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Guantánamo

DW (sv)16 de janeiro de 2009

Europa poderá receber prisioneiros de Guantánamo, mas posição é controversa dentro dos países do bloco. Alguns ministros do Exterior defendem proposta, rejeitada por seus colegas responsáveis pela pasta do Interior.

Alguns detentos de Guantánamo podem não ter para onde irFoto: AP

O ministro alemão das Relações Exteriores, Frank-Walter Steinmeier, mencionou oficialmente em carta aberta ao futuro presidente norte-americano, Barack Obama, a possibilidade de que a União Europeia acolha prisioneiros de Guantánamo, tão logo o campo seja fechado, como vem sendo planejado.

Steinmeier propôs a Obama uma cooperação estreita no processo de fechamento de Guantánamo. "Sugiro que a comunidade internacional e a Europa auxiliem os EUA a executar esta tarefa, não deixando o governo norte-americano na mão", escreveu Steinmeier.

Resistência do Interior

Frank-Walter SteinmeierFoto: AP

A proposta do ministro alemão, no entanto, foi rejeitada por alguns ministros do Interior da UE – entre eles pelo alemão Wolfgang Schäuble – que estiveram reunidos na última quinta-feira (15/01) em Praga. "Sou conhecido por minha solidariedade com os EUA, mas acredito que a responsabilidade em relação a essas pessoas está mesmo nas mãos do país", afirmou o ministro.

Segundo Schäuble, não há registro de que alemães ou pessoas que tenham crescido na Alemanha estejam presas em Guantánamo, algo que poderia justificar sua recepção depois que a prisão for fechada. "Se fosse esse o caso, eu me sentiria responsável", comentou o ministro.

Não está claro quando Guantánamo será realmente cerrada, mas Obama já se pronunciou a favor do fim da prisão, que ainda mantém aproximadamente 250 pessoas confinadas, algumas delas sem nacionalidade. Não se sabe ao certo para qual país elas serão então enviadas. Em outros casos, embora os prisioneiros possuam cidadanias, é possível que seus países de origem se recusem a recebê-los.

França: sim ou não?

Wolfgang SchäubleFoto: picture-alliance/ dpa

Outras nações europeias não estão tampouco dispostas a receber os prisioneiros, como demonstra Michelle Alliot-Marie, ministra francesa do Interior. "A França estaria disposta a acolher seus próprios cidadãos de volta, já houve inclusive casos neste sentido. Mas, pelo que sei, não há mais cidadãos franceses detidos em Guantánamo", finalizou a ministra.

Já Bernard Kouchner, titular da pasta do Exterior, afirmou que a França está aberta a receber prisioneiros de Guantánamo que forem perseguidos em seus países de origem. De acordo com o um porta-voz do Ministério, Kouchner pretende "rever o assunto de forma favorável". Também no caso da França, é nítida a discrepância entre as posições dos ministros do Interior e Exterior em relação ao assunto.

"Problema norte-americano"

Da Áustria a disponibilidade também não é grande em acolher os ex-prisioneiros do campo de detenção. "Acreditamos que Guantánamo seja um problema norte-americano, a ser solucionado pelo próprio país", afirmou Maria Fekter, ministra austríaca do Interior.

Alguns governos condicionam acolhimento a "tipo do prisioneiro"Foto: AP

Já o governo sueco defendeu, em meio à polêmica, que Guantánamo é um assunto de ordem interna norte-americana, enquanto a Dinamarca, segundo informações divulgadas pela mídia, irá também se posicionar contra o abrigo aos ex-prisioneiros no país.

De Varsóvia ecoaram dúvidas a respeito do assunto. Uma posição definitiva só poderá ser tomada, de acordo com o governo polonês, após uma análise de cada caso, ou seja, após o exame "do tipo de prisioneiro" em questão.

Sim apenas de Portugal

Apenas Portugal deu sinal verde para receber os prisioneiros, o que leva a crer que a proposta do ministro alemão Steinmeier pode não vir a ser concretizada. Diante de tamanha resistência, tudo indica que Steinmer prometeu mais do que deveria ao futuro presidente Obama.

Os ministros do Exterior da UE irão discutir o problema em Bruxelas nas próximas semanas. O comissário de Justiça do bloco, Jacques Barrot, e o ministro tcheco do Interior, Ivan Langer, cujo país ocupa a presidência rotativa da UE, irão até Washington em fevereiro, a fim de debater com o governo norte-americano os planos para a dissolução da prisão em Guantánamo.

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