Refugiado sírio devolve 150 mil euros encontrados em armário
30 de junho de 2016
Muhannad M., que vive na Alemanha há nove meses, encontrou quantia dentro de guarda-roupa doado por instituição de caridade. "Eu não poderia ficar com esse dinheiro. Isso vai contra a minha fé", diz.
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Um refugiado sírio de 25 anos devolveu 150 mil euros que encontrou dentro de um guarda-roupa em Minden, no noroeste da Alemanha, noticiou o jornal Bild.
"Este homem merece reconhecimento e respeito", disse o porta-voz da polícia, Ralf Steinmeyer.
Muhannad M., da cidade síria de Homs, chegou à Alemanha há nove meses fugindo do conflito entre rebeldes e forças do regime do ditador Bashar al-Assad.
O técnico em comunicações passou por Turquia e Grécia antes de chegar à Alemanha. Ele teve o asilo reconhecido pelo governo alemão recentemente e foi alojado num apartamento de 30 metros quadrados em Minden.
O guarda-roupa foi um dos itens doados a Muhannad por uma instituição de caridade. Dentro, havia 50 mil euros em dinheiro e cadernetas de poupança no valor de mais de 100 mil euros. O jovem encontrou a quantia numa pequena divisória enquanto limpava o armário.
"Eram todas notas de 500 euros. Achei que fosse dinheiro falso", afirmou ao Bild.
Recompensa
Ao pesquisar na internet, ele se deu conta de que as notas eram verdadeiras, mas se recusou a ficar com o dinheiro. Ele levou os 150 mil euros ao departamento de estrangeiros mais próximo.
"Sou muçulmano. Não poderia ficar com esse dinheiro. Isso vai contra a minha fé", disse.
Com o dinheiro, ele poderia pagar a viagem dos irmãos mais novos para a Alemanha. "Alá nunca permitiria que os próprios interesses fossem financiados com os bens de um desconhecido."
A polícia tenta identificar o dono do dinheiro. Muhannad deve receber uma recompensa de 4.500 euros.
KG/bild
Viagem à Europa da perspectiva de refugiados
Exposição em Hamburgo mostra longa jornada do ponto de vista dos migrantes, resultado do projeto #RefugeeCameras. Risco, desamparo e raros momentos de alegria permeiam as imagens.
Foto: Kevin McElvaney/ProjectRefugeeCameras
Partida sem volta?
Em dezembro de 2015, o alemão Kevin McElvaney entregou 15 câmeras descartáveis e envelopes pré-selados a migrantes em Izmir, Lesbos, Atenas e Idomeni. Sete retornaram ao jovem fotógrafo e fazem parte do projeto #RefugeeCameras. Zakaria recebeu sua câmera em Izmir. O sírio fugiu do "Estado Islâmico" e do regime Assad. Em seu diário de fuga, ele escreve que só Deus sabe se ele voltará à Síria.
Foto: Kevin McElvaney/ProjectRefugeeCameras
Travessia de bote
Zakaria documentou sua viagem marítima da Turquia até a ilha grega de Chios. Ele ficou sentado na parte de trás do bote. Na exposição em Hamburgo, as imagens feitas por refugiados são complementadas por uma seleção de fotos tiradas por profissionais, que ajudaram a montar a representação das rotas de fuga. Todos eles doaram suas obras para apoiar o projeto.
Foto: Kevin McElvaney/ProjectRefugeeCameras
Chegada perigosa
Hamza e Abdulmonem, ambos da Síria, fotografaram a perigosa chegada de seu barco a uma ilha grega. Não havia voluntários para recebê-los. Foi justamente isso que McElvaney tinha em mente quando lançou a #RefugeeCameras. Segundo o jovem fotógrafo, até agora a mídia proporcionou somente um "vazio visual" a esse respeito.
Foto: Kevin McElvaney/ProjectRefugeeCameras
Sobrevivendo ao mar
Após o desembarque, vê-se um menino com roupas molhadas e colete salva-vidas numa praia. A imagem faz recordar Aylan Kurdi, o pequeno garoto sírio cujo corpo sem vida foi encontrado no litoral turco em setembro de 2015. A criança nesta foto conseguiu chegar viva à Europa. O seu destino é desconhecido.
Foto: Kevin McElvaney/ProjectRefugeeCameras
Sete câmeras
Hamza e Abdulmonem também tiraram esta foto instantânea levemente desfocada de um grupo de refugiados fazendo uma pausa. Das 15 câmeras que McElvaney entregou, sete retornaram, uma foi perdida, duas foram confiscadas, e duas permaneceram em Izmir, onde seus donos ainda estão retidos. As três câmeras restantes estão desaparecidas – assim como seus proprietários.
Foto: Kevin McElvaney/ProjectRefugeeCameras
Família em foco
Dyab, um professor de Matemática sírio, tentou registrar alguns dos melhores momentos de sua viagem até a Alemanha. Na foto, veem-se sua esposa e seu filho pequeno, Kerim, que nos mostra um pacote de biscoito que recebeu num campo de refugiados macedônio. A imagem revela a profunda afeição de Dyab por seu filho, diz McElvaney: "Ele quer cuidar dele, mesmo na árdua viagem que foi forçado a seguir."
Foto: Kevin McElvaney/ProjectRefugeeCameras
Do Irã à Alemanha
A história de Said, do Irã, é diferente. O jovem teve de deixar seu país, depois de ter se convertido ao cristianismo. Ele poderia ter sido preso ou morto. Para ser aceito como refugiado, ele fingiu ser afegão. Após a sua chegada à Alemanha, ele explicou sua situação, para a satisfação das autoridades. Ele vive agora – como iraniano – em Hanau, no estado de Hessen.
Foto: Kevin McElvaney/ProjectRefugeeCameras
Não apenas selfies
Said tirou esta foto de um pai sírio e seu filho num ônibus de Atenas a Idomeni.
Foto: Kevin McElvaney/ProjectRefugeeCameras
Momento de alegria
Em outro registro feito por Said, um voluntário que trabalha num campo de refugiados em algum lugar entre a Croácia e a Eslovênia brinca com um grupo de crianças, que tentam imitar seus truques.