Reconhecimento a centro sobre nazismo em Colônia
7 de março de 2006A chamada EL-DE-Haus se localiza no centro de Colônia. O edifício foi planejado como sede comercial do joalheiro Leopold Dahmen, cujas iniciais LD (pronunciadas "el", "de", em alemão) dão nome à casa. Em 1934, o edifício foi confiscado pelos nazistas e usado como central da Gestapo, a polícia secreta do Terceiro Reich. As vítimas tiveram que construir celas no subsolo com suas próprias mãos, enquanto a Gestapo executava suas atividades nos andares superiores.
Celas de tortura como arquivo
As inúmeras vítimas devem achar que é uma ironia da história o fato de a antiga central da Gestapo ter sobrevivido ilesa aos bombardeios e de a prefeitura de Colônia ter usado as celas do porão como arquivo para documentos.
Enquanto os homens eram torturados no porão do edifício, as mulheres eram encaminhadas para os andares superiores. "Havia escritórios onde ficavam os homens da Gestapo. Eles tinham diversas salas e numa delas fui interrogada. Os homens geralmente eram interrogados no subsolo. Em geral, eram levados ao porão. Dava para ouvir os gritos. Uma vez, até me abriram a porta da cela para eu ouvir bem os gritos. Era para me desestabilizar", assim relata Martha Mense suas inesquecíveis vivências na EL-DE-Haus.
Dois anos e meio por panfletos secretos
Por ter imprimido panfletos secretos contra Hitler, Martha Mense foi presa pela Gestapo em abril de 1933 e condenada a dois anos e meio de prisão por "tentativa de alta traição". Cinco meses da pena ela cumpriu na EL-DE-Haus, onde oposicionistas e sobretudo trabalhadores forçados eram presos, torturados e assassinados.
Depois da guerra, Martha Mense guiou estudantes pelas celas de tortura onde tinha ficado. Desde início dos anos 80, aumenta o número de visitantes e outros interessados pelo abrangente material histórico sobre o nazismo existente no centro de documentação, inclusive entrevistas com testemunhas da época.
Distinção a museus em Colônia e Lübeck
O diretor da EL-DE-Haus, Werner Jung, considera a conquista da distinção "The Best in Heritage" uma "honra especial e também um estímulo". A European Heritage Association nomeia uma vez por ano, em Dubrovnik, os melhores projetos museológicos e de patrimônio cultural. Aqui ocorre anualmente um intercâmbio de pesquisadores e diretores de museus de todo o mundo. Prestígio é importante, pois a European Heritage Association é uma organização não governamental (ONG) e depende de dinheiro público.
Depois da Casa Buddenbrook, em Lübeck, a EL-DE-Haus é o segundo museu alemão a ganhar a distinção "The Best in Heritage". Na Holanda foi a Casa Anne-Frank a escolhida. A lista das instituições premiadas inclui museus da Grécia, Finlândia, Rússia, Reino Unido, Chipre e Croácia.
Propaganda para a European Heritage Association
O diretor e fundador da European Heritage Association, Tomislav Sola, professor de museologia da Universidade de Zagreb, se emprenha em divulgar o trabalho da sua instituição. Para tal, participa a cada dois anos da Feira Internacional de Museus, Restauração e Patrimônio Cultural, em Colônia. Durante muito tempo, Sola foi membro do júri do Fórum Europeu de Museus, que concede prêmios anuais a museus europeus desde 1977.
Além de conceder premiações, a idéia da European Heritage Association é "propagar uma sensibilidade para a qualidade, uma coisa importante nesta profissão", diz Sola, que também é curador. "Vivemos num mundo turbulento no qual muitos simplesmente não vão sobreviver", acrescenta ele: "Se existir uma receita que una todas as soluções, será uma receita de qualidade".