Recém-nascida resgatada sob escombros é adotada pelos tios
22 de fevereiro de 2023
Menina foi achada ainda presa pelo cordão umbilical à mãe morta após terremoto na Síria. Batizada de Afraa, ela agora será criada pela irmã do pai e o marido, junto a seis primos e primas.
Chamada de "bebê milagre", a criança foi encontrada ainda ligada a mãe, que estava morta, pelo cordão umbilical. No hospital, recebeu vários pedidos de adoção e foi alvo de três tentativas de sequestropor milícias, segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos. No terremoto, morreram seu pai, Abdallah Mleihan, a mãe, Afraa, três irmãs, um irmão e uma tia.
Agora, ela ficará aos cuidados da tia Hala, irmã do pai, após exames de DNA comprovarem o parentesco. A menina foi batizada pelos tios de Afraa, em homenagem à falecida mãe. No hospital, ela vinha sendo chamada de Aya, nome árabe para "um sinal de Deus".
Hala e o marido, Khalil al-Sawadi, têm quatro filhas e dois filhos. Uma das meninas, Attaa, nasceu apenas três dias depois de Afraa, teve alta no sábado e foi para a tenda onde a nova família está morando desde que a casa foi destruída pelo terremoto.
"Ela é um dos meus filhos agora. Eu não vou diferenciar entre ela e meus filhos'', disse al-Sawadi, que também é primo do pai da recém-nascida. Segundo ele, Afraa "manterá viva a memória de seu pai, mãe e irmãos".
O caso de Afraa
Autoridades judiciais assumiram o caso de Afraa depois que a menina chamou a atenção internacional, e algumas pessoas foram ao hospital alegando serem parentes dela, embora tivessem sobrenomes diferentes de Afraa e de sua mãe. Durante dias, al-Sawadi temeu que alguém pudesse sequestrar a menina e a visitava com frequência no hospital.
Equipes de resgate na cidade de Jinderis encontraram a menina mais de 10 horas após o terremoto, enquanto escavavam os destroços do prédio de cinco andares onde seus pais moravam.
O devastador terremoto de magnitude 7,8com epicentro em na província de Kharamanmaras, no sudeste da Turquia, ocorreu em 6 de fevereiro, seguido de milhares de tremores secundários. Mais de 44 mil pessoas morreram.
O tremor destruiu dezenas de unidades habitacionais na cidade de Jinderis, onde a família de Afraa morava desde 2018. O pai de Afraa, Abdullah Turki Mleihan, era originalmente da aldeia de Khsham, no leste da província de Deir el-Zour, de onde teve que sair em 2014, depois que o grupo "Estado Islâmico" capturou o vilarejo.
le/md (AP, Lusa, AFP, DPA)
O terremoto devastador na Turquia e na Síria em imagens
Após o pior terremoto em décadas atingir a região da fronteira turco-síria, equipes de resgate buscam sobreviventes sob os escombros de milhares de prédios. "Estão cavando com as próprias mãos", relata testemunha.
Foto: Sertac Kayar/REUTERS
Susto no meio da noite
Este prédio residencial em Diyarbakir, no sudeste da Turquia, foi um dos vários milhares de edifícios destruídos pelo terremoto de magnitude 7,8 que abalou a região da fronteira turco-síria. O sismo surpreendeu os moradores no meio da madrugada, às 4h17 (hora local) de segunda-feira (06/02/23).
Foto: Omer Yasin Ergin/AA/picture alliance
Dezenas de réplicas
O terremoto foi seguido dezenas de réplicas que acabaram por agravar a catástrofe. O tremor secundário mais forte, de magnitude 7,5, ocorreu horas depois, na tarde de segunda-feira.
Foto: SERTAC KAYAR/REUTERS
Prédios reduzidos a escombros
De acordo com o Ministério do Meio Ambiente e Planejamento Urbano, mais de 84 mil edifícios na Turquia desabaram ou foram severamente danificados, como estes em Karamamaras. Duas semanas após o desastre, o número de mortos já passava de 47 mil, a grande maioria na Turquia.
Foto: IHA/REUTERS
Resgate "com as próprias mãos"
Grupos de civis e equipes oficiais de resgate correm contra o tempo para encontrar pessoas presas sob os escombros, como mostra esta foto em Adana. Testemunhas relataram à DW que voluntários cavam os destroços "com as próprias mãos" para alcançar sobreviventes. Mais de 200 horas depois do tremor, duas mulheres foram resgatas com vida, em 14 de fevereiro.
Foto: IHA/AP Photo/picture alliance
Devastação no norte da Síria
A província de Idlib, no norte da Síria, também foi afetada pelo terremoto. O tremor de segunda-feira foi um dos mais devastadores a ocorrer na região em décadas e atingiu áreas já devastadas pela guerra civil que assola o país há quase 12 anos.
Foto: Ghaith Alsayed/AP Photo/picture alliance
"Famílias inteiras soterradas"
"Os moradores de Idlib correram de suas casas, estavam em pânico", contou à DW um repórter local na cidade de Sarmada, na província de Idlib. "Pouco depois, desabaram as primeiras casas, que já não estavam em boas condições como resultado dos ataques aéreos russos. Mas edifícios mais novos também desabaram. Famílias inteiras ainda estão soterradas",disse à DW.
Foto: Omar Albam
Capacetes Brancos em ação
Os Capacetes Brancos, uma organização fundada durante a guerra civil síria, participam dos trabalhos de resgate em áreas controladas por rebeldes no noroeste da Síria. Os dois homens na foto buscam por sobreviventes em Zardana, na província de Idlib.
Foto: Ahmad al-Atrash/AFP
Ajuda de todo lugar
Rapidamente diversos países – até mesmo a Ucrânia – ofereceram auxílio às regiões atingidas. A Alemanha, por exemplo, enviou ajuda de emergência e suprimentos de primeiros socorros, incluindo abrigos e estações de tratamento de água. Já os Estados Unidos mobilizaram uma equipe de especialistas em resposta a desastres.
Foto: SERTAC KAYAR/REUTERS
Construções históricas destruídas
Tesouros culturais também foram destruídos no terremoto. Na província turca de Maltaya, a famosa Mesquita Yeni (foto), do século 13, foi severamente danificada – assim como o imponente Gaziantep Kalesi, um castelo construído há cerca de 2.200 anos, na cidade de Gaziantep.
Foto: Volkan Kasik/AA/picture alliance
Aleppo não escapou
Na Síria, a cidade antiga de Aleppo (foto) e outros sítios arqueológicos importantes também tiveram partes de suas construções destruídas.
Foto: AFP
Prisão de empreiteiros
A Justiça turca criou uma unidade especial para investigar possíveis negligências na construção dos edifícios que desabaram com o sismo e emitiu mais de 110 mandados de detenção. Segundo a imprensa local, a polícia turca deteve no dia 11 de fevereiro pelo menos 14 pessoas nas províncias de Gaziantep e Sanliurfa, incluindo empreiteiros e engenheiros civis.