Refugiado sírio cozinha para moradores de rua em Berlim
26 de novembro de 2015
Para dar algo em troca à Alemanha, onde se refugiou no ano passado, Alex Assali distribui alimentos na capital. Ele fugiu da Síria após criticar o regime de Assad, e sua história viralizou na internet.
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Como forma de agradecer ao país que o acolheu, o refugiado sírio Alex Assali, de 38 anos, decidiu cozinhar para moradores de rua de Berlim, na Alemanha. "Assim, eu posso dar algo em troca para as pessoas", diz.
A história de Assali tocou muita gente e viralizou na internet. Desde que uma foto dele na Alexanderplatz foi postada no Facebook, há uma chuva de comentários entusiasmados. "Que grande gesto, embora ele próprio tenha tão pouco", escreveu um usuário.
Assali, que desembarcou na Alemanha no segundo semestre de 2014, conta que cozinhou para desabrigados pela primeira vez três meses atrás. Formado em TI, ele fugiu da Síria há alguns anos, após ter criticado na internet o regime do presidente Bashar al-Assad e chegou a trabalhar em Trípoli, na Líbia.
"Cozinhar é meu passatempo favorito", diz Assali. Quando criança, ele ajudava a mãe na cozinha. Agora, essa é a maneira que encontrou de dar algo em troca para as pessoas.
"Você quer comer?"
Assali prepara os pratos em casa, com ingredientes comprados sobretudo em lojas turcas. Ele diz que ele mesmo banca os custos da comida.
De metrô, o refugiado sírio e outros voluntários vão para a Alexanderplatz. Desta vez, ele e a estudante Tabea Büttner carregam uma panela que cheira a cebola e batata. É Mfarakeh, uma especialidade de Damasco.
Büttner conheceu a iniciativa de Assali quando viu a foto dele no Facebook. A repercussão, segundo ela, é grande. "Nossa caixa de entrada está cheia", diz a jovem de 22 anos. Eles recebem mensagens de pessoas ao redor do mundo, que se sentem gratas e inspiradas, conta.
"Você quer comer?", Assali pergunta a um sem-teto chamado Martin. Ele vive a maior parte do tempo na rua e se diz satisfeito com a comida. "Um lugar (para comer) é sempre bom. E o gosto é definitivamente bom." Outro desabrigado comenta: "Nós, moradores de rua alemães, percebemos que os refugiados estão aqui."
Fila para alimentos
Só em Berlim, há cerca de 5 mil a 6 mil desabrigados. De acordo com estimativas, em todo o país, existiam cerca de 335 mil pessoas sem teto em 2014.
Os refugiados – o governo alemão fala oficialmente num total de 800 mil requerentes de asilo até o final do ano – também ficam de olho nas distribuições gratuitas de comida.
O número de pessoas carentes está crescendo no país. Em algumas cidades, a quantidade de pessoas na fila para receber alimentos dobrou recentemente, segundo a Federação dos Bancos de Alimentos da Alemanha (Bundesverband Deutsche Tafel).
Dieter Puhl, da Berliner Stadtmission, organização da Igreja Evangélica, elogia a iniciativa de Assali. "Ouvi falar nele e isso realmente me tocou. É bom quando as pessoas demonstram gratidão e não se fecham."
AF/dpa
Estações da fuga em imagens
Cerca de 3,7 mil quilômetros separam a Alemanha da Síria. Para os refugiados da guerra civil, essa viagem dura semanas até meses. E ela é perigosa, também na rota dos Bálcãs.
Foto: picture-alliance/dpa/N. Armer
Últimas forças
Duma é uma cidade síria a nordeste de Damasco. Mesmo ferido, um homem procura por sobreviventes nos escombros. Pouco antes, a região foi atacada por bombardeios das forças armadas sírias. Desde o início da guerra civil, em 2011, mais de 250 mil pessoas morreram no país, segundo as Nações Unidas.
Foto: picture-alliance/A.A./M. Rashed
Terror ao alcance dos olhos
No campo de refugiados em Suruc, na Turquia, cerca de 40 mil sírios procuraram refúgio da guerra civil. A poucos quilômetros dali, em Kobane, o conflito continua. O campo é organizado como uma pequena cidade, com mesquita, escola e ruas. Ninguém quer permanecer aqui por muito tempo.
Foto: Getty Images/C. Court
Marcas da guerra
Abdurrahman Yaser al-Saad conseguiu chegar à cidade portuária turca de Izmir. O sírio de 16 anos mostra aos outros refugiados uma cicatriz enorme na barriga. Ele estava na escola quando as forças armadas sírias bombardearam o local e ele ficou gravemente ferido.
Foto: picture-alliance/AA/E. Menguarslan
Esperança de uma vida melhor
Na viagem em direção à Europa, muitos refugiados acabam em Izmir. Daqui eles desejam ir para a Grécia. Coletes salva-vidas são fundamentais, pois muitos não sabem nadas, e os barcos dos atravessadores ficam superlotados. Enquanto aguardam a partida, muitos dormem ao ar livre, porque não podem pagar um hotel.
Foto: picture-alliance/AA/E. Atalay
Jogado de volta
Com suas últimas forças, esse refugiado conseguiu nadar de volta até a praia de Bodrum, na Turquia. Pouco antes ele havia tentado alcançar um barco de atravessadores, que, por muito dinheiro, levam as pessoas ilegalmente até a Grécia. As embarcações estão sempre superlotadas.
Foto: Getty Images/AFP/B. Kilic
Desamparo
Na praia de Kos, uma ilha grega, turistas observam como refugiados tentam chegar à costa com um barco inflável. A viagem ilegal de Bodrum até aqui custa cerca de mil euros por pessoa. São apenas quatro quilômetros de distância, mas muitos não sabem nadar e acabam morrendo afogados.
Foto: picture-alliance/dpa/Y. Kolesidis
Realidade incômoda
No caminho para o hotel ou para a praia, turistas passam por muitos refugiados. Devem olhar? Devem ajudar?
Foto: picture-alliance/AA/G. Balci
Com braços e pernas
Da Grécia, muitos refugiados tentam chegar à Europa ocidental pelos Bálcãs. Uma estação importante é a cidade de Gevgelija, na Macedônia. Depois de dias de espera, todos desejam conseguir um lugar em um trem para a Sérvia.
Foto: picture-alliance/dpa/G. Licovski
Passo a passo
Já nas primeiras horas do dia, centenas de refugiados caminham ao longo da linha do trem, da Sérvia para a Hungria. De lá, muitos desejam ir para a Áustria ou Alemanha. A caminhada de quilômetros exige de muitos suas últimas forças.
Foto: Getty Images/AFP/A. Messinis
Desespero
Com medo de ser levado para um campo de refugiados na Hungria, o pai sírio se joga, com sua mulher e filho, nos trilhos da estação de Bicske. Eles achavam que o trem os levaria de Budapeste até Viena. Em vez disso, eles devem ser registrados pelas autoridades húngaras.
Foto: Reuters/L. Balogh
Quase lá
Centenas de refugiados do Iraque, da Síria e do Afeganistão decidiram ir a pé até a Áustria, caminhando pela rodovia. Eles esperaram durante dias por um trem na estação de Budapeste. A polícia, porém, bloqueia o trecho com frequência.
Foto: picture-alliance/dpa/B. Roessler
Finalmente a chegada
Estação central de Munique: a esperança de muitos refugiados está na chanceler federal da Alemanha, Angela Merkel. Diferente de outros países europeus, eles se sentem bem-vindos na Alemanha.