroçada por bombardeios. A ideia foi do fotógrafo Jafar Meray, com a intenção de mostrar que "a vida é mais forte do que a morte".
Foto: Getty Images/AFP/J. Eid
"O amor reconstrói a Síria"
Um mês depois de o casal sírio posar na cidade bombardeada, a agência de notícias francesa AFP divulgou uma série feita por um de seus fotojornalistas, documentando a iniciativa. O fotógrafo Meray postou o inusitado álbum de casamento no Facebook, sob o título "O amor reconstrói a Síria".
Foto: Getty Images/AFP/J. Eid
Cidade dilacerada
A guerra civil na Síria já fez mais de 250 mil vítimas, a maior parte delas civis. Terceira maior cidade síria, Homs tem sofrido tremendamente com as ofensivas das forças leais ao presidente Bashar al-Assad. Ela foi uma das primeiras cidades a se opor ao governo em 2012, embora em vão. Desde então, o governo conseguiu expulsar de Homs a maioria dos combatentes rebeldes.
Foto: Getty Images/AFP/J. Eid
Destroços cinzentos, vestido branco
Em meio à antes próspera metrópole, o branco do vestido de noiva de Nada realça a destruição que circunda o jovem casal. Buracos de bala, prédios abandonados, ruínas incendiadas e estradas desertas são um lembrete constante das vidas que Homs abrigava antes da guerra civil.
Foto: Getty Images/AFP/J. Eid
Ataques continuam
Homs continua sendo alvo frequente de ataques armados. Em 26 de janeiro de 2016, 22 pessoas foram mortas e mais de cem feridas num atentado suicida a bomba no bairro de Al-Zahra. A maioria da população local é de alauítas, a seita islâmica minoritária a que também pertencem o presidente Assad e sua família. A milícia jihadista do "Estado Islâmico" (EI) reivindicou o ato terrorista.
Foto: Getty Images/AFP/J. Eid
Homs não é única vítima
Desde 30 de setembro de 2015, aviões de combate russos têm realizado ofensivas aéreas em apoio às forças de Assad. Homs não é a única cidade síria atingida: em 15 de fevereiro, um hospital perto de Murat al-Numan, a cerca de 280 quilômetros de Damasco, foi atingido por bombardeios. Ao menos nove pessoas morreram.
Foto: Getty Images/AFP/J. Eid
Pressão internacional
Numa entrevista à agência de notícias AFP, Assad afirmou que continuaria a lutar, apesar da pressão internacional crescente no sentido de um cessar-fogo. O ministro saudita do Exterior, Adel al-Jubeir, rebateu, falando a um jornal alemão: "Não vai mais haver um Bashar al-Assad no futuro. Ele não vai mais arcar com a responsabilidade pela Síria."
Foto: Getty Images/AFP/J. Eid
Destaque na Conferência de Munique
O sofrimento contínuo dos habitantes nas áreas sitiadas da Síria foi um dos pontos centrais de debate na Conferência de Segurança de Munique, realizada de 12 a 14 de fevereiro de 2016 e dedicada à segurança. O secretário de Estado americano, John Kerry, declarou: "Em nossa opinião, a grande maioria dos ataques da Rússia foi contra grupos oposicionistas legítimos."
Foto: Getty Images/AFP/J. Eid
Repercussão na rede social
Alguns usuários do Facebook comentaram as imagens de Jafar Meray de forma emocional. "Sinto-me como o noivo na foto", escreveu um deles. Outro desejou: "Que Deus esteja com vocês e com todos os sírios. Obrigado por todas estas fotos e por partilhá-las com o mundo." Um terceiro propôs um título alternativo: "Amor em tempos de guerra".
Foto: Getty Images/AFP/J. Eid
Prova de que a vida continua
As fotografias de Meray se tornaram um sucesso tão grande que, além de comentá-las, seus seguidores no Facebook criaram sequências de slides com a série e a transformaram em vídeos para o YouTube. Para um usuário, o trabalho de Meray é "prova de que a vida continua, mesmo em Homs, a cidade mais devastada da Síria".