Reforma tributária de Trump conquista primeira vitória
17 de novembro de 2017
Projeto polêmico é aprovado pela Câmara dos EUA por 227 votos a 205. Maior reforma tributária planejada no país nas últimas décadas prevê redução de impostos para empresas e corte da taxa máxima do imposto de renda.
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Por 227 votos a favor e 205 contra, a Câmara dos Representantes dos Estados Unidos aprovou nesta quinta-feira (16/11) a reforma tributária proposta pelo presidente Donald Trump, a maior já planejada no país nas últimas três décadas. O projeto prevê a redução de impostos para empresas e simplificação das categorias de pagamento de imposto de renda.
"O que estamos fazendo não é determinar o sistema tributário que vamos ter. O que estamos fazendo é determinar que tipo de país vamos ter", afirmou o presidente da Câmara dos Representantes, o republicano Paul Ryan, e um dos principais articuladores do projeto.
A proposta, que ainda deve ser votada no Senado, prevê uma redução de 35% para 20% dos impostos pagos por empresas e simplifica as categorias de pagamento de imposto de renda, que diminuem das sete atuais para três, de 12%, 25% e 35%.
Os novos índices representam uma queda em relação às atuais taxas máximas, de 39%, e elevam a mínima de 10% para 12%. A medida prevê ainda aumentar as deduções fiscais para as famílias com filhos e criar uma nova para adultos dependentes, como idosos ou pessoas doentes.
Ryan afirmou ainda que a reforma representa um "alívio real" para a classe média e estimou que uma típica família americana economizará pouco mais de mil dólares por ano com a nova legislação.
Na proposta, Trump não detalhou, porém, as medidas que pretende aplicar para evitar um rombo nas contas públicas com a redução dos impostos – estimativas conservadoras esperam um aumento da dívida pública de 1,5 trilhão de dólares em apenas uma década.
Apesar da vitória, a reforma enfrenta resistências dentro do partido Republicano e na sociedade. Nesta terça-feira, mais de 400 milionários e bilionários americanos assinaram uma carta conjunta, pedindo aos legisladores que não cortem seus impostos. Eles alegam que a mudança aumentará a desigualdade e a dívida do país.
Na votação na Câmara dos Representantes, 13 republicanos votaram contra a proposta de Trump. Para ser aprovada, ela precisa ainda do aval do Senado, onde o governo, apesar de ter a maioria dos assentos, não possuiu o apoio de todos os senadores governistas.
O Senado trabalha ainda numa proposta diferente de reforma tributária, com algumas modificações em relação ao projeto da Câmara e que deve ser votada em dezembro.
CN/efe/lusa/rtr/afp
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Nove livros para a era Trump
O novo presidente americano não lê muito. Mas, desde que ele chegou ao poder, livros sobre regimes totalitários voltam à lista de best-sellers. Conheça algumas obras que podem ajudar a entender seu estilo de governar.
Foto: Getty Images/S. Platt
"1984"
Em "1984", George Orwell mostra ao leitor o que é viver num Estado totalitário, onde a vigilância é onipresente, e a opinião pública é manipulada pela propaganda. Desde a eleição de Donald Trump, o romance distópico voltou à lista dos mais vendidos. Mas outros clássicos, que descrevem cenários semelhantes, também se encontram cada vez mais sobre as mesas de cabeceira.
Foto: picture-alliance/akg-images
"As origens do totalitarismo"
O ensaio de Hannah Arendt "As origens do totalitarismo" chamou bastante atenção após a sua publicação em 1951. Arendt, que havia fugido da Alemanha nazista, foi uma das primeiras teóricas a analisar a ascensão de regimes totalitários. Há poucas semanas, o livro apareceu por um curto período como esgotado no site de compras Amazon.
Foto: Leo Baeck Institute
"Admirável mundo novo"
O romance distópico de Aldous Huxley "Admirável mundo novo" ainda é leitura obrigatória para escolares e universitários. O livro do escritor britânico, publicado em 1932, descreve a "Gleichschaltung" (uniformização) de uma sociedade por meio da manipulação e condicionamento.
Foto: Chatto & Windus
"O conto da aia"
A distopia feminista de Margaret Atwood também voltou à lista dos best-sellers. O romance publicado em 1985 se passa nos Estados Unidos do futuro, onde as mulheres são reprimidas e privadas de seus direitos por uma teocracia totalitária no poder. Por medo de cenários semelhantes, muitas mulheres se posicionam hoje contra Trump, que continua a provocar discussões com comentários sexistas.
Foto: picture-alliance / Mary Evans Picture Library
"O homem do castelo alto"
Em 1962, Philip K. Dick descreveu em seu romance "O homem do castelo alto" como seria a vida nos Estados Unidos sob a ditadura de vitoriosos nazistas e japoneses após a Segunda Guerra. Em 2015 foi transmitida uma série de TV baseada vagamente no livro do escritor americano. Os cartazes de propaganda do seriado no metrô de Nova York (foto) foram motivo de controvérsia devido à sua simbologia.
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"The United States of Fear"
O livro não ficcional de Tom Engelhardt ainda não publicado no Brasil "The United States of Fear" ("Os Estados Unidos do medo", em tradução livre) foi lançado em 2011. A obra analisa como o fator "medo" favorece investimentos maciços do governo americano nas Forças Armadas, em guerras e na segurança nacional – levando o país, segundo a tese do autor, à beira do abismo.
Foto: Haymarket Books
"Things That Can and Cannot Be Said"
"Things that can and cannot be said" ("As coisas que podem e não podem ser ditas", em tradução livre) é uma coletânea de ensaios e conversas, na qual a autora Arundhati Roy e o ator e roteirista John Cusack refletem sobre o seu encontro com o whistleblower Edward Snowden, em 2014, em Moscou. O livro aborda principalmente a vigilância em massa e o poder estatal.
Foto: picture alliance / Christian Charisius/dpa
"O poder dos sem-poder"
Em seu texto "O poder dos sem-poder" (1978), o escritor e posterior presidente tcheco Vaclav Havel analisa os possíveis métodos de resistência contra regimes totalitários. Ele próprio passou diversos anos na prisão como crítico do governo comunista. Seu ensaio se tornou um manifesto para muitos opositores no bloco soviético.
Foto: DW/M. Pedziwol
"Mente cativa"
Em 1970, o autor polonês e posterior Nobel de Literatura Czeslaw Milosz se tornou cidadão americano. Sua não ficção "Mente cativa" (1953) fala sobre suas vivências como escritor crítico do governo no bloco soviético. Trata-se de um ajuste de contas intelectual com o stalinismo, mas também com a – em sua opinião – enfraquecida sociedade de consumo ocidental.