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Malta: estação de espera

23 de novembro de 2007

Para muitos africanos a viagem em busca de um futuro melhor acaba no fundo do mar ou em reclusão. Presidente alemão quer que o tema migração seja abordado a mais longo prazo e em esforço conjunto.

Somalianas no centro para refugiados BalzanFoto: picture alliance/dpa

Na rota marítima oriental entre a África e a Europa navegam numerosos barcos de contrabandistas de seres humanos. E o que começou como o sonho de uma vida no Primeiro Mundo muitas vezes acaba em miséria, detenção e morte.

Travessia da morte

Jonas, de 28 anos, é um dos que tiveram mais "sorte". Ele não via motivo para permanecer em sua pátria, a Eritréia. Apesar de seu nível educacional relativamente alto e do trabalho para uma multinacional petrolífera, o que ganhava não bastava para alimentar a família. A ditadura tampouco lhe permitia expressar suas opiniões.

Assim, decidiu partir para a Europa pelo perigoso caminho marítimo, sem idéia do que o esperava. Muitos de seus companheiros de viagem desapareceram nas águas, outros morreram de exaustão.

Resgatado pela guarda de fronteiras, Jonas conseguiu chegar a Malta. O primeiro ano passou num campo de internamento para refugiados, em regime de reclusão. Atualmente se encontra num abrigo de transição, mantido pela Igreja Católica.

Distribuição por quotas

Malta: paraíso ameaçado?Foto: AP

Com cerca de três milhões de habitantes, a pequena ilha de Malta está nos limites de sua capacidade de acolhimento. Apesar disso, o país se permite manter uma política para refugiados relativamente liberal e humanitária.

Mais da metade dos migrantes recebe permissão de permanência por um período de transição, sobretudo os que vêm de regiões de conflito e guerra civil, como, por exemplo, a Somália. Porém, quase ninguém recebe asilo. Os que gozam de direito de permanência por motivos humanitários vão para instituições eclesiásticas como o abrigo de Balzan, onde também vive Jonas.

Malta exige uma distribuição de quotas de refugiados por todos os países da Europa, além de apoio financeiro e organizacional concreto no controle de fronteiras e costas. A agência européia de proteção de fronteiras Frontex tem essa atribuição, porém na prática os controles são falhos.

Ilha superlotada

O Estado maltês construiu três campos fechados de internamento. Superlotados, eles abrigam cerca de 800 imigrantes ilegais, muitas vezes por meses. Segundo o eritreu Jonas, o relacionamento com os malteses não é fácil. "Não há possibilidades de progredir aqui. Mesmo quem tem aptidões não consegue empregá-las. Aqui só tem trabalho não qualificado, trabalho duro", queixa-se.

Ele é o porta-voz dos refugiados em Balzan. Há pouco tempo, quando o presidente alemão, Horst Köhler, visitou o centro de refugiados em Malta, Jonas apelou com veemência: façam mais por nós, migrantes africanos, dividam a responsabilidade e tomem consciência de nós, finalmente.

Segundo Köhler, a única forma de enfrentar o tema migração seria a mais longo prazo e em esforço conjunto. A Europa precisa falar com uma voz no tocante à política para a África, exigiu o chefe de Estado em Malta. Só melhorando a situação nos países de origem será possível controlar a migração, disse Köhler. (us/av)

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